Especialistas alertam para a sobrecarga nesse período de férias e dão cinco dicas para mães e pais de criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA); confira a dica extra ao final
Entre colônias de férias, passeios e atividades com amigos e família, os momentos de lazer durante as férias preenchem a agenda que antes era dedicada aos estudos e, o grande desafio para muitas mães e pais é planejar o que as crianças podem fazer nesse tempo livre. No entanto, a neuropsicóloga Silviane Andrade alerta que é necessário ficar atento para que essa agenda de férias não se transforme em uma sobrecarga tanto na criança como no adulto.
Boa leitura!
Lidando com o ócio
Sócia-diretora do Neuropsicocentro ↗ (NPC), a neuropsicóloga Silviane explica que os momentos livres são essenciais para saciar as necessidades cognitivas de descobrir e explorar o mundo de forma espontânea. De acordo com a profissional, nosso cérebro funciona processando estímulos e, quando os recebe em grande quantidade, fica sobrecarregado na tentativa de responder ao fluxo recebido.
“No caso da criança, o excesso de atividades vai prejudicá-la a saber lidar com o ócio na falta desse estímulo externo, um problema que afeta a habilidade da criatividade. Por isso, o ideal é conseguir equilibrar momentos de atividades e momentos que essa criança não tenha nada para fazer, principalmente sem o uso de telas, porque é nesses momentos que o cérebro vai ter o seu espaço criativo”, afirma.
Criança autista nas férias
Para a mãe e o pai da criança com algum transtorno do neurodesenvolvimento, habituada a fazer diferentes tipos de terapias, como no Transtorno do Espectro Autista (TEA), esse período de recesso é ainda mais preocupante. Na ausência das aulas, que também fazem parte do desenvolvimento terapêutico, como distrair os pequenos sem perder o ritmo da jornada?
De acordo com a neuropsicóloga Clarissa Leão, que é também sócia-diretora do NPC, é natural que esse ritmo de terapias tenha uma diminuição nas férias, mas não significa que essa criança será prejudicada.
“As férias são um espaço super rico de estímulo porque vai oferecer vários momentos que a criança também precisa para se desenvolver, indo além das terapias, como momentos em família e eventos sociais. É preciso dar espaço para a criatividade, vivenciando novas perspectivas até mesmo em casa”, aponta.
Dicas de especialista
Confira as dicas da neuropsicóloga Clarissa, para saber lidar da melhor forma com o período de férias da criança autista e a diminuição dos estímulos terapêuticos:
1. Faça atividades que estimulem a socialização, partindo de algo que a criança já tenha interesse, mas que surpreenda;
2. Evite exposição a algo muito novo que possa causar desconforto. Por exemplo, se a criança gosta de brincar com dinossauros, faça a sugestão que o dinossauro gosta de brincar de andar de carro. Nesse caso, insere-se um novo elemento que seria o carro, sem tirar dela o dinossauro porque é uma zona de conforto e traz segurança para ela;
3. Prefira ambientes ao ar livre, onde não tenha muito barulho e que a criança se sinta mais segura;
4. Trabalhe previamente o local com a criança, dando pistas visuais de onde ela vai, oferecendo imagens do lugar, qual horário se é dia ou noite;
5. Também é importante trabalhar a mente enquanto pai e mãe caso o passeio ou a atividade não saia como foi idealizada. Faça um plano B, que inclusive pode ser precisar voltar para casa ou deixar a criança em um espaço que ela se sinta segura.
Dica extra: dispositivos eletrônicos
Outro ponto que todos os pais devem prestar atenção é no tempo gasto na frente das telas e aparelhos eletrônicos. Apesar da praticidade, estudos alertam que o cérebro de crianças e adolescentes são impactados pelo uso excessivo de dispositivos como tablets, celulares, televisões e computadores, prejudicando o sono, visão, postura e capacidade de comunicação, de resolução de problemas e de sociabilidade.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o guia de Diretrizes sobre atividade física, comportamento sedentário e sono para crianças com menos de 5 anos de idade ↗. Entre as recomendações, crianças com menos de dois anos não devem ter qualquer contato com telas, nem mesmo a televisão. Após essa idade, a liberação deve ser no máximo durante uma hora por dia. Somente aos oito anos, elas poderiam usar celular.
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