Síndrome de Asperger na infância: Conheça sintomas, diagnóstico e tratamentos

Foto de criança negra com brinquedo colorido para ilustrar a síndrome de Asperger na infância.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte com foto e texto ilustrando matéria sobre síndrome de Asperger na infância. À esquerda da imagem, sobreposição do texto: “18 de fevereiro de 2022, Dia Internacional da Síndrome de Asperger”. Abaixo aparece o laço colorido formado por peças de quebra-cabeça, símbolo de campanhas sobre o Transtorno do Espectro Autista. A fotografia é de uma criança negra com cabelos black. Está debruçada sobre uma mesa, em ambiente interno, com a cabeça apoiada. Segura um brinquedo colorido e usa blusa verde. (Foto: Edição JI. Créditos: Robo Wunderkind/Unsplash)

Psiquiatra especialista diz que “vários sinais ajudam a identificar a síndrome de Asperger na infância”, condição que faz parte do Espectro Autista

O dia 18 de fevereiro foi instituído como o Dia Internacional da Síndrome de Asperger, com o objetivo de conscientizar a sociedade a respeito dessa condição. A data foi escolhida em homenagem ao aniversário de Hans Asperger, pediatra austríaco que descreveu a síndrome pela primeira vez em 1944.

De acordo com a nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), a síndrome de Asperger se tornou parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo considerada um tipo de autismo brando. Segundo dados do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), uma a cada 59 crianças em todo o mundo é acometida por esta condição.

Publicidade

Quais os sintomas na infância

Chamada de autismo leve ou autismo nível 1, ela provoca os mesmos sintomas do autismo clássico, mas em uma escala menor, afetando o neurodesenvolvimento, gerando dificuldade de comunicação e socialização, uso da imaginação para jogos simbólicos e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

“O transtorno pode ser identificado na infância, sendo mais comum em meninos do que em meninas e não tem relação com etnia ou raça, nem com padrão social”, afirma a Dra. Danielle H. Admoni , psiquiatra da Infância e Adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Segundo ela, o diagnóstico começa pela observação do comportamento da criança:

“Ela costuma ter atitudes incomuns, como empurrar uma pessoa para atrair atenção ou falar sem parar sobre um único assunto, sem perceber se a outra pessoa está interessada a ouvir”

Psiquiatra Dra. Danielle Admoni, mulher branca de cabelos castanhos fala sobre a síndrome de Asperger na infância.

Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto colorida, em ambiente interno, da psiquiatra Dra. Danielle H. Admoni (UNIFESP e ABP). A médica tem pele clara e cabelos castanhos um pouco abaixo dos ombros. Usa jaleco branco por cima de uma camisa bordô, está com os braços cruzados e um leve sorriso. (Foto: Reprodução. Créditos: Assessoria de Comunicação)

Além destes, há vários sinais que identificam a condição:

  • Ao falar com alguém, não olha nos olhos. Costuma observar outras partes do corpo da pessoa, menos os olhos;
  • Tem dificuldade com a comunicação não verbal: não gesticula ao falar, tem expressões faciais limitadas e inexpressivas, e olhar fixo característico;
  • Costuma ter uma linguagem excessivamente formal ou monótona;
  • É desorganizado e tem dificuldade para resolver e finalizar tarefas, incluindo o trabalho escolar;
  • Tem movimentos motores descoordenados;
  • Costuma ser muito sensível a ruídos, odores, gostos ou informações visuais, podendo gerar irritação;
  • Tem dificuldade para identificar quando alguém está provocando ou fazendo ironias;
  • Tem rotinas e rituais repetitivos, e fica muito incomodado ou desconfortável quando sua rotina muda. 

Diagnóstico e tratamentos

Para a psiquiatra, reconhecer que uma criança tem o transtorno é desafiador, já que os sinais são subjetivos, principalmente entre as crianças:

“Daí a importância da observação atenta dos pais e educadores. Apesar de não se tratar de uma doença, o transtorno requer uma identificação precoce para que a criança consiga desenvolver suas competências sociais o quanto antes”, alerta a especialista.  

Tanto o diagnóstico como o tratamento exigem a participação de uma equipe multidisciplinar, envolvendo fonoaudiólogo, psiquiatra, psicólogo e neurologista. Como o transtorno não tem cura, os objetivos dos tratamentos são controlar os sintomas, melhorar a interação social e trabalhar possíveis dificuldades de aprendizagem. 

Segundo Danielle Admoni, as crianças com esta condição têm a capacidade cognitiva preservada e dificilmente apresentam comportamentos agressivos:

“Muitas crianças demonstram inteligência média ou acima da média, e não têm uma deficiência total de competências linguísticas. Por isso, embora precisem de auxílio para processar a linguagem, algumas conseguem se expressar muito bem, chegando à vida adulta com um bom grau de independência, mesmo com dificuldade para interagir socialmente”.

Criança branca com fone de ouvido e olhar vago.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto colorida, em ambiente interno, de uma criança. Tem pele clara e cabelos castanhos claros. Usa um fone do tipo headset e blusa florida. Ela está olhando para o lado e não para quem está fotografando. (Foto: Reprodução. Créditos: Alireza Attari/ Unsplash)

Apoio familiar

Os cuidados da família com a criança são cruciais para o seu desenvolvimento:

  • Estabeleça horários/limites para aquelas atividades repetitivas e sugira outras tarefas;
  • Estabeleça horários para as atividades cotidianas, como fazer lição de casa, refeições, tomar banho, dormir, entre outras;
  • Seja bem claro nas instruções;
  • Use palavras simples e precisas;
  • Evite usar expressões figurativas;
  • Se for preciso, repita quantas vezes forem necessárias;
  • Não fale alto e tampouco gritando;
  • Não faça ameaças ou promessas em vão;
  • Parabenize a criança por suas realizações, especialmente as sociais. 

“Vale lembrar que o apoio e a transparência da família nesse processo são de extrema importância para que a criança se sinta acolhida e amada, aprendendo desde cedo a valorizar seus pontos fortes e entender que diferenças não são fraquezas”, finaliza Danielle Admoni.

Picture of Rafael F. Carpi
Rafael F. Carpi

Editor na Jornalista Inclusivo e na PCD Dataverso. Formado em Comunicação Social (2006), foi repórter, assessor de imprensa, executivo de contas e fotógrafo. É consultor em inclusão, ativista dedicado aos direitos da pessoa com deficiência, e redator na equipe Dando Flor e na Pachamen Editoria.

LinkedIn
• Siga nas redes sociais:

Este post tem um comentário

Deixe um comentário