Desenvolvimento da criança com T21: Como ajudar?

Mãe e filha trabalhando juntas em um quebra-cabeça na sala de estar, ilustrando o desenvolvimento da criança com T21.
Entenda sobre o desenvolvimento da criança com T21, e como beneficiar suas habilidades, conquistar autonomia e independência, com estímulos adequados desde cedo. (Foto: Nicola Barts/Pexels)

Especialista fornece orientações para potencializar o desenvolvimento da criança com trissomia do cromossomo 21.

Neste artigo

Boa leitura!

Atual contexto da deficiência

A Trissomia do Cromossomo 21 (T21), anteriormente conhecida como ‘síndrome de Down’, é uma condição genética que ocorre no momento da concepção. Causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maioria das células, as pessoas com essa condição apresentam traços físicos comuns e deficiência intelectual, mas também possuem personalidades e habilidades únicas.

Segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) , foram notificados 1.978 casos de T21 de 2020 a 2021. A prevalência geral no Brasil, neste período, foi de 4,16 por 10 mil nascidos vivos. As regiões com maiores prevalências foram o Sul (5,48 por 10 mil) e o Sudeste (5,03 por 10 mil). Mas o número pode ser ainda maior, considerando que o diagnóstico ao nascimento e sua consequente notificação no Sinasc podem ser desafiadores.

O Centro Síndrome de Down (CESD) estima que existam cerca de 300 mil pessoas com T21 no Brasil. Em todos os casos, é crucial que recebam estímulos adequados desde cedo para desenvolver habilidades pessoais e conquistar autonomia e independência. Mas como podemos auxiliar nesse desenvolvimento? Vamos explorar isso a seguir.

Desenvolvimento da criança com T21

Segundo Patrícia Stankowich, psicanalista, psicóloga e especialista na clínica de crianças com comprometimentos no desenvolvimento e deficiência, mãe, pai e familiares que são estimuladores e acreditam na capacidade dos filhos fazem toda a diferença nos processos de crescimento e aprendizagem das crianças com T21.

“O estímulo deve começar em casa, continuar na escola e em todos os lugares de convivência. É importante que os indivíduos saibam se virar com as situações do dia a dia, trabalhar e até mesmo morar sozinhos, ainda que com apoio externo”, avalia.

Estímulos devem começar desde cedo

A especialista afirma que é importante começar o processo de estímulo o quanto antes. Ou seja, a mãe, o pai e familiares de crianças com T21 devem promover o acesso às terapias desde o nascimento, provendo as intervenções precoces facilitadas por uma equipe multiprofissional com especialistas em terapia ocupacional, fisioterapia e fonoaudiologia, os quais irão promover experiências sensório-motoras que vão intervir na maturação da criança.

“São condições necessárias para conseguir uma reação dinâmica com o meio em que vive, favorecendo o desenvolvimento e a aquisição de habilidades, promovendo funcionalidade e independência, dando escolhas a essas crianças no seu percurso de desenvolvimento para mais autonomia e melhor qualidade de vida”, explica.

Do desenvolvimento ao acolhimento

Também é importante levar a criança a ambientes com brinquedos, atividades e interações que ajudem no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional, assim como incentivar a realização de práticas esportivas e a participação em jogos estimulantes para favorecer e promover experiências com outras crianças, possibilitando a construção de vínculos afetivos”, sugere Patrícia.

Criança com T21 brincando de karaokê, com uma microfone vernelho e um laptop.
Descrição alternativa #PraGeralVer: A imagem mostra uma criança com T21 sentada em uma mesa com um laptop à sua frente. A criança está segurando um microfone de brinquedo vermelho e azul. Ela está usando uma camiseta verde clara. O laptop está aberto e parece estar ligado. A mesa é de madeira e o fundo é uma parede branca com uma janela. (Foto: Nicola Barts/Pexels)

A psicóloga e psicanalista orienta que seja escolhida uma escola que tenha uma estrutura que ofereça não só estratégias pedagógicas adaptativas e inclusivas, mas que promova o acolhimento e o respeito à diversidade.

“É importante entender que as crianças com T21 podem precisar de mais tempo para aprender, mas têm grande potencial de desenvolvimento. A disponibilidade da família, com empatia e amor, deve respeitar o tempo e os limites da criança”, diz.

Incentivando a independência

Para Patrícia, outra questão essencial é incentivar a independência desde cedo: “Estimule a criança a realizar algumas atividades diárias sozinha, como se vestir e comer. Lembre de traçar metas realistas. Cada caso é um caso, por isso cada pequena conquista deve ser celebrada, sem a necessidade de comparações”, aponta.

A especialista enfatiza, por fim, que é crucial contar com profissionais de uma equipe multiprofissional, tais como terapeutas, educadores, grupos de ajuda e outros pais de crianças com a síndrome, no processo de desenvolvimento da criança. No entanto, vale frisar sobre a importância do psicólogo.

“A participação deste profissional é extremamente necessária, antes mesmo de a criança ser capaz de participar de uma sessão de psicologia, uma vez que o acolhimento e orientação aos pais é fundamental na construção de uma harmonia familiar que facilitará todo o processo de desenvolvimento e autonomia da criança”, conclui.

Sobre Patrícia Stankowich

Psicanalista, graduada em Filosofia pela UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e também em Psicologia. Pós Graduada em Psicologia Jurídica e Mestre em Psicologia da Saúde. Facilitadora em Capacitações nas áreas da Saúde e Educação, com ênfase nas temáticas sobre Infância, Adolescência e Inclusão. Pesquisadora na área da Psicologia da Saúde. Realiza atendimento clínico a adultos. Especialista na clínica de crianças com comprometimentos no desenvolvimento e deficiência.

Patrícia atua também como palestrante e escritora, autora do livro “Como pimenta mastigada”; coautora dos livros “O aprendiz de psicanálise” e “Sexuação & Identidade”, além de livros de poesia. Autora do Projeto +Inclusão. Colunista na rádio CBN Maceió com Podcast nas plataformas do Spotify e Deezer e YouTube. Malabarista de palavras, circense de nascença, apaixonada pela arte, leitura e pela mente humana. Para saber mais, acesse o Instagram @patricia.stankowich .

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Jornalista Inclusivo

Da Equipe de Redação

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