Símbolo da Dislexia: Movimento pede reconhecimento do laço azul e laranja

Imagem de um laço azul e laranja sobreposta às palavras Símbolo da Dislexia, usado pelo movimento de conscientização. Ao fundo, uma pessoa adulta apoia uma criança que está estudando.

Descrição da imagem: Imagem de um laço azul e laranja sobreposta às palavras Símbolo da Dislexia. Ao fundo, uma pessoa adulta apoia uma criança que está estudando. (Foto: Freepik)

Laço azul e laranja já é utilizado na Bahia e no Mato Grosso, mas ainda falta o reconhecimento nacional.

O Grupo Mães do Brasil, representado por 10 instituições sem fins lucrativos com foco na Dislexia, junto ao Instituto ABCD (iABCD) e a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) se uniram para pedir o reconhecimento do laço azul e laranja como símbolo da Dislexia. O movimento conta com o apoio do Deputado Federal Florentino Neto (PT) que está encabeçando o Projeto de Lei 1486/2024 , para votação na Câmara dos Deputados, que Institui a Campanha Nacional do Dia de Conscientização sobre a Dislexia.

Realidade no Brasil e o Diagnóstico Precoce

Atualmente, o Ministério da Saúde estima que mais de 7 milhões de pessoas no Brasil tenham dislexia. Contudo, o número de diagnósticos no país ainda é muito baixo, visto que a dislexia é um transtorno invisível. A condição fica mais evidente durante o processo de alfabetização, pois os disléxicos apresentam dificuldade em associar símbolos gráficos (letras) aos sons e organizá-los mentalmente dentro de uma sequência.

“O melhor momento para reconhecer os sinais da dislexia são nos anos iniciais do Ensino Fundamental, quando as crianças iniciam a alfabetização, mas vemos muitos relatos de diagnósticos sendo feitos nos anos finais desse período ou apenas na vida adulta”, explica Juliana Amorina, diretora-presidente do iABCD.

O impacto da demora no diagnóstico ainda não foi mensurado no Brasil, mas segundo pesquisa do National Center of Learning Disability , estudantes com dificuldades de aprendizagem específicas apresentam três vezes mais chances de abandonar os estudos, especialmente, entre o período final do Ensino Fundamental com o início do Ensino Médio.

Símbolo da Dislexia: O Laço Azul e Laranja

Para as instituições que atuam em prol do direito das pessoas com Transtorno Específico da Aprendizagem (TEAp) o símbolo ajuda no reconhecimento do transtorno e da conscientização:

“As associações e grupos, majoritariamente formados por mães, surgiram a partir do sofrimento dos filhos. Criamos redes de apoio estruturadas e que lutam para fazer com que outras crianças não passem pelos mesmos problemas que muitas já enfrentaram. O laço nos ajuda a dar mais visibilidade ao transtorno que é invisível aos olhos e, com isso, motivar a empatia pelas pessoas com TEAp”, reforça Gabrielle Coury, representante do Grupo Mães do Brasil Dislexia.

Amorina explica que as cores evocam a esperança por um futuro educacional inclusivo e com mais qualidade, sendo o azul uma cor associada à inteligência, tecnologia, futuro, saúde e educação, enquanto o laranja representa a criatividade, comunicação e alegria. Juntas, essas cores refletem a diversidade de talentos e habilidades da comunidade disléxica.

“Temos muitos estudos evidenciando que os disléxicos possuem habilidades especiais e que, por vezes, são consideradas desafiadoras aos neurotípicos. Precisamos potencializar o alto potencial desse grupo, fornecendo meios para que eles alcancem o desenvolvimento pleno no tempo certo”, completa a diretora-presidente do iABCD.

Movimento pede Conscientização da Dislexia

De acordo com o Mapa das Organizações da Sociedade Civil , até novembro de 2020 havia 815.676 organizações da sociedade civil (OSCs) ativas no país, sendo que a área de maior atuação o Desenvolvimento e defesa de direitos, com 35% das entidades mapeadas.

Grupo Mães do Brasil Dislexia conta com 10 associações e grupos que seguem em defesa do direito das pessoas disléxicas. Dentre elas, podemos citar a Associação Mato-grossense de Dislexia, que vem atuando em prol da conscientização, visibilidade e dos direitos de quem recebe o diagnóstico de Transtorno Específico de Aprendizagem (TEAp), como dislexia, disgrafia e discalculia.

“O órgão legislativo do Mato-Grosso reconhece a importância do apoio a causa e tem avançado na aprovação de Leis que podem contribuir com a conscientização e a oferta de condições mais adequadas para a inclusão daqueles que possuem TEAp ou TDAH”, relata Gabrielle Coury, presidente de honra da Associação Mato-grossense de Dislexia.

Legislação e Apoio aos Direitos

No estado Mato-grossense o laço azul e laranja já foi aprovado e mais 10 leis foram instituídas pelos parlamentares, dentre elas podemos destacar:

  • Lei 10.644/2017 e lei 11.230/2020 (MT) – Institui o atendimento especializado, nos concursos públicos, vestibulares e nas provas realizadas no Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN de Mato Grosso para as pessoas com dislexia;
  • Lei 10.800/2019 (MT) – Dispõe sobre o acompanhamento integral para educandos portadores de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), com Transtorno do Déficit de Atenção sem Hiperatividade (TDA) e com Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC);
  • Lei 11.239/2020 (MT) – Institui o Plano de Atenção Educacional Especializado – PAE para os alunos diagnosticados com transtornos específicos de aprendizagem (dislexia, disgrafia e discalculia) nas instituições de ensino e dá outras providências.

Com esse movimento das OSCs nas unidades federativas alguns grupos estão conseguindo ampliar o apoio para âmbito federal, uma das últimas conquistas para os diagnosticados com TEAp e TDAH foi a aprovação da Lei 14.254/2021  que dispõe sobre o acompanhamento integral para estudantes diagnosticados com dislexia ou TDAH ou outro transtorno de aprendizagem.

“Enquanto Instituição estamos acompanhando a aplicação da lei te oferecendo recursos que possam contribuir com o preparo dos profissionais que querem se engajar na causa, com materiais para ajudar as famílias que prestam apoio aos filhos diagnosticados e também para as escolas que carecem de instrumentos para a alfabetização mais inclusiva”, reitera Amorina do iABCD que atua em conjunto com o Grupo Mães do Brasil Dislexia.

Sobre o Instituto ABCD

O Instituto ABCD é uma organização social sem fins lucrativos que se dedica, desde 2009, a gerar, promover e divulgar conhecimentos que tenham impacto positivo na vida de brasileiros com dislexia e outros transtornos de aprendizagem, com o objetivo de garantir que todos tenham sucesso na escola, no trabalho e na vida. Para mais informações, acesse o site do iABCD no link .

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