Festival Acessa BH: Ampliando e fortalecendo o acesso à arte

Arte do Festival Acessa BH, com descrição na legenda.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte em fundo branco e o título: Festival Acessa BH, Edição Online. Abaixo, a data: 01 a 05 de junho | 2021. Na sequência aparecem os símbolos de acessibilidade em Libras, Audiodescrição e Opened Caption (legendas visíveis). Entre as informações, linhas e formas geométricas coloridas. Créditos: Divulgação

Edição online e gratuita apresenta espetáculos de dança e teatro protagonizados por artistas com deficiência

Até sábado, 05 de junho, Festival Acessa BH apresenta diferentes perspectivas de produção artística e alternativa de vivenciar a arte por meio de experimentações sensoriais inusitadas

Apresentar diferentes perspectivas de produção artística e alternativas de vivenciar a arte por meio de experimentações sensoriais inusitadas, dando protagonismo às pessoas com deficiência. Essa é a proposta do Festival Acessa BH, que tem a sua primeira já acontecendo de forma online e gratuita, desde terça-feira (01) até sábado, 05 de junho de 2021, sempre às 20h, no canal do evento no YouTube (www.youtube.com/AcessaBH ). Ao todo, serão apresentados cinco espetáculos de dança e teatro, de artistas com deficiência ou grupos que possuem artistas com deficiência, reconhecidos nacionalmente. 

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Inicialmente pensado para ocorrer de forma presencial em Belo Horizonte (MG), o Festival teve que se adaptar ao formato online, devido à pandemia da COVID-19. A ideia do Festival surgiu quando Lais Vitral, gestora e produtora cultural, se deparou com os dados do Censo 2010 realizado pelo IBGE, onde cerca de 24% da população brasileira declarou ter algum grau de dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), ou possuir deficiência intelectual. 

O Festival Acessa BH se realiza também com o intuito de ampliar, fortalecer o alcance e contribuir para que se faça cumprir o que rege a Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência , de 6 de julho de 2015; e a Lei nº 13.146 – Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência), nos quais ambos trazem em seus documentos normativos, termos relativos de acesso à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer das pessoas com deficiência.

“Com o Festival Acessa BH queremos trazer a discussão para o campo artístico e cultural no que se refere à sensorialidade e à inclusão por meio de diferentes obras artísticas e de diferentes linguagens. Entendemos que as pessoas com deficiência também são artistas e podem e devem estar nos palcos, mas que ainda não ganham o mesmo espaço para mostrarem sua arte. Queremos oferecer esse palco, dando todo o suporte para dar visibilidade a estes artistas”, explica Lais Vitral. 

Fotografia de Lais Vitral, criadora do Festival Acessa BH. Mulher branca de cabelos longos avermelhados.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia colorida, em ambiente interno, do rosto da Laís Vital. Mulher de pele clara, cabelos longos ondulados em tom avermelhado. Usa óculos de grau e camiseta preta. Atrás dela há uma parede clara com um quadro. Créditos: Acervo pessoal

Na programação, que segue até final de semana, a abertura contou com a montagem de dança “Corpo sobre tela”, com Marcos Abranches, de São Paulo (SP), na terça-feira (01); já na quarta (02) será apresentado “Motus”, pela Cia Ananda de Dança Contemporânea (Belo Horizonte/MG); no dia 3, é o espetáculo teatral “Ícaro”, com Luciano Mallmann (Porto Alegre/RS); na sexta (4) são os dançarinos Victor Alves e Oscar Capucho (Belo Horizonte/Vespasiano/MG), com “E a cor a gente imagina”. Encerrando a programação, no sábado (05/maio), com “Proibido Elefantes” do grupo Giradança (Natal/RN) . 

Toda programação tem audiodescrição, legendas, acessibilidade em Libras. =)

“Propomos um evento inclusivo, acessível e democrático, não só para o público com deficiência, mas também para os artistas e profissionais com deficiência. A curadoria buscou espetáculos compostos por artistas que dialogam com as diversas potencialidades, habilidades e limitações que cada corpo possui. Obras que fazem refletir direta ou indiretamente sobre a questão do corpo/mente com deficiência e desafiam os limites que os sentidos possuem” explica Lais Vitral, curadora e idealizadora do Festival Acessa BH. 

O “Festival Acessa BH” é uma realização de Lais Vitral, com recursos da Lei Aldir Blanc , via Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais – SECULT/MG. 

Lais Vitral é gestora, produtora e parecerista de projetos culturais. Atualmente, coordena e produz, em parceria com a Vitral Bureau Cultural, o projeto Cultura & Cidadania Circula, que realiza diversas atividades culturais (apresentações de artes cênicas, cinema e oficinas culturais) em sete cidades do Campo das Vertentes, sendo também responsável pela curadoria do projeto desde seu início em 2016. Coordenadora de produção do Feed Dog Brasil – Festival Internacional de Documentários de Moda em Belo Horizonte, desde 2018. Idealizadora e coordenadora geral do projeto Acessa BH – Festival e Seminário pautados na acessibilidade e no protagonismo da pessoa com deficiência nas artes. É Bacharel em Turismo (PUC-Minas) e especialista em Gestão do Patrimônio Histórico e Cultural, com ênfase em Gestão de Projetos Culturais (UFMG).

Festival Acessa BH: Ampliando e fortalecendo o acesso à cultura

PROGRAMAÇÃO:

  • 01/06 – Terça-feira, às 20h: “Corpo sobre tela” – Marcos Abranches – São Paulo/SP

Duração: 26 minutos / Classificação indicativa: Livre

Sinopse: Inspirado na vida e obra do pintor irlandês Francis Bacon, “Corpo sobre tela” é um espetáculo de dança que tem a concepção, coreografia e direção de Marcos Abranches. A proposta é conjugar o caráter figurativo, ilustrativo e narrativo que as cores no corpo de Abranches possam codificar. A obra traz para a cena gestos singulares do dançarino que expressam dramaticidade impregnados de cores e sentimentos inquietantes.

Foto de uma homem coberto de tinta ao de uma tela de pintura.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia mostra um homem sem camiseta, coberto de tintas em tona azuis. Ele está de perfil, olhando para o lado, onde há uma tela de pintura abstrata. Créditos: Juan Espinoza

Marcos Abranches iniciou sua carreira artística em 2001 com a FAR-15 Cia. de Dança sob a direção de Sandro Borelli. Em 2005, envereda pela carreira independente, criando trabalhos em colaboração com diversos artistas da cena contemporânea. Além das experiências com diretores e coreógrafos brasileiros, trabalhou com criadores europeus, entre eles Gerda König e Christoph Schlingensief, além do norte-americano Alito Alessi, precursor do Contato Improvisação para pessoas com deficiência nos EUA na década de 1980/90. Participa de inúmeros festivais e mostras de dança no Brasil e no exterior, acumula em sua trajetória independente as seguintes obras: Ciclo de Vida, D… Equilíbrio, Formas de Ver, O Grito, Corpo Sobre Tela, Canto dos Malditos e O Idiota.

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  • 02/06 – Quarta-feira, às 20h: “Motus” – Ananda Cia de Dança Contemporânea – Belo Horizonte/MG 

Duração: 18 minutos / Classificação indicativa: 16 anos

Sinopse: “Motus” é um projeto de criações coreográficas que entrelaça poema, dança e a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Nasce do encantamento da Cia Ananda de Dança Contemporânea pelas línguas de sinais, enquanto movimento, e do desejo de explorar experiências artísticas fundadas na diferença. E, para isso, as transforma numa forma poética de dança, criando uma nova linguagem estética. Para este trabalho, o grupo escolheu o poema “Congresso Internacional do Medo”, de Carlos Drummond de Andrade, para inspirar o processo de criações coreográficas. O poeta fala do medo. Este medo tão presente, hoje, que nos imobiliza, esteriliza, estanca e engole – seja no plano individual ou coletivo. Por meio desta criação singular, o grupo também discute a questão de racismo, gênero e sexualidade. 

Fotografia de uma pessoa na rua, com descrição na legenda.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia em ambiente externo, de um ponto alto para baixo. A imagem mostra uma pessoa negra, cabelos crespos pretos, usando máscara hospitalar preta e camisa bordo. A pessoa está em uma rua de asfalto, com a cabeça inclinada para atrás, com olhos fechados e um braço para o alto. Ao seu lado há um pneu com a palavra “borracharia”. Créditos: Gilberto Goulart

Cia Ananda foi fundada no Brasil, em 2017, pela dançarina e coreógrafa Anamaria Fernandes, juntamente com 20 outros artistas. A cia promove múltiplas atividades: espetáculos de dança contemporânea, oficinas temáticas, formações, palestras e criações de filmes. Todas essas ações compartilham uma abordagem artística comum: a estética da diferença, a estética da diversidade. Através de seu trabalho de criação e oficinas, a Cia Ananda funda sua pesquisa e ações em torno da investigação gestual e vocal, da autoralidade, da noção do encontro, da diversidade, do compartilhamento e da acessibilidade. Ela confere uma atenção especial aos públicos que enfrentam dificuldades de acesso à direitos sociais e culturais fundamentais.

  • 03/06 – Quinta-feira, às 20h: “Ícaro” – Luciano Mallmann – Porto Alegre/RS 

Duração: 1h 10min / Classificação indicativa: 14 anos

Sinopse: “Ícaro” é um monólogo teatral formado por depoimentos ficcionais de pessoas cadeirantes, construído a partir da visão, experiências e percepções sobre a deficiência do autor e ator Luciano Mallmann, que também se tornou um lesado medular ao sofrer um acidente. “Ícaro” segue a linha teatro documental, misturando realidade e ficção, a partir de temáticas universais como relacionamentos interpessoais, abandono, maternidade e preconceito. Mallmann desdobra-se em 6 histórias, sendo cada uma delas um depoimento de um personagem que sofreu um determinado tipo lesão medular. Dirigida por Liane Venturella, a encenação de “Ícaro” é simples, sensível e direta na abordagem da fragilidade humana a qual todos estamos expostos.

Homem branco em cadeira de rodas. Descrição na legenda.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Na fotografia, em fundo preto, um homem de pele branca, com barba, cabelos e bigode grisalhos. Ele está sentado em cadeira de rodas, sorrindo, e com os dois braços abertos. Créditos: Renato Domingos

Luciano Mallmann é um ator e produtor gaúcho, nascido em Cachoeira do Sul. Iniciou sua trajetória em 1993, dirigido por Zé Adão Barbosa, com o espetáculo “O Despertar da Primavera”. No Rio de Janeiro, participou dos espetáculos “A Dama do Cerrado” (1996), direção Mauro Rasi; “Os Duelistas” (2001), direção de Jorge Fernando e “O Circo Fantástico”, direção Fábio Florentino (2004). Em 2004, sofreu um acidente e teve uma lesão medular, passando a usar cadeira de rodas. Voltou a morar em Porto Alegre e, em 2011, produziu e atuou no espetáculo “A Mulher Sem Pecado”, de Nelson Rodrigues, dirigido por Caco Coelho. Em 2017, escreveu e produziu o espetáculo “Ícaro”, onde atua sob a direção de Liane Venturella. O espetáculo já realizou temporadas em Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo e fez parte da programação dos principais festivais de teatro do Brasil. No cinema, Luciano Mallmann atuou nos filmes “Bio”, direção de Carlos Gerbase (2019) e “Divino Amor”, direção de Gabriel Mascaro (2019). 

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  • 04/06 – Sexta-feira, às 20h: “E a cor a gente Imagina” – Victor Alves e Oscar Capucho – Belo Horizonte/Vespasiano/MG

Duração: 45 minutos / Classificação indicativa: Livre 

Sinopse: “E a cor a gente imagina” fala das diferenças e relações entre o corpo cego e o corpo que enxerga, em um mundo predominantemente visual. O trabalho lança luz sobre aspectos da memória e da imaginação criativa – a despeito de uma intensa privação perceptual – apoiando-se tanto nas atividades cotidianas quanto extraordinárias da pessoa com deficiência visual. Dialogando sobre as perguntas a que o cego é submetido, seja por curiosidade ou preocupação, surgiu o desejo de respondê-las, em forma de movimento e crônica poética.

Fotografia com dois homens dançando, e descrição na própria legenda.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia em ambiente interno, com duas pessoas no palco, dançando. Na lateral esquerda, homem branco com cabelos castanhos. Usa calça azul e camiseta regata vermelha. Na outra lateral, outro homem, de pele preta, com cabelos crespos. Ele usa calça clara e camiseta branca, cinza e vermelha. Créditos: ©Fernanda Abdo

Victor Alves é quem assina a direção do espetáculo “E a cor a gente imagina”. Artista do corpo versátil e oriundo das danças da Cultura Hip Hop. Vic é idealizador e diretor da Laia Cia. de Danças Urbanas e do Espaço Laia de Danças Urbanas, em Belo Horizonte/Minas Gerais e empreende através da dança, atuando em variados projetos como intérprete dançarino, diretor artístico, produtor e professor. 

Oscar Capucho é formado em teatro pela UFMG. Iniciou sua carreira atuando no grupo “Nós Cegos” e, posteriormente, já com experiência, recebeu convites para dirigir trabalhos teatrais. Um curioso pesquisador do movimento, sempre se inspirou na dança, a qual lhe proporcionou diversas experiências com importantes artistas e uma relevante participação na cerimônia de abertura das Paraolimpíadas Rio-2016. Hoje, componente da Cia. Ananda, compartilha sua pesquisa ministrando workshops e residências artísticas pelo Brasil e Europa.

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  • 05/06 – Sábado, às 20h: “Proibido Elefantes” – Giradança – Natal/RN 

Duração: 55 minutos / Classificação indicativa: 14 anos

Sinopse: “Proibido Elefantes” é um espetáculo que fala do olhar como via de acesso, porta de entrada e saída de significados. O modo como percebemos a “realidade” é resultante do diálogo que estabelecemos com esta: nosso olhar é constituído pela realidade assim como a realidade é constituída pelo nosso olhar – a construção do sentido transita em via de mão-dupla. O olhar enquanto apreensão subjetiva do mundo é, neste trabalho, apontado como elemento potencializador do sujeito diante do mesmo. Proibir elefantes é restringir o acesso, impedir o livre trânsito do animal que serve como meio de transporte na Índia, mas que causaria enormes transtornos em outras localidades. Proibir elefantes, neste espetáculo, é proibir o olhar que ressalta as limitações, os impedimentos; que duvida da capacidade do sujeito frente à adversidade. Proibir elefantes, aqui, é apostar no olhar do sujeito sobre si e sobre o mundo em que vive como elemento ressignificador e instaurador de realidade.

Foto bio Giradanca Brunno Martins Festival Acessa BH: Ampliando e fortalecendo o acesso à arte
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia em ambiente interno, com seis pessoas diversas sentadas no palco, com as pernas cruzadas e as palmas das mãos no chão. São três homens, dois deles sem camiseta, e três mulheres. Créditos: Bruno Martins

Giradança é uma companhia de dança contemporânea formada por bailarinos com corpos diferenciados que tem como proposta artística ampliar o universo da dança através de uma linguagem própria, voltada para o conceito do corpo como ferramenta de experiências. A companhia, sediada em Natal/RN em 2005, foi fundada pelos bailarinos Anderson Leão e Roberto Morais, teve sua estreia nacional na Mostra Arte, Diversidade e Inclusão Sociocultural, realizada no Rio de Janeiro, em maio de 2005 e, desde então, tem apresentado em palcos de todo o Brasil um trabalho que rompe preconceitos, limites pré-estabelecidos e cria novas possibilidades dentro da dança contemporânea. Aliado ao trabalho corpóreo, a companhia usa sua arte para instigar nos espectadores a discussão sobre os limites do corpo, além de desenvolver ações sociais, dentre as quais estão à realização de palestras e oficinas em instituições de ensino e organizações corporativas.

SERVIÇO:

  • O que: Festival Acessa BH
  • Quando: De 01 a 05 de junho de 2021, terça-feira a sábado, sempre às 20h
  • Onde: www.youtube.com/AcessaBH  
  • Quanto: Gratuito

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