EAD inclui mais estudantes com deficiência no Ensino Superior em 2022

Pessoa em cadeira de rodas segura um tablet, com imagem de estudantes com deficiência de diferentes etnias e gêneros com o texto: Ensino à distância - EAD - Ensino Superior em 2022.
O aumento do número de matrículas de estudantes com deficiência evidencia o papel do EAD na democratização do acesso à graduação. (Foto: Freepik)

Com tecnologias assistivas, audiodescrição, interfaces acessíveis e outras inovações, modalidade a distância permite aprendizado contínuo e inclusão desses estudantes na graduação.

Em um mundo educacional em constante evolução, a acessibilidade ao ensino para todas as pessoas tornou-se uma necessidade indispensável. Esta realidade é ainda mais acentuada quando se trata de pessoas com deficiência, para as quais a busca por oportunidades iguais de aprendizado e participação em atividades educacionais tem sido um desafio contínuo. Neste contexto, o Ensino a Distância (EAD) surge como uma importante porta de entrada para estudantes com deficiência no ensino superior.

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A inclusão de estudantes com deficiência no Ensino Superior

Segundo o Censo Superior da Educação de 2022 , o ensino superior no Brasil está vendo um aumento significativo na matrícula de estudantes com deficiência. Nos últimos anos, de um total de quase 10 milhões de matrículas, 79.302 são de estudantes com deficiência, representando cerca de 0,79% do total de matrículas em cursos à distância e presenciais. Em comparação, o censo de 2020 registrou 19.689 alunos com deficiência.

No entanto, apesar desse progresso, estudantes com deficiência ainda constituem uma minoria, representando menos de 1% do total de alunos matriculados em cursos de graduação. Isso ocorre mesmo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022 , do IGBE, mostra que o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência.

Diante dessa realidade, é essencial ampliar o acesso à educação. E o ensino à distância é uma solução para estudantes de todo o país. Essa modalidade tem aberto portas para que mais pessoas possam conseguir um diploma de graduação, algo que antes  parecia estar mais distante para se alcançar com os métodos de ensino disponíveis.

Contribuições significativas da modalidade EAD

Leticia Fabbri, de 29 anos, está no seu primeiro semestre do curso de Jornalismo, que ela faz à distância, na Faculdade Anhanguera. Ela tem deficiência física e auditiva por causa de uma pneumonia bacteriana. Mas isso não a impediu de encontrar na comunicação a sua paixão e uma maneira de chamar atenção para as causas que são importantes para ela. Leticia decidiu explorar as oportunidades oferecidas pelo ensino à distância. Ela valoriza a flexibilidade que esse tipo de ensino oferece, além de um ambiente que pode ser adaptado para atender às suas necessidades, usando vários recursos.

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Leticia, que sonha em ser jornalista, acredita que o ensino à distância é uma ótima opção porque elimina as barreiras físicas que podem existir no ensino presencial. Ela diz:

“Outro fator primordial é que, com a minha deficiência, estou sempre hospitalizada, e o ensino à distância me permite continuar estudando de qualquer lugar, além disso, o formato me ajudou a lidar com o medo de não conseguir interagir com os alunos e professores na sala de aula devido a deficiência auditiva,” explica a estudante de jornalismo.

O ensino à distância não é só uma opção prática para quem tem uma agenda cheia. Para Leticia, essa forma de aprender é fundamental. Ela ajuda a enfrentar o medo de não ter acesso ao que precisa e também a ansiedade que pode surgir quando se tem que interagir pessoalmente com outras pessoas.

“Por isso, é muito importante que exista esses cursos à distância, porque é uma alternativa acessível, que proporciona a inclusão de pessoas com diferentes necessidades, garantindo que todos tenham a oportunidade de buscar conhecimento, independentemente de suas limitações físicas ou geográficas.”

Pessoa em cadeira de rodas utilizando o laptop sobre uma mesa da madeira. EAD - ensino superior.
Descrição alternativa #PraGeralVer: A imagem mostra uma pessoa em uma cadeira de rodas usando um laptop em uma mesa. A pessoa está vestindo uma camisa azul e tem uma mochila preta na parte de trás de sua cadeira de rodas. A mesa é feita de madeira e tem uma parede amarela ao fundo. (Foto: Freepik)

Ao pensar em como facilitar o acesso de estudantes com deficiência ao ensino superior, o EAD traz tecnologias novas que são essenciais para o aprendizado. Isso inclui legendas automáticas, audiodescrição, interfaces acessíveis e outras inovações. Vale destacar que o desenvolvimento de plataformas cada vez mais acessíveis beneficia a todos, e não apenas as pessoas com deficiência.

Um Espaço Inclusivo e Adaptável a Todas as Pessoas

Alexey Carvalho, reitor do Centro Universitário Anhanguera, diz que o ensino à distância está se tornando um lugar mais inclusivo. Ele não só está abrindo portas para estudantes com deficiência, como também está mostrando como a educação pode ser adaptada e enriquecedora para qualquer estudante, não importa quais sejam suas habilidades físicas.

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“A EAD, ao superar desafios e aproveitar avanços tecnológicos, emerge como um catalisador de transformações positivas no cenário educacional. Várias são as aplicações, as vídeo aulas contam com intérprete de Libras e legendas para pessoas com deficiência, enquanto o ambiente virtual do aluno oferece recursos como aumento de contraste, aumento de fonte e compatibilidade com leitores de texto, tudo isso facilita a acessibilidade tanto para cursos presenciais quanto à distância”, finaliza.

Dados do Censo da Educação Superior em 2022

O Censo da Educação Superior 2022 , realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), nos fornece uma visão detalhada da situação atual da educação superior no Brasil. Aqui estão alguns pontos importantes destacados pelo censo:

  1. Crescimento da EAD: A Educação a Distância (EAD) tem crescido muito nos últimos anos, especialmente nas instituições privadas. Em 2022, havia mais de 3,8 milhões de matrículas em cursos de graduação a distância. Isso representa 41% do total de matrículas na educação superior.
  2. Perfil do Ensino Superior: No Brasil, temos 2.595 instituições de educação superior. Dessas, 1.968 são faculdades, 381 são centros universitários, 205 são universidades e 4 são institutos federais e Cefets. As instituições privadas são responsáveis por 78% dessas instituições e por 78% das matrículas na educação superior.
  3. Matrículas em cursos de graduação: Em 2022, havia 9,4 milhões de matrículas em cursos de graduação. Desse total, 5,6 milhões eram em cursos presenciais e 3,8 milhões eram em cursos a distância. A maioria das matrículas era em cursos de bacharelado (54%), seguidos por cursos de licenciatura (29%) e cursos tecnológicos (17%). As áreas mais procuradas foram negócios, administração e direito (28%), saúde e bem-estar (21%) e educação (17%).
  4. Inclusão de Estudantes com Deficiência: Os estudantes com deficiência representaram 0,8% das matrículas em cursos de graduação em 2022, totalizando 79.262 alunos. A maioria desses alunos estava matriculada em cursos a distância (72%) e em instituições privadas (90%). A deficiência mais comum era a física (37%), seguida por baixa visão (29%) e deficiência auditiva (11%).

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Conclusão

Resumindo, o ensino à distância está tendo um papel muito importante para tornar a educação superior mais inclusiva e justa. Ele oferece um ambiente de aprendizado que pode ser adaptado às necessidades de cada um, o que tem aberto portas para estudantes com deficiência. Isso permite que eles superem obstáculos físicos e geográficos que antes limitavam suas oportunidades de estudo.

Apesar dos grandes avanços, ainda temos um longo caminho pela frente. Precisamos continuar desenvolvendo e usando tecnologias e métodos de ensino que sejam inclusivos, que atendam às necessidades de todos os estudantes, não importa quais sejam suas habilidades físicas. Afinal, a educação é um direito de todos e deve ser acessível a todos.

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