A importância do atendimento em Libras nos Hospitais

Lucas Cabral e a enfermeira Jéssica para o texto sobre a importância do atendimento em Libras
Descrição da imagem #PraCegoVer: Ilustra a matéria “A importância do atendimento em Libras nos Hospitais”, a fotografia do Lucas Cabral e da enfermeira Jéssica, do Hospital Casa de Saúde Guarujá – antigo Hospital Don Domenico. Lucas é um homem branco de cabelos curtos e pretos. Usa máscara hospitalar vermelha e camiseta de gola polo, cor vinho. Jessica é uma branca de cabelos pretos. Usa máscara hospitalar branca, jaleco branco e uniforme azul. Os dois estão fazendo sinal em Libras (Língua Brasileira de Sinais) que significa “Eu te amo”. Créditos: Reprodução/Facebook

Atualizado em:

29/04/2024 10:05 PM

Paciente fica emocionado com inclusão e atendimento humanizado no Hospital Casa de Saúde Guarujá

Jovem surdo faz relato emocionante após ser atendido com dignidade no pronto-socorro, mostrando a importância do atendimento em Libras: “Eu logo vi a enfermeira e ela sabia Libras, fiquei feliz pois pela primeira vez isso aconteceu”

Na contramão de tudo o que estamos vivendo em consequência da pandemia da COVID-19, ainda há coisas boas acontecendo pelo mundo, reacendendo a esperança na humanidade. É o que mostra a notícia a seguir, que muito além da empatia e amor ao próximo, faz um alerta: A necessidade do profissional da saúde ser capacitado na Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Assistente administrativo de 26 anos, Lucas Cabral ficou surdo quando tinha 1 ano de idade, como consequência de uma meningite. No último dia 28 de janeiro, o jovem passou uma situação no Hospital Casa de Saúde Guarujá – antigo Hospital Don Domenico, no litoral paulista, que buscou atendimento no pronto-socorro, provando a importância da inclusão e do atendimento  humanizado em hospitais e prontos-socorros.

Antes, porém é importante ressaltar que segundo a Constituição Federal de 1988 e a Lei Brasileira de Inclusão – LBI (Lei Nº 13.146/2015) é dever do Estado cuidar da saúde e assistência pública, da proteção, integração social e garantia da pessoa com deficiência. Como explica a advogada Viviane Guimarães: 

“O princípio de nossa Carta Magna, confirmado pela Lei de integração das Pessoas com Deficiência, a pessoa, qualquer que seja sua patologia, deve ser tratada de forma especial pelo ESTADO, especialmente para salvaguardar seus direitos”, pondera Viviane, que é especialista em Direito à Saúde e da Pessoa com Deficiência.

Profissional de enfermagem verifica pulso do paciente para ilustrar o texto sobre a importância do atendimento em Libras
Descrição da imagem #PraCegoVer: Profissional da saúde está verificando o pulso de uma pessoa. O profissional usa uniforme azul e estetoscópio pendurado ao pescoço. Tem uma prancheta no colo, e segura a mão do paciente que veste roupa clara. Seus rostos não aparecem e as duas pessoas estão sentadas. Créditos: Reprodução

Lucas fez um post explicando como é difícil o atendimento adequado para a pessoa surda, e sabemos como a sociedade está despreparada para atender pessoas com qualquer tipo de deficiência, inclusive nos hospitais, onde a comunicação pode, literalmente, salvar vidas, como o próprio paciente escreveu:

“Sem uma comunicação eficaz e clara, o diagnóstico será falho”

Na publicação, o paciente fala sobre o atendimento humanizado de uma enfermeira que conhece a Libras, e o acompanhou em todos as etapas. E essa foi a primeira vez que isso aconteceu com ele, evitando o sentimento de exclusão que sempre teve.

O ocorrido rendeu dois posts no Facebook. No primeiro, Lucas relata a experiência emocionante de sentir-se respeitado , e na publicação seguinte, o jovem dá dicas sobre como garantir a inclusão do surdo no atendimento hospitalar .

Aqui, levantamos o questionamento: até quando pessoas com alguma deficiência não serão tratadas como devem, principalmente nos serviços essenciais?

Confira o relato do Lucas:

Em sua página pessoal na rede social, Lucas fez a seguinte publicação:

“Bom dia, nesse texto irei explicar a todos detalhadamente o que aconteceu comigo no hospital, a minha experiência com inclusão. Eu fui ao hospital (Don Domenico), eu estava sozinho, eu logo vi a enfermeira e ela sabia Libras, fiquei feliz pois pela primeira vez isso aconteceu, o primeiro hospital inclusivo, ela fez a triagem, aferiu minha pressão, sempre se comunicando em Libras.

Fui chamado ao consultório do médico e a enfermeira me acompanhou e fez toda a interpretação, perguntou o que eu estava sentindo, explicou como eu deveria tomar a medicação e até a parte da injeção que eu deveria tomar, ela me ajudou durante todo o tempo que estive em consulta”.

Lucas Cabral e a enfermeira Jéssica para o texto sobre a importância do atendimento em Libras
Descrição da imagem #PraCegoVer: Ilustra a matéria "A importância do atendimento em Libras nos Hospitais", a fotografia do Lucas Cabral e da enfermeira Jéssica, do Hospital Casa de Saúde Guarujá – antigo Hospital Don Domenico. Lucas é um homem branco de cabelos curtos e pretos. Usa máscara hospitalar vermelha e camiseta de gola polo, cor vinho. Jessica é uma branca de cabelos pretos. Usa máscara hospitalar branca, jaleco branco e uniforme azul. Os dois estão fazendo sinal em Libras (Língua Brasileira de Sinais) que significa “Eu te amo”. Créditos: Reprodução/Facebook

“Eu fiquei feliz e emocionado, chorei de emoção, agradecido a Deus pela inclusão dentro do hospital, há muito tempo atrás fui a outro hospital sozinho, não tinha inclusão, ninguém sabia Libras, as enfermeiras não sabiam se comunicar comigo, eu tinha saído do trabalho com febre, tentaram me explicar que precisava de alguém que me acompanhasse, meus pais ‘foi’ junto com toda paciência. Antes eu já tinha ido ao médico e durante o atendimento ele não sabia nada de Libras, mal soube o que eu tinha e já foi escrevendo a receita sem saber direito como eu me sentia, ele parecia até nervoso com a situação, fiquei triste com aquilo.

Perguntei a amigos surdos se iam sozinhos ao médico e me disseram que não, é muito difícil a comunicação de um surdo sozinho no hospital, aliás não tem comunicação, isso é entristecedor.

Hoje estou muito feliz e agradecido pela inclusão que tive e pela ajuda da enfermeira.

Obrigado.”

Na sequência, Lucas fez outro post com dicas para a inclusão de surdos em hospitais, deixando ainda mais evidente a necessidade de investir na capacitação em Libras, para todos os profissionais da saúde, desde o atendimento, passando pela equipe de enfermagem aos médicos. 

Confira abaixo sua publicação:

Sobre o Hospital

Fachada do hospital Casa de Saúde Guarujá ilustra o texto sobre a importância do atendimento em Libras
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia mostra a fachada do Hospital Casa de Saúde Guarujá, localizado na Av. Deputado Emílio Carlos, 109 - Vila Maia. Créditos: Reprodução

O Hospital Casa de Saúde Guarujá (antigo Hospital Don Domenico) é um hospital particular, de média complexidade, inaugurado em 10 de dezembro de 2020, para oferecer um novo conceito de cuidado com a saúde aos moradores do Guarujá e região.

Além de um Pronto-Socorro com recepção eletiva e que atende Adulto, Infantil, Ginecologia, Obstetrícia, Trauma e Ortopedia, o hospital se diferencia ao oferecer 81 leitos de enfermaria (com apenas 2 pacientes por quarto) e 10 apartamentos.

O complexo hospitalar conta ainda com a parceria da One Rad (Medicina Diagnóstica) para exames de imagem e também tem serviços terceirizados do centro cirúrgico, banco de sangue e UTI.

Missão

Oferecer serviços hospitalares de alto valor agregado, por meio de equipesmultidisciplinares e tecnologia avançada.

Visão

Ser referência na prestação de serviços de saúde na baixada santista.

Valores

  • Respeito a vida
  • Ética e comprometimento
  • Valorização das pessoas
  • Humanização
  • Responsabilidade sócio ambiental

Para saber mais sobre o Hospital Casa de Saúde Guarujá, acesse o site, nesse link: hcsg.org.br

Hospital cria a hashtag #SouDaCasaGuarujá: Entenda

Recentemente, alguns dias depois da divulgação do ocorrido com o jovem Lucas, o Hospital Casa de Saúde Guarujá, apresentou um pouco mais sobre a auxiliar de enfermagem que protagonizou esse história.

“A hashtag #soucasadesaudeguaruja  foi criada com o objetivo de mostrar as pessoas que fazem esse hospital acontecer. Hoje vamos compartilhar um pouquinho da história da Jéssica Walquiria, nossa Auxiliar de Enfermagem…”, segundo o post abaixo. 

Confira:

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Rafael F. Carpi

Editor na Jornalista Inclusivo e na PCD Dataverso. Formado em Comunicação Social (2006), foi repórter, assessor de imprensa, executivo de contas e fotógrafo. É consultor em inclusão, ativista dedicado aos direitos da pessoa com deficiência, e redator na equipe Dando Flor e na Pachamen Editoria.

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