Poliomielite 2022: Com apenas 35% do público vacinado, campanha é prorrogada até dia 30 de setembro

Poliomielite 2022. Criança tomando vacina oral. Bandeira do Brasil ao fundo.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte com texto escrito em branco e vermelho, no canto esquerdo superior: “Poliomielite 2022”. Fotografia em preto e branco, mostra as mãos de profissional de saúde segurando o maxilar de uma criança enquanto aplica vacina por via oral. A bandeira nacional foi sobreposta digitalmente como plano de fundo. (Imagem: Edição de arte. Foto: Associated Press/Archive. Créditos: Fareed Khan)

Meta do Ministério da Saúde é imunizar 95% das crianças com menos de 5 anos de idade; saiba como é transmitida, quais são os sintomas e sequelas da doença sem cura que pode ser fatal

Com o mais baixo índice de adesão da história, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação foi prorrogada até o dia 30 de setembro. A ampliação do prazo, divulgada na terça-feira (06), tem o objetivo de aumentar as coberturas vacinais e a adesão da população nos cerca de 40 mil postos espalhados pelo país.

Desde o início da mobilização nacional, em 08 de agosto, somente 4 milhões de doses foram aplicadas. A campanha de vacinação seria encerrada nessa sexta-feira (09).

Neste artigo

Boa leitura!

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Poliomielite 2022: País em alerta

O Brasil não apresenta casos da poliomielite desde 1989 e recebeu o certificado de eliminação da doença em 1994. No entanto, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) alerta que o baixo índice de vacinação pode contribuir com a reintrodução do vírus no país. O cenário observado nos últimos anos preocupa especialistas.

“Aqui no país, nós temos um risco de reintrodução [do vírus] com esse cenário de baixa cobertura vacinal”, disse Caroline Gava, assessora técnica do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do PNI, na XXIV Jornada Nacional de Imunizações (SBIm 2022), realizada entre 07 e 10 de setembro, em São Paulo (SP).

“As últimas campanhas exclusivas [para a pólio] foram em 2018 e em 2020, onde já não alcançamos boas metas de cobertura vacinal. E hoje ela está muito aquém do que a gente desejaria”, acrescentou Caroline, na mesa que discutiu a situação da poliomielite no Brasil.

Grupo-alvo da mobilização

Para a campanha contra a poliomielite, o grupo-alvo são as mais de 14,3 milhões de crianças menores de cinco anos de idade. O objetivo é alcançar cobertura vacinal igual ou maior que 95%, além de reduzir o número de não vacinados de crianças e adolescentes menores de 15 anos, conforme o Calendário Nacional de Vacinação.

A imunização contra a pólio deve ser iniciada a partir dos 2 meses de vida, com mais duas doses aos 4 e 6 meses, além dos reforços entre 15 e 18 meses e aos 5 anos de idade.

VIP – vacina inativada injetável : É aplicada na rotina de vacinação infantil, aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade. Na rede pública as doses, a partir de um ano de idade, são feitas com VOP.

VOP – vacina atenuada oral : Na rotina de vacinação infantil nas Unidades Básicas de Saúde, é aplicada nas doses de reforço dos 15 meses e dos 4 anos de idade e em campanhas de vacinação para crianças de 1 a 4 anos.

Criança branca tomando vacinal oral contra a poliomielite.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto de criança branca com cabelos loiros tomando vacina. À esquerda, as mãos de profissional de saúde aplica vacina via oral e segura o maxilar da criança, que sorri e olha para a foto. (Foto: Reprodução/Reuters. Créditos: Amir Cohen)

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Multivacinação: Campanha é prorrogada

Para a campanha de multivacinação as vacinas disponíveis são: Hepatite A e B, Penta (DTP/Hib/Hep B), pneumocócica 10 valente, VIP (Vacina Inativada Poliomielite), VRH (Vacina Rotavírus Humano), Meningocócica C (conjugada), VOP (Vacina Oral Poliomielite), Febre amarela, Tríplice viral (Sarampo, Rubéola, Caxumba), Tetraviral (Sarampo, Rubéola, Caxumba, Varicela), DTP (tríplice bacteriana), Varicela e HPV quadrivalente (Papilomavírus Humano).

Estão disponíveis para os adolescentes, as vacinas HPV, dT (dupla adulto), Febre amarela, Tríplice viral, Hepatite B, dTpa e meningocócica ACWY (conjugada). Todos os imunizantes que integram o Programa Nacional de Imunizações (PNI) são seguros e aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As campanhas de vacinação coincidem com a imunização contra a COVID-19. Mesmo assim, as vacinas contra o coronavirus podem ser administradas de maneira simultânea ou com qualquer intervalo com as outras vacinas do Calendário Nacional, na população a partir de três anos de idade.

A atualização da situação vacinal aumenta a proteção contra as doenças imunopreveníveis, evitando a ocorrência de surtos e hospitalizações, sequelas, tratamentos de reabilitação e óbitos.

Poliomielite: Transmissão e sintomas

Também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo polivírus – vírus que vive no intestino capaz de infectar crianças e adultos. Podendo provocar causar ou não a paralisia, que ocorre com mais frequência em membros inferiores, nos casos mais graves pode paralisar os músculos respiratórios e ser fatal.

A doença pode ser transmitida por contato direto de pessoa a pessoa, mais frequentemente por via fecal-oral, por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes, ou pela via oral-oral, por meio de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar). A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.

Os sintomas mais frequentes são a febre, mal-estar, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos, rigidez na nuca e até mesmo meningite. Nas formas mais graves instala-se a flacidez muscular, que afeta, em regra, um dos membros inferiores.

Tratamento, sequelas e prevenção

Não existe tratamento específico, todas as vítimas de contágio devem ser hospitalizadas, recebendo tratamento dos sintomas, de acordo com o quadro clínico do paciente.

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As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente são motoras e não tem cura. As principais são:

> Problemas e dores nas articulações;
> Pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
> Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
> Osteoporose;
> Paralisia de uma das pernas;
> Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;
> Dificuldade de falar;
> Atrofia muscular;
> Hipersensibilidade ao toque.

As sequelas da poliomielite são tratadas através de fisioterapia, por meio da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas. Além disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações.

A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. 

Fontes:

Agência Brasil
Ministério da Saúde (Saúde de A a Z)
Fundação Oswaldo Cruz

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Rafael F. Carpi

Editor na Jornalista Inclusivo e na PCD Dataverso. Formado em Comunicação Social (2006), foi repórter, assessor de imprensa, executivo de contas e fotógrafo. É consultor em inclusão, ativista dedicado aos direitos da pessoa com deficiência, e redator na equipe Dando Flor e na Pachamen Editoria.

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