Desinformação sobre sexualidade para PcDs é tema de eBook da ASID Brasil e Instituto Mara Gabrilli

Arte com foto de cadeirante e texto, alinhado à esquerda: ASID Brasil e Instituto Mara Gabrilli - Combate à desinformação sobre sexualidade para PcDs.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte com foto e texto. Alinhado à esquerda: ASID Brasil e Instituto Mara Gabrilli: Combate à desinformação sobre sexualidade para PcDs. Ao lado aparece o espelho de Vênus (♀) e o escudo de Marte (♂), conhecidos como símbolo feminino e masculino, respectivamente. Na lateral direita da arte, fotografia de pessoa sentada em cadeira de rodas. Tem a pele branca e seu rosto não aparece. Essa pessoa usa calça escura, camiseta laranja e camisa xadrez. (Imagem: Edição de arte. Foto: Freepik)

Cartilha digital 'Vivências da Sexualidade na Deficiência e a Compreensão de Gênero' apresenta os principais mitos que dificultam a inclusão de pessoas com deficiência

A sexualidade é intrínseca aos seres humanos, mas a possibilidade de exercê-la dignamente não é a mesma para todos. Mais de 17 milhões de pessoas com deficiência (PcDs) precisam lutar para ter acesso a ela no Brasil. Seus corpos são percebidos como infantis, assexuais, hipersexuais, entre outras características, e essa distorção alimenta o preconceito e os estereótipos sofridos por eles.

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    Boa leitura!

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    Desinformação sobre sexualidade para PcDs

    Com o propósito de combater a desinformação sobre a relação entre sexualidade e gênero de pessoas com deficiência, a Ação Social para Igualdade das Diferenças (ASID Brasil) e o Instituto Mara Gabrilli produziram a cartilha “Vivências da Sexualidade na Deficiência e a Compreensão de Gênero”. O conteúdo foi elaborado pela neuropsicóloga Francisca Edinete e pelos assistentes sociais Rafael Fernandes e Anali Santos, e a análise e compilação de dados foram realizadas pelas assistentes sociais Bruna Morais e Maria Aparecida Valença.

    A ideia do projeto surgiu após uma capacitação sobre o tema denominada “Troca de Saberes”, promovida pela ASID, em parceria com o Instituto Mara Gabrilli, em novembro de 2020. Devido à demanda dos participantes por um material complementar, as organizações estruturaram a cartilha com os principais pontos e questionamentos apontados durante o encontro. “Aproveitamos tudo o que veio de insumo na capacitação, entre dúvidas e mitos”, explica Bruna Morais, do Instituto Mara Gabrilli.

    Sexualidade e gênero permeiam o cotidiano das pessoas com deficiência e de suas famílias e a cartilha é uma ferramenta com informações qualificadas acerca desses assuntos.  Embora o artigo 6° do Estatuto da Pessoa com Deficiência (LBI – Lei Brasileira de Inclusão Nº 13.146/2015) explicite que a deficiência não afeta os direitos sexuais e reprodutivos, há diversas falsas premissas a respeito da temática. Por isso, a proposta do documento é promover a compreensão de que esses aspectos integram o desenvolvimento humano e minimizar os obstáculos enfrentados pelas pessoas com deficiência.

    “Nossa responsabilidade como organização que atua em prol da inclusão social é trazer à tona e desmistificar assuntos muitas vezes considerados difíceis por pessoas com deficiência e familiares. Mais importante ainda é simplificá-los de forma que fique acessível a compreensão do assunto para o público-alvo”, afirma a diretora executiva da ASID, Isabela Bonet. 

    Pessoa mostra caderno com desenho da simbologia da diversidade dos gêneros masculino, feminino e a fusão deles, como transgênero.
    Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto colorida, em área externa, com uma pessoa. Ela segura com as duas mãos um pequeno caderno, onde desenhou a simbologia da diversidade dos gêneros masculino, feminino e a fusão deles, como transgênero. No centro, dentro de um círculo, o sinal de igual. A pessoa que mostra o desenho usa unhas coloridas na cor rosa e seu rosto não aparece. (Foto: Getty Images/iStockphoto. Créditos: nito100)

    Assexualidade e hipersexualidade estão entre os mitos debatidos

    O material enumera os principais desafios relacionados à conexão entre sexualidade e deficiência, como o estigma da incapacidade. Nele, a deficiência é considerada uma barreira para todas as áreas da vida, impedindo também o exercício satisfatório das relações afetivas. Um mito muito comum é o da assexualidade. Esse equívoco está diretamente vinculado à crença de que pessoas com deficiência são dependentes e infantis e, portanto, incapazes de usufruir de uma vida sexual.

    Outra falsa premissa é a da hipersexualidade, como se pessoas com deficiência fossem pervertidas e sentissem desejos incontroláveis. Com a normalização de padrões estéticos, o sexo é considerado uma performance de corpos que atendem esses pré-requisitos e aqueles com deficiência são vistos como pouco atraentes, indesejáveis e incapazes de conquistar um parceiro amoroso e sexual. 

    Há ainda a ideia de que a deficiência impede o sexo com penetração e o orgasmo, resultando em disfunções sexuais vinculadas ao desejo e ao clímax. “A deficiência pode até comprometer alguma fase da resposta sexual, mas isso não impede a pessoa de ter sexualidade e de vivê-la”, diz a cartilha. O último mito do documento é o de que a deficiência acarreta problemas no campo da reprodução como esterilidade, filhos com deficiência e dificuldade de cuidar dos descendentes.

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    Material enfatiza a importância do diálogo 

    Reprodução da capa da cartilha com o título, alinhado à direita: ‘Vivências da Sexualidade na Deficiência e a Compreensão de Gênero’.
    Descrição da imagem #PraCegoVer: Reprodução da capa da cartilha com o título, alinhado à direita: ‘Vivências da Sexualidade na Deficiência e a Compreensão de Gênero’. Arte colorida com ilustração de um casal. À esquerda, avatar de homem negro com óculos escuros, sugerindo deficiência visual. Está abraçando outro avatar de mulher com amputação em membro inferior esquerdo. Usa muleta de apoio. No canto direito inferior, logo da ASID Brasil – Ação Social para Igualdade das Diferenças. (Imagem: Reprodução. Créditos: Divulgação/ASID)

    No âmbito das questões de gênero, a cartilha comenta as expectativas sociais e como pessoas sem deficiência não estão imunes a elas. Ao diferenciar identidade de gênero, orientação sexual e expressão de gênero, a cartilha mostra a diversidade de vivências e possibilidades no campo das experiências afetivas. 

    É essencial destacar que a inclusão das pessoas com deficiência não ocorre apenas com o rompimento das barreiras físicas: ela também é fruto de atitudes comportamentais. O material evidencia a falta de um olhar direcionado para as necessidades das pessoas e que conhecimento e diálogo são instrumentos capazes de mudar esses estigmas.

    “Fortalecer o diálogo é indispensável, tanto com profissionais de saúde, como com a família, para não privar a pessoa com deficiência. Se os pais não se sentem à vontade, podem acionar postos de saúde”, esclarece Bruna.

    A falta de orientação sobre sexualidade e gênero deixa as pessoas com deficiência em uma posição de vulnerabilidade. Por isso, é preciso expor esses assuntos da maneira mais natural possível. Entre as dicas apresentadas para facilitar a abordagem estão: falar de forma clara, explicar sobre o corpo, higiene e cuidado, adaptar o assunto para a faixa etária e evitar fragilizar a pessoa.

    Sobre a ASID Brasil

    A ASID é uma organização social voltada à construção de uma sociedade inclusiva por meio de projetos de responsabilidade social, como voluntariado, inclusão no mercado de trabalho e desenvolvimento de gestão de organizações parceiras. Com mais de dez anos de atividades, tem mais de 100 mil pessoas impactadas e mais de 7 mil voluntários. A ASID também possui reconhecimento a partir de prêmios nacionais e internacionais, como o Melhores ONGs Época e o United People Global. Mais informações em https://asidbrasil.org.br/

    Sobre o Instituto Mara Gabrilli

    O Instituto Mara Gabrilli é uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de promover a inclusão de autonomia de pessoas com deficiência através de projetos de assistência social que resgatam a autonomia e dignidade dessas pessoas, e do suporte e instrução sobre seus direitos. O instituto atua há mais de 20 anos e é uma referência em inclusão, acessibilidade e promoção da cidadania das pessoas com deficiência. Mais informações em https://img.org.br/

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    Jornalista Inclusivo

    Da Equipe de Redação

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