Aprovada ampliação do Teste do Pezinho pelo SUS

Realização do Teste do Pezinho pelo SUS, com descrição na legenda, ilustrando "Aprovada ampliação do Teste do Pezinho pelo SUS"..
Descrição da imagem #PraCegoVer: Reportagem “Aprovada ampliação do Teste do Pezinho pelo SUS” é ilustrada fotografia colorida da realização do exame. Imagem mostra uma pessoa com luvas descartáveis colhendo o sangue. Ela segura uma ficha com a mão esquerda, onde coloca a gota de sangue, enquanto segura o pé do bebê com a mão direita. Uma terceira mão que aparece na imagem é da pessoa que carrega a criança. Créditos: Edilson Rodrigues/ Agência Senado

Com a ampliação feita em 5 etapas, o teste feito na rede pública passará de 6 para 53 doenças rastreadas

Na última quinta (29), foi aprovada ampliação do Teste do Pezinho pelo SUS – o projeto apresentado pelo deputado federal Eduardo da Fonte aguarda sanção do presidente

O Senado Federal aprovou na última quinta-feira (29), o Projeto de Lei (PL) 5.043/2020 , que amplia para 53 o número de doenças diagnosticadas pelo Teste do Pezinho realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o teste aplicado na rede pública de saúde só identifica seis doenças.

O teste é feito a partir da coleta de gotas de sangue dos pés dos recém-nascidos. Para determinar a ampliação, o projeto altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 1990 ). Para começar a valer, o texto aguarda a sanção do presidente da República. Um dos autores do projeto é o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE).

“Conseguimos democratizar o Teste do Pezinho ampliado, que antes só era feito na rede privada. Essa é uma luta nossa junto às associações de doenças raras, especialmente de atrofia muscular espinhal (AME), que também teve o diagnóstico inserido no exame. Temos que celebrar esse importante avanço na saúde pública brasileira que possibilitará a promoção de maior qualidade de vida para as crianças brasileiras”, afirmou Eduardo da Fonte.

Deputado Eduardo da Fonte e esposa, descritos na legenda, para "Aprovada ampliação do Teste do Pezinho pelo SUS".
Descrição da imagem #PraCegoVer: O deputado federal Eduardo da Fonte e esposa, Sofia Costa, ambos usando camiseta branca com a frase: Em inglês (Keep Calm and) que em português significa “Fique calmo e” triagem da AME (Atrofia Muscular Espinhal) no Teste do Pezinho. À esquerda, Sofia é uma mulher branca de cabelos castanhos longos. Eduardo tem pele branca e cabelos pretos. Está com seu braço direito sobre o ombro da esposa. Eles estão sorrindo. Créditos: Reprodução/ Acervo pessoal

A advogada especializada em Direito da Saúde, parceira da AAME e autora da nossa coluna Advogada Responde, Viviane Guimarães, também celebrou. “A ampliação possibilitará a pesquisa genética da atrofia muscular espinhal. Esta conquista não seria possível sem a ajuda do deputado e da associação AAME – Amigos da Atrofia Muscular Espinhal. Agora temos o tratamento e em breve, o diagnóstico precoce”, afirmou.

Aprovação do texto e etapas do Teste do Pezinho pelo SUS

O parecer do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), relator da matéria no Senado, foi favorável ao texto que já havia sido aprovado pelos deputados federais — Kajuru rejeitou as seis emendas apresentadas no Senado.

Hoje, o teste realizado pelo SUS engloba apenas o hipotireoidismo congênito; a fenilcetonúria; a anemia falciforme; a fibrose cística (também conhecida como mucoviscidose); a hiperplasia adrenal congênita; e deficiência de biotinidase.

Com a mudança prevista no projeto, o exame passará a alcançar 14 grupos de doenças, medida que será implementada de forma escalonada, em prazo a ser regulamentado pelo Ministério da Saúde. De acordo com a Agência Senado, a ampliação do teste deverá entrar em vigor 365 dias após a publicação da lei originada pelo projeto.

Realização do Teste do Pezinho, com descrição na legenda.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Imagem mostra a realização do Teste do Pezinho. É possível perceber a mão de uma pessoa segurando um bebê, e as duas perninhas da criança. Outra pessoa utilizando luvas descartáveis, segura um dos pés do bebê, e com a outra mão segura a ficha onde deposita a gota de sangue. Créditos: Pedro França/ Agência Senado

A implementação do PL 5.043/2020 deverá ser feita em cinco etapas, na seguinte ordem:

  • 1ª Etapa:

Inicialmente, além da continuidade da detecção das doenças já previstas, está prevista a ampliação do teste para a detecção de doenças relacionadas ao excesso de fenilalanina e de patologias relacionadas à hemoglobina (hemoglobinopatias), além de incluir os diagnósticos para toxoplasmose congênita. 

  • 2ª Etapa:

Seriam acrescentadas as testagens para galactosemias; aminoacidopatias; distúrbios do ciclo da ureia; e distúrbios da beta oxidação dos ácidos graxos (deficiência para transformar certos tipos de gorduras em energia). 

  • 3ª Etapa:

Nessa etapa, seriam acrescentados os exames para doenças lisossômicas (que são aquelas que afetam o funcionamento celular).

  • 4ª Etapa:

Na etapa seguinte, seriam incluídos os exames para imunodeficiências primárias (problemas genéticos no sistema imunológico).

  • 5ª Etapa:

Por fim, seriam acrescentados os testes para atrofia muscular espinhal (degeneração e perda de neurônios da medula da espinha e do tronco cerebral, que resulta em fraqueza muscular progressiva e atrofia).

Dois pezinhos de um bebê, dentro de um cesto de palha. Tem a nele branca e está envolto a um cobertor branco.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Dois pezinhos de um bebê, dentro de um cesto de palha. Tem a nele branca e está envolto a um cobertor branco. Créditos: Shutterstock

Teste do Pezinho ampliado na prática

A lista de doenças a serem rastreadas pelo teste do pezinho deverá ser revisada periodicamente, com base em evidências científicas e priorizando-se as doenças com maior prevalência no país, com protocolo de tratamento aprovado e incorporado ao SUS.

Durante os atendimentos de pré-natal e pós-parto, os profissionais de saúde deverão informar à gestante e a seus acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e eventuais diferenças existentes entre a modalidade do exame oferecida pelo SUS e a modalidade oferecida pela rede privada (que rastreia um número maior de doenças). 

Ao recomendar a aprovação do projeto, Jorge Kajuru lembrou que é o autor do PL 2.696/2019 , projeto de lei que também dispõe sobre a ampliação dos exames de triagem neonatal. No parecer ao PL 5.043/2020, ele observou que o teste do pezinho realizado em laboratórios privados consegue detectar até 53 doenças, muitas consideradas raras. E lamentou que a maioria da população não tenha acesso à ampla testagem, tendo em vista seu alto custo. 

Sala de operações do Senado Federal.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia em ambiente interno, na sala de operações do Senado Federal, na realização das audiências virtuais. Imagem mostra mesas e computadores das equipes, além de dois telões. No telão principal está o senador Jorge Kajuru, foco da fotografia. Créditos: Pedro França/ Agência Senado

“Por isso, é essencial ampliar a lista de doenças triadas no âmbito do SUS, para que toda a população brasileira possa ter a escolha de diagnosticar tempestivamente uma ampla variedade de enfermidades congênitas e tratá-las de forma rápida, possibilitando a cura ou, pelo menos, o controle da progressão das doenças”, argumentou Kajuru em seu parecer.

O relator também destacou acordo firmado com a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) para apresentarem projeto conjunto prevendo a inclusão, na testagem neonatal, de exames específicos para detecção de doenças neuromusculares.

Apesar de reconhecer o mérito das emendas apresentada no Senado, Kajuru explicou que as rejeitou para evitar que a proposta tivesse de voltar à análise da Câmara dos Deputados e, assim, houvesse uma demora maior na entrada em vigor da ampliação da testagem. 

FONTES:

  • Assessoria Eduardo da Fonte
  • Agência Senado
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