Descrição da Imagem #PraCegoVer: Imagem de uma pessoa usando máscara hospitalar e luvas descartáveis fazendo um sinal com a mão direita. No cabeçalho, em cima de uma imagem azul está escrito na cor branca Covid-19. Em baixo está o nome: Coronavírus. Na imagem ainda há três figuras simbolizando os vírus, em tons nas cores azul e violeta. Fim da descrição.
Intérpretes atendem e esclarecem dúvidas da comunidade surda na pandemia
Governo do Ceará garante direito a acessibilidade com Central de Interpretação de Libras (CIL), como ponte entre ouvintes e pessoas com deficiência auditiva, surdos e surdocegos
Acessibilidade contra Coronavírus é realidade no Ceará, de acordo com reportagem ↗ do portal do Estado, sobre intérpretes que atendem e esclarecem dúvidas da Comunidade Surda na pandemia do novo Coronavírus.
Confira a reportagem na íntegra:
Viver em um mundo sem som é um desafio para diversas tarefas diárias, como pagar uma conta, fazer um pedido no restaurante ou simplesmente se informar. Acessibilidade é um direito e para ajudar na garantia desse direito, a Central de Interpretação de Libras (CIL) atua como ponte entre ouvintes e Comunidade Surda, promovendo autonomia e acesso aos serviços públicos.
Durante o isolamento social, a CIL está atendendo remotamente e presencialmente, se necessário. A Central integra a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Pessoa Idosa e Pessoa com Deficiência (Copid) da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS).
A coordenadora da Copid, Vyna Leite, explica que há demandas para interpretação médica, jurídica, policial, INSS, Sine IDT, dentre outras:
“Neste período de isolamento social estamos recebendo muitas solicitações das áreas da saúde e segurança. Temos muitas demandas de hospitais, Promotoria de Justiça, Delegacia de Proteção a Pessoas com Deficiência e da própria Casa da Mulher Brasileira, por conta do aumento no número de denúncias de violência contra a mulher surda”, destaca a coordenadora.
A CIL Ceará reúne três intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras): Aljaniele Amorim, Fabiano Farias e Michael Silva. Os profissionais auxiliam pessoas com deficiência auditiva, Surdos e Surdocegos com tradução e interpretação de Libras.
Acessibilidade contra Coronavírus:
Há dez anos trabalhando como tradutora e intérprete de Libras, Aljaniele Amorim, aprendeu a língua de sinais ainda nas brincadeiras de infância, em Maracanaú:
“Quem abriu a porta para que eu entrasse no universo das Libras foi meu amigo Washington. Eu lembro de ficar ansiosa porque queria entender os sinais que ele utilizava para se comunicar e foi assim que começamos nossa amizade. Ele sempre trazia uma folhinha com vários nomes e me ensinava o sinal que deveria usar para cada uma daquelas palavras e assim ficávamos por horas na calçada de casa”, relembra.
Graduada em Letras Libras, Aljaniele atua na CIL desde 2016, ano em que o equipamento foi criado:
“Uma das experiências que nunca vou esquecer é do dia em que chegou um senhor Surdo na sede da CIL pedindo nossa ajuda. Ele estava com dor e precisava de um intérprete para acompanhá-lo na ida ao médico. Foi naquele dia que percebi a força da minha profissão e o quanto eu posso fazer a diferença na vida de tantas pessoas através do meu trabalho”, completa.
Caçula de três irmãos, o carioca Fabiano Farias, aprendeu a língua de sinais aos dois anos de idade:
“Sou filho de pais Surdos e senti desde muito cedo o quanto nossa sociedade é excludente com quem tem uma deficiência. A falta de acessibilidade é uma violação de direito que tira a autonomia de milhares de pessoas. Passei a infância e a adolescência vendo a luta dos meus pais para se inserir nos espaços e garantirem seus direitos enquanto cidadãos. Foram diversas situações em bancos, lojas de roupa, enfim, tudo isso serviu também para que eu entendesse a Libras para além de uma linguagem, como uma ferramenta poderosa de autonomia e inclusão”, frisa Fabiano.
Acessibilidade contra Coronavírus:
Ele explica que a língua de sinais tem também suas particularidades, com uma estrutura morfológica e sintaxe, além de uma parte fonética:
“Mesmo sem som, na Libras existem mudanças de acordo com a região e o sotaque, e isso só se aprende na convivência com nativos do lugar. Quando cheguei do Rio, tive que fazer outros cursos e exercitar bastante para aprender as nuances da Libras utilizada aqui”, conta Fabiano, que fez curso de Libras ainda no Rio de Janeiro, na associação Alvorada.
Já Michael Silva conheceu a Libras em 2013, mas só sabia o básico. Até então nunca tinha se aprofundado:
“Sempre tive muitos amigos Surdos, mas só em 2015 decidi entrar de cabeça nesse processo e passei a frequentar associações, fiz trabalhos voluntários e comecei a sentir que fazia parte da Comunidade Surda. Eu tenho consciência de que isso só aconteceu quando eu abandonei meu comodismo e entendi que somos todos interdependentes”, reflete.
CENTRAL DE INTERPRETAÇÃO DE LIBRAS (CIL):
A CIL nasceu como um projeto do Governo Federal, ainda em 2015, que ofertou equipamentos e orientações para promover acessibilidade em todo o país. O Estado do Ceará assumiu uma central, que é a CIL Ceará – “sendo, portanto, responsável pela Acessibilidade contra Coronavírus neste momento”. Os municípios de Fortaleza e de Juazeiro do Norte também assumiram cada um uma CIL, totalizando três centrais em todo o Estado.
SERVIÇO:
Para solicitar o auxílio de intérprete, em Fortaleza, basta enviar um e-mail ou mensagem via Skype para cil.ce.gov@gmail.com ↗.
CIL do município de Fortaleza – (85) 9905-5152
CIL Juazeiro do Norte: (88) 5311-0426 / cil.ce.jn@gmail.com ↗
Importante: As imagens foram feitas antes da pandemia.
Fonte: Ascom SPS ↗