Capacitismo e Trabalho em 2020: Pesquisa revela números preocupantes

Cadeirante negro para o texto Capacitismo e Trabalho em 2020: Pesquisa revela números preocupantes
Descrição da imagem #PraCegVer: Ilustra o texto “Capacitismo e Trabalho em 2020: Pesquisa revela números preocupantes” a imagem de uma pessoa em cadeira de rodas. A fotografia mostra os pés, as pernas, e os braços de uma pessoa de pele negra, que usa calça cinza e tênis azuis. Seu rosto não aparece. Créditos: Adobe Stock

7 em cada 10 brasileiros com deficiência acreditam que empresas têm preconceito em contratá-las

Estudo revela que 32% dos entrevistados já sofreram preconceito por apresentar alguma deficiência. Confira os dados sobre o Capacitismo e Trabalho em 2020

O capacitismo – preconceito contra as pessoas com deficiência (PcDs) – é sentido por essas pessoas, principalmente no mercado de trabalho, evidenciando que ainda há um longo caminho para a inclusão de fato. Dados divulgados pelo Oldiversity, estudo realizado pelo Grupo Croma

De acordo com a 2ª edição desse estudo, publicada na íntegra em novembro,  71% das PcDs entrevistadas acreditam que as empresas têm preconceito em contratar pessoas com deficiência e 32% já sofreram discriminação por apresentar alguma deficiência. 

Você pode acessar e salvar uma versão do Oldiversity, em PDF, neste link:  (https://jornalistainclusivo.com/wp-content/uploads/2020/12/oldiversity-2a-edicao-2020_Jornalista-Inclusivo.pdf). 

Em época de Natal, o mercado varejista nacional não está pronto para atender pessoas com deficiência. Sentem falta de estrutura nas lojas, além de produtos e serviços voltados à pessoa com deficiência. Há uma lacuna no mercado, uma grande oportunidade que não está sendo considerada pelas marcas, ou seja, estão deixando de olhar com igualdade para este público. 

Dois homens de negócios, sendo um cadeirante para o texto Capacitismo e Trabalho em 2020: Pesquisa revela números preocupantes
Descrição da imagem #PraCegoVer: Dois homens negros usando roupa social sentados lado a lado. O primeiro, do lado esquerdo da imagem, usa cabelo black power e cadeira de rodas. Está em frente a monitor de computador. O outro homem, ao seu lado, está sentado usando a mesma mesa e olhando para o monitor. Dentro de uma sala de escritório, os dois estão de costas para a foto. Créditos: Adobe Stock

A pesquisa ainda mostra que 63% dos entrevistados com deficiência acreditam que as marcas deveriam investir em lojas planejadas para PcDs –, mesmo percentual afirma que as marcas deveriam investir em lançamentos de produtos e serviços para PcDs. Lojas e comércios sem rampas de acesso e banheiros adaptados para PcDS, chão sem sinalização e piso tátil para cegos, elevadores com pouco espaço para cadeirantes, falta de audiodescrição são algumas das milhares de reclamações emitidas diariamente em sites como o Reclame Aqui

No que se refere a propagandas, a pesquisa realizada com mais de 2 mil pessoas aponta que 54% dizem que as marcas deveriam investir em propagandas feitas exclusivamente para PcDs. Apenas 40% acreditam que as marcas estão se adequando para atender esse público. 

Cadeirante em banheiro adaptado para o texto Capacitismo e Trabalho em 2020: Pesquisa revela números preocupantes
Descrição da imagem #PraCegoVer: Pessoa em cadeira de rodas, está de costas, dentro de banheiro adaptado, em direção a um vaso sanitário. Na parede, ao lado do vaso, há uma barra de acessibilidade para auxílio da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. A pessoa veste camisa azul, e está com a mão no aro da roda da cadeira. Créditos: Shutterstock

Capacitismo e Trabalho em 2020: Ativismo em pauta

Para Tuca Munhoz, 63, ativista pelos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência e consultor especializado em acessibilidade, o que mais chama a atenção na pesquisa é o percentual mais baixo de todos, onde 32% de pessoas com deficiência relatam terem sofrido algum preconceito em razão da deficiência. 

“Por que as barreiras que impedem o acesso e a acessibilidade das pessoas com deficiência não são vistas como preconceito e discriminação? São vistas, na verdade, como um problema estritamente técnico. A falta de uma rampa seria um problema técnico ou resultado político e histórico de como e para quem são construídas as cidades? Se nos apresenta esse grande desafio, que é a tomada de consciência de todas as pessoas com deficiência, de qualquer deficiência, de que o seu não acesso ao mercado de trabalho, ao consumo, aos transportes, etc. é discriminação, é preconceito sim!”, finaliza o consultor, cadeirante devido sequelas da Poliomielite.

Tuca Munhoz, depoimento em para o texto Capacitismo e Trabalho em 2020: Pesquisa revela números preocupantes
Descrição da imagem #PraCegoVer: Tuca Munhoz é um homem branco, de 63 anos, com cabelo raspado, barba e bigode grisalhos. Usa óculos de grau e camisa em tom salmão. A fotografia é recortada em círculo, e mostra seu rosto, com um largo sorriso. Créditos: Acervo pessoal

Ranking das marcas "PcDs": Inclusivas & acessíveis

Para as PcDs, os segmentos de cosméticos, moda, entretenimento e bancos são os mais associados a diversidade. 52% afirmam que os segmentos de cosméticos, beleza e higiene pessoal são os mais associados à diversidade pelas PcDs, seguidos de confecção e moda (25%), entretenimento e rede sociais (20%), alimentos e bebidas (19%) e bancos, financeiras e seguradoras com (14%). 

Natura foi a mais associada a diversidade pelas PcDs com 30%, O Boticário foi a segunda marca mais associada com 25%, C&A com 12% e Avon (10%). 

O Grupo Croma ouviu 2032 entrevistas realizadas entre 23 e 31 de julho de 2020, cotas desproporcionais por idade e cotas específicas, considerando gênero, raça, orientação sexual e PcDs, população Brasil, 16 anos ou mais, classes ABC, com cotas por região geográfica. Margem de erro de 2 p.p. para a amostra total, considerando nível de confiança a 95%. Os resultados foram ponderados para representar a população brasileira das classes ABC. 

Avon, C&A, Natura, o Boticário
Descrição da imagem #PraCegoVer: Cadeira de rodas, sem pessoa, parada ao lado da porta de elevador. Na parede, atrás da cadeira, estão as logomarcas da Avon, C&A, Natura e O Boticário. Créditos: Shutterstock/Edição JI

Sobre o Grupo Croma

O Grupo Croma é especialista em design de inovação. Atua desde 2010 com portfólio de consultoria, tecnologia, pesquisa e capacitação. Com a missão de oferecer soluções para qualquer desafio, atua em diversos países e atende diferentes segmentos, sendo responsável por transformações significativas e resultados comprovados.

Sobre Edmar Bulla

CEO e fundador do Grupo Croma de design de inovação. Graduado pela ESPM, possui mestrado em Neurociência e Comportamento pela PUCRS e especialização em Marketing Digital por Harvard, além de ser formado em Música, Filosofia e Conselheiro de Administração pelo IBGC. Atuou em empresas como Nokia, PepsiCo e Grupo WPP, ocupando posições de liderança regionais e globais. É coautor do livro Líderes de Marketing, colunista da IstoÉ Dinheiro, autor do podcast sobre inovação Ouça Bulla, além de professor convidado e palestrante em eventos no Brasil e exterior. Também é apaixonado por cultura, cognição e comportamento.

Para mais informações acesse: https://cromasolutions.com.br

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Rafael F. Carpi

Editor na Jornalista Inclusivo e na PCD Dataverso. Formado em Comunicação Social (2006), foi repórter, assessor de imprensa, executivo de contas e fotógrafo. É consultor em inclusão, ativista dedicado aos direitos da pessoa com deficiência, e redator na equipe Dando Flor e na Pachamen Editoria.

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