PL 1.052 quer alterar a Lei de Cotas e preocupa entidades

Arte com cadeirante e descrição na legenda do texto PL 1.052 quer alterar a Lei de Cotas.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Texto “PL 1.052 quer alterar a Lei de Cotas” ilustrado por arte colorida com texto e fotografia. Em destaque, em fonte translúcida, a hashtag #NÃOAOPL1052 e o texto: “Lei de cotas, trabalho: Um direito de todos”. Na lateral esquerda, mão segurando uma carteira de trabalho, customizada com o símbolo de um cadeirante. Como plano de fundo, desfocado, pessoa de terno e gravata, em cadeira de rodas cumprimentando outra pessoa. Créditos: Ed. JI

Instituições da Rede-In assinam manifesto contrário ao Projeto de Lei

Apresentado pelo Senador Vanderlan Cardoso (PSD/GO), o Projeto de Lei – PL 1.052 quer alterar a Lei de Cotas, podendo afastar ainda mais as pessoas com deficiência da esfera social

Às vésperas do Dia do Trabalho, 1º de maio, a eventual aprovação do Projeto de Lei (PL Nº 1.052/2020 ) que altera a Lei de Cotas (Lei Nº 8.213/91) é um motivo a menos para comemoração e acende um alerta para a possibilidade de um grande retrocesso no que diz respeito aos direitos das pessoas com deficiência. A Lei de Cotas determina que de 2% a 5% dos colaboradores – em empresas com mais de 100 funcionários – sejam pessoas com deficiência.

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O Projeto de Lei nº 1.052/2020 propõe que pais ou responsáveis legais das pessoas com deficiência sejam contratados em caso de não existirem pessoas com deficiência habilitadas ao cargo. O PL não explica como será realizada essa avaliação de habilidade ou não dessas pessoas. Por isso, a Rede Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Rede-In), composta por 16 entidades da sociedade civil organizada, assinam manifesto contra o PL. A ação é liderada pelo Instituto Jô Clemente, antiga Apae de São Paulo, que desde sua fundação, há 60 anos, luta pela inclusão social nas mais variadas esferas da sociedade, como a do trabalho.

Segundo dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 24% da população brasileira têm algum tipo de deficiência, sendo que desse total apenas 1% está empregada. Ainda que consideremos a releitura desses números, segundo a Nota Técnica 01/2018 do IBGE, a população com deficiência seria de 6% do total da população brasileira, o que representaria cerca de 12 milhões de pessoas, contingente muito inferior aos 480 mil que formalmente trabalham, o que mostra a falha na inserção dessas pessoas no mercado de trabalho.

Em outro estudo, feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 2019, 486.756 pessoas com algum tipo de deficiência estavam empregadas no país, número próximo ao da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2018, que indicam que cerca de 441 mil estão empregadas pela Lei de Cotas e ainda há quase 400 mil vagas desocupadas. 

O manifesto completo pode ser acesso no link: www.ijc.org.br/pt-br/noticias/Paginas/nota-contra-o-projeto-de-lei-que-altera-a-lei-de-cotas.aspx

Arte descrita na legenda do texto "PL 1.052 quer alterar a Lei de Cotas".
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte colorida com fundo cinza e o título: Nora contra o Projeto de Lei Nº 1.052/2020 que altera a Lei de Cotas (Lei 8.213/9). No canto esquerdo superior o logo da Rede-In. Na lateral direita, fotografia de mão branca segurando um megafone nas cores branca e vermelha. À esquerda, como que se estivessem saindo do megafone, as seguintes frases: “Não à alteração da Lei de Cotas”, “Direito ao trabalho para as pessoas com deficiência” e “Pela defesa da inclusão”. No rodapé, a hashtag: #NãoAoPL1052. Créditos: Reprodução/ Facebook Rede-In

Taxa de retenção de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho é de 90%

Ainda que em um cenário delicado de pandemia, em 2020, o Instituto Jô Clemente realizou a inclusão de 345 jovens e adultos em novos postos de trabalho. Nos últimos anos, a taxa de retenção destas pessoas tem sido de 90%. Em 2020, com a pandemia, em um trabalho em conjunto com as empresas, foi possível adaptar as vagas ao sistema home-office, o que auxilia a incluir mais esses jovens, já que as pessoas com deficiência intelectual também pertencem ao grupo de risco para a Covid-19. Desde 2013, quando implementou a metodologia do emprego apoiado, o Instituto Jô Clemente já inseriu em mais de 50 empresas e órgãos públicos cerca de 2.800 pessoas com deficiência intelectual.

Instituto Jô Clemente participa de implementação da metodologia do emprego apoiado em Santarém (PA)

Iniciado em 2020, o Projeto Bem Viver – Agentes Diocesanos de Inclusão, fruto de parceria entre a Brasa (Brasil, Saúde e Ação – Cooperar para Incluir), Aifo (Associação Italiana Amigos de Raoul Follereau – responsável pelo projeto), Instituto Jô Clemente, Adefis (Associação dos Deficientes Físicos de Santarém) e Cheisa Cattolica (Conferência Episcopal Italiana), encerrou o ano com 20 agentes diocesanos de inclusão capacitados para apoiar, por meio de projetos de inclusão social e promoção de autonomia, pessoas com deficiência física que buscam emprego em Santarém (PA) e cidades vizinhas. Outros quatro agentes foram formados na última semana. Até o final do projeto, devem ser formados 60 agentes.

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O projeto utiliza a metodologia do emprego apoiado, que por meio dos agentes formados, auxiliam na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, realizando a ponte entre empresa e indivíduo. A iniciativa, que deve ter duração de três anos, atua na perspectiva cultural e de ação sócio-inclusiva, com o intuito principal de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, investigando sobre as possibilidades de desenvolvimento social existentes em Santarém que visa criar possibilidades futuras.

Live aborda a importância do tema para a Sociedade

Para falar mais sobre o tema, em 3 de maio, o Instituto Jô Clemente realizará uma live no Facebook (facebook.com/institutojoclemente ). O evento contará com a participação de Flavio Gonzalez, executivo de Negócios Sociais do IJC, Victor Martinez, supervisor do Serviço de Inclusão Profissional e Longevidade do IJC, Patrícia Stankowich, mestre em Psicologia da Saúde, escritora e palestrante, e professor Romeu Sassaki, consultor em Inclusão.

Homem branco, com cabelos pretos, e deficiência intelectual nas Eleições 2020, mostrando o título eleitoral.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Homem branco com cabelos pretos e deficiência intelectual, está em frente à entrada do Instituto Jô Clemente, exibindo o seu título de eleitor. Ele está sorrindo e fazendo um sinal de Ok, com o dedo polegar. Usa óculos de grau, camiseta branca e colete xadrez. Créditos: Divulgação IJC

SOBRE O INSTITUTO JÔ CLEMENTE

O Instituto Jô Clemente é uma Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos que há 60 anos previne e promove a saúde das pessoas com deficiência intelectual, além de apoiar a sua inclusão social e a defesa de seus direitos, produzindo e disseminando conhecimento. Atua desde o nascimento ao processo de envelhecimento, propiciando o desenvolvimento de habilidades e potencialidades que favoreçam a escolaridade e o emprego apoiado, além de oferecer assessoria jurídica às famílias acerca dos direitos das pessoas com deficiência intelectual. Pioneiro no Teste do Pezinho no Brasil e credenciado pelo Ministério da Saúde como Serviço de Referência em Triagem Neonatal, o Laboratório do Instituto Jô Clemente é o maior do Brasil em número de exames realizados e oferece, atualmente, o Teste do Pezinho Ampliado na rede pública do município de São Paulo, contemplando o diagnóstico preoce de até 50 doenças, incluindo dezenas de condições raras. Por meio do CEPI – Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação do Instituto Jô Clemente, a Organização gera e dissemina conhecimento científico sobre deficiência intelectual com pesquisas e cursos de formação.  

Mais informações pelo telefone (11) 5080-7000 ou pelo site: www.ijc.org.br

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