Tour Acessível na Stock Car: “Lembrei quando torcia com meu pai pelo Ayrton Senna”, diz mulher cega

Arte de capa com foto de Airton Senna dentro do carro e sobreposição de foto do rosto de Magda Paiva, no Tour Acessível na Stock Car.
Magda Paiva, mulher cega de 46 anos, participa de Tour Acessível na Stock Car. (Imagem: Edição de arte. Foto: Assessoria de imprensa Claro/ Getty Images)

Pessoas cegas, com baixa visão, surdas e com tetraplegia conheceram de perto os boxes e carros da Stock Car, em iniciativa da Claro

Promovendo a inclusão social através de uma experiência imersiva e única dentro do mundo do automobilismo brasileiro, a Claro realizou um ‘Tour Acessível’ durante a final da Stock Car, no dia 11 de dezembro. Na ocasião, com recursos de acessibilidade, pessoas com deficiência visitaram os boxes do Autódromo de Interlagos e parte da estrutura dos bastidores.

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Boa leitura!

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Tour acessível na Stock Car

As pessoas que participaram dessa iniciativa tiveram auxílio de intérprete de Libras, audiodescrição e guias para pessoas com deficiência física, garantindo um ambiente acessível a todas as pessoas. Durante a visitação, essas pessoas tiveram acesso aos boxes e conheceram de perto os carros, equipes e marcas que compõem a competição automobilística.

“Proporcionamos para um público diverso uma experiência única e inimaginável para muitos que estavam no tour. Pessoas com e sem deficiência puderam vivenciar, cada um à sua maneira esse momento e, com isso, ter um sentimento de pertencimento e inclusão”, afirma Andrea Campos, diretora de experiência do cliente da Claro.

Lugar de fala

O professor, jornalista e radialista Marcus Aurélio de Carvalho estava presente na visitação. Ele é cego do olho direito e possui baixa visão no olho esquerdo. Segundo Marcus, a experiência de participar dessa ação é a prova de que é possível vivenciar um mundo inclusivo em qualquer evento.

“Nós acreditamos em uma sociedade de inclusão plena e absoluta e esse evento promovido pela Claro é uma prova disso”, afirma Marcus, que é diretor e apresentador na Rádio ONCB – Organização Nacional de Cegos do Brasil. (Confira o vídeo ao final do texto).

Além do jornalista Marcus Aurélio e sua esposa Luciana, também esteve presente no ‘Tour Acessível’ o palestrante e consultor tetraplégico Marco Antônio Pellegrini. Ex-Secretário Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Pellegrini conta que o ponto alto foi a oportunidade de conhecerem os detalhes de um carro de corrida.

“Durante a visita eles aceitaram abrir um carro para a Magda Paiva (mulher cega) e o jornalista Marcus tatearem o veículo. O cockpit de um carro de corrida é sagrado, é ajustado sob medida e ninguém põe a mão”, conta. “Isso gerou uma sensação muito positiva. Todos ficaram tocados ao ver a emoção da Magda conhecendo o carro”, completa Pellegrini, que também se aventura nas pistas do ‘antigomobilismo’.

Assessora parlamentar Magda tateando o carro no Tour Acessível na Stock Car.
Descrição da imagem #PraGeralVer: A assessora parlamentar Magda Paiva, à esquerda da foto, está tateando a frente de um carro no boxe em Interlagos, com auxílio de outra pessoa. Ela é branca, tem cabelos longos presos e usa um boné branco. Com a mão direita segura sua bengala. Ao fundo, soorindo, o professor, jornalista e radialista Marcus Aurélio de Carvalho. (Foto: Reprodução. Créditos: Assessoria de imprensa Claro)

Paisagem sonora

Magda, 46 anos, que participou do evento com seu marido Marcos Paiva, conta que a experiência foi muito legal porque nunca enxergou uma pista de corrida. 

“Foi completamente novo. Eu ouvia os barulhos das corridas na TV, quando meu pai acompanhava. Eu não era muito de assistir, mas a gente torcia pelo Ayrton Senna. O Brasil parava quando ele corria. Então, o que eu tinha de imagem, que na verdade era uma lembrança auditiva, eram os barulhos dos carros na pista”, recorda.

“A Claro foi muito legal por proporcionar essa experiência de estar lá durante a corrida, no camarote. Antes das corridas a gente conseguiu entrar em dois boxes boxes e pudemos conhecer tocar os carros, olhar o banco e outros detalhes”, diz. “Ouvir os carros passando foi super emocionante, vibrante, eu adorei”, conta.

“Até me chamaram entregar um troféu a um dos ganhadores daquela corrida.  Fiquei muito feliz, pois enquanto pessoa cega ter esse tipo de visibilidade é muito importante, né? Entreguei o troféu e logo estava lá com a minha bengala. Foi ótimo”, completa Magda.

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Do interior do Paraná, Magda nasceu com glaucoma irreversível e ficou cega aos doze anos. Ela mora em São Paulo desde 2015, quando começou a trabalhar como assessora parlamentar da senadora Mara Gabrilli. “Foi assim que eu conheci o Marco (Pellegrini). A gente acaba conhecendo pessoas de deficiências diferentes das nossas, né? Isso é muito legal, essa interação”, explica.

Ainda estiveram presentes, entre guias, intérpretes e a equipe da Claro, Paulo Vieira, pessoa surda e Conselheiro Gestor da Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Lucas Lima, que também tem deficiência auditiva.

Três participantes do Tour Acessível na Stock Car.
Descrição da imagem #PraGeralVer: Fotografia com três participantes no Tour Acessível na Stock Car, em frente a um dos boxes. À esquerda está Wilton Palmer, homem branco, com barba e bigode grisalhos. No centro está Marco Pellegrini, homem preto, grisalho, sentado em sua cadeira de rodas. Ao lado dele, o surdo Paulo Vieira, homem branco com cabelos e barba grisalhos. Os três seguram uma réplica em miniatura de um carro de corrida. (Foto: Reprodução. Créditos: Assessoria de imprensa Claro)

Esporte e acessibilidade

Em entrevista à equipe do Jornalista Inclusivo, Andrea Campos explica que o esporte é uma importante frente na Claro, que por isso promove iniciativas de acessibilidade integradas aos serviços da empresa com o objetivo de democratizar o acesso de todas as informações a todos os brasileiros.

“Estamos aliando isso ao esporte, que diverte, envolve, inspira e une as pessoas. Com ações como essa, a Claro pretende conectar a todos, proporcionando o entusiasmo e as emoções da competição”, completa a diretora.

Andrea comenta sobre a iniciativa na Stock Car. “Entendemos a importância deste evento para o automobilismo brasileiro e acreditamos que ele deva ser experienciado em todos os lugares e por todos os públicos, por isso promovemos o tour acessível aos boxes. Acreditamos que a diversidade nos complementa e nos fortalece”.

Claro e a Stock Car

Durante 2022, pelo segundo ano consecutivo, a empresa de telecomunicações foi uma das principais patrocinadoras da Stock Car, que é a categoria mais relevante do automobilismo nacional.

A Stock Car foi criada pela Associação Brasileira de Revendedores Chevrolet. A primeira corrida aconteceu em 1979, no autódromo de Tarumã, em Viamão-RS. Desde então, a nova geração da categoria é considerada uma das mais competitivas da história, com pilotos que passaram pela Fórmula 1 competindo com novos pilotos do esporte.

Entre eles está o ex-piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello, que foi o campeão da temporada 2022 da Stock Car Pro Series. O título conquistado no domingo (11) em Interlagos, pela equipe Full Time, é o segundo conquistado por Barrichello na Stock Car (a primeira foi em 2014).

Assista ao De Olho na Inclusão

No episódio de 16 de dezembro, do programa De Olho na Inclusão , Marcus entrevista a diretora de experiência do cliente da Claro as reações de cada pessoa com deficiências distintas, entre outras informações sobre a iniciativa. A entrevista pode ser acompanhada no vídeo abaixo, entre os minutos 09:03 e 20:34.

Iniciativas em acessibilidade

Na entrevista, Andrea explica que a Claro desenvolve uma série de iniciativas de acessibilidade integrada aos serviços e plataformas visando promover a inclusão. “Essas são apenas algumas das iniciativas que nos trouxe como reconhecimento o Prêmio Anatel de Acessibilidade em Telecomunicações 2022”. Ela cita algumas dessas ações:

> Transmissão de forma inédita da abertura dos Jogos Paralímpicos em 2021 de forma totalmente acessível com recursos de Libras, legenda e audiodescrição;

> No dia 03 de novembro, colaboradores Claro e alunos com deficiência do Instituto Federal de São Paulo conheceram a exposição ‘50 anos do Grande Prêmio Brasil’, totalmente acessível e inclusiva;

> Promoveram a transmissão de todos os jogos do Brasil, abertura, quartas de final, semifinal e final da Copa do Mundo do Qatar com toda a acessibilidade (Libras, legenda e audiodescrição);

> No dia 5 de dezembro, transmitiram a partida entre Brasil e Coreia do Sul com audiodescrição, Libras e legendas, uma experiência imersiva e acessível a quase 300 torcedores, entre clientes, colaboradores com e sem deficiência e membros de instituições parceiras presentes no Teatro Claro;

> A empresa incentiva as pessoas a se tornarem mais inclusivas e qualificadas disponibilizando um curso de Libras na plataforma Claro Cursos – totalmente gratuito para clientes Claro;

> Para pessoas com deficiência auditiva, a operadora traz atendimento em Libras por videochamada no Minha Claro;

> Para pessoas com deficiência visual, conta com fatura detalhada em braile;

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Rafael F. Carpi

Editor na Jornalista Inclusivo e na PCD Dataverso. Formado em Comunicação Social (2006), foi repórter, assessor de imprensa, executivo de contas e fotógrafo. É consultor em inclusão, ativista dedicado aos direitos da pessoa com deficiência, e redator na equipe Dando Flor e na Pachamen Editoria.

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