2ª Parada do Orgulho PCD de Salvador celebra 476 anos da capital baiana

Intérprete de Libras traduz discurso durante a 1ª Parada do Orgulho PCD de Salvador, promovendo acessibilidade para a comunidade surda.

Ícone de fotografia Legenda descritiva: Intérprete de Libras traduz discurso durante a 1ª Parada do Orgulho PCD de Salvador (BA), no Farol da Barra, promovendo acessibilidade para a comunidade surda. (Foto: Divulgação)

No famoso Largo do Campo Grande, Salvador recebe a segunda edição da Parada do Orgulho da Pessoa com Deficiência em ritmo de festa e resistência.

No dia 29 de março, Salvador sedia a 2ª Parada do Orgulho da Pessoa com Deficiência (PcD) no Largo do Campo Grande, em um ato que transcende a celebração dos 476 anos da cidade: é um manifesto político por acessibilidade e inclusão. Articulando festa e resistência, o evento questiona publicamente qual modelo de cidade está sendo construído — se excludente ou coletivo — e exige que as ruas, símbolos históricos de diversidade cultural, sejam também espaços de garantia de direitos para pessoas com deficiência.

Julia Piccolomini, presidenta do movimento, reforça: “Acessibilidade não é favor, é urgência”. A crítica ganha força ao vincular a data ao aniversário de Salvador, cidade que, embora celebre sua ancestralidade negra e resistência anticolonial, ainda marginaliza corpos com deficiência em festas e estruturas urbanas. Maili Santos, vice-presidenta, destaca a ironia simbólica: “Não há orgulho possível em uma história que apaga parte de sua gente”. Com palestras e ocupação cultural, a Parada amplifica vozes interseccionais — de cadeirantes a neurodivergentes — e insere Salvador no circuito nacional de mobilizações pelo orgulho PcD, já realizado em capitais como Rio e São Paulo.

2ª Parada do Orgulho PCD de Salvador: festa e resistência

A presidenta Julia Piccolomini, que também faz parte do time de comunicação da Parada PcD, acredita que celebrar o aniversário da cidade junto com a segunda edição do evento é uma oportunidade de reafirmar que a cidade pertence a todas as pessoas.

“Historicamente, Salvador é um símbolo de resistência, cultura e diversidade. E essa diversidade também precisa incluir as pessoas com deficiência. Que tipo de cidade queremos construir? Uma que segrega ou uma que acolhe? A Parada do Orgulho PcD é um convite para que Salvador reconheça que acessibilidade é um direito e uma urgência”.

Complementando essa opinião, a vice-presidenta Maili Santos destaca que essa escolha das datas é simbólica e potente:

“Salvador tem uma das festas populares mais vibrantes do mundo, mas nem sempre essas celebrações são acessíveis para a pessoa com deficiência. Comemorar o aniversário da cidade com a Parada do Orgulho da Pessoa com Deficiência é uma maneira de dizer que a festa tem que ser para todas as pessoas. A cidade tem o direito de se orgulhar de sua história, mas esse orgulho só faz sentido se ele for coletivo, se ele incluir todas as pessoas. Ao ocupar as ruas, a Parada PcD mostra que Salvador pode e deve ser um espaço onde pessoas com deficiência circulam, trabalham, se divertem e vivem com dignidade”.

Uma Jornada de União e Conquistas

Desde sua primeira edição, em setembro de 2023, em São Paulo, a Parada do Orgulho PcD tem trilhado um caminho de mobilização, troca de experiências e fortalecimento da comunidade. Em 2024, o evento já passou por diversas capitais brasileiras, como Recife, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, sempre levando a mensagem de acessibilidade e respeito. Agora, em Salvador, a Parada reafirma sua importância ao integrar a festa de aniversário da cidade com um ato de luta e celebração.


Pessoas com deficiência participam da 1ª Parada do Orgulho PCD de Salvador, em um evento inclusivo e diverso à beira-mar, no Farol da Barra.
Descrição da Imagem: Na imagem, três pessoas com deficiência sorriem para a câmera durante a 1ª Parada do Orgulho PCD em Salvador (BA). No centro, um jovem negro com cabelos trançados veste uma faixa de “Beleza Black Pré-Teen 2021” enquanto está em sua cadeira de rodas. À esquerda, uma mulher loira com um andador inclina-se para a foto, e à direita, outra mulher em cadeira de rodas usa roupa vermelha e chapéu claro. O evento acontece em um espaço aberto, com barracas, bandeiras e pessoas ao fundo. (Foto: Divulgação)

Serviço

2ª Parada do Orgulho da Pessoa com Deficiência (PcD) de Salvador

Local: Largo do Campo Grande
Data: 29 de março de 2024
Horário: Das 15h às 19h
Realização: Parada do Orgulho PcD Brasil
Contatos: Alexandra Martins: (61) 996254760 / Xande Fateicha: (71) 992258509
Links: https://linktr.ee/paradapcd


Conheça a equipe da Parada do Orgulho PcD Brasil

Julia Piccolomini (Comunicação): Mulher cis, branca, bissexual, umbandista e com distrofia muscular das cinturas (DMC), Julia une arte, ativismo e expertise corporativa. Formada em Artes Cênicas, é Analista Sênior de ESG no escritório Trench Rossi Watanabe e voz referência em Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I). Fundadora das Paradas do Orgulho PcD, já levou seu discurso anticapacitista a gigantes como Google, Amazon e Natura, transformando boardrooms em espaços de confronto ao status quo.

Pedro Peu (Produção): Homem cis, branco, gay e duplamente neurodivergente, Pedro desafia padrões como CEO da Criatípica e nômade digital. Além de produtor da Parada PcD e do Festival Ervas, tece redes com consultorias como Transcendemos, Stardust Zone e Merg, reinventando a produção cultural sob a lente da interseccionalidade.

Marcelo Zig (Recursos): Filósofo, consultor, speaker do TEDx Pelourinho, curador do TEDx Salvador e diretor de comunicação na Inklua, Marcelo Zig é um arquiteto de narrativas. Criador do Mergulho Cidadão e cofundador do Coletivo Quilombo PcD, mistura ativismo e arte – de palestras no CONARH 2023 à criação do super-herói Ancestral Afrodef, símbolo de resistência negra e disability pride. É colunista na rádio Boa Nova e cofundador Parada do Orgulho PCD.

Weverton Fonseca (Acessibilidade): Psicólogo, poeta e cadeirante negro, Weverton desmonta opressões há uma década. Na linha de frente do Coletivo Quilombo PcD, expõe a dupla violência do racismo e capacitismo, enquanto orienta pessoas negras com deficiência a reivindicarem espaço profissional e autoria sobre suas histórias.  Palestrante em projetos, mentorias e consultorias contra LGBTfobia e psicofobia, além de fundador da Parada, sua luta é verso, roteiro e revolução.

Alexandra Martins (Comunicação): Não binária, sapatão e gaga, Alexandra descoloniza a comunicação. Mestra em Gênero e Feminismo (UFBA), além de Especialista em estudos contemporâneos em dança e consultora em acessibilidade cultural, fundou o Grupo Vozes Gagas e há 20 anos amplifica marginalizados em coletivos, ONGs e nas ruas – onde a teoria acadêmica vira prática insurgente.

Mariana Guedes (Comunicação): Jornalista, fotógrafa e bailarina da Cia Street Cadeirante, Mariana é paraplégica, cis, pansexual e anticapacitista. Consultora de acessibilidade em eventos culturais de Brasília, traduz a potência dos corpos dissidentes tanto nas páginas do STF Sem Barreiras quanto no asfalto dançante das Paradas.

Miccael Grandis (Design): Homem trans, branco, pansexual e neurodivergente, Miccael redesenha o futuro. Especialista em acessibilidade para festivais e em desenvolvimento de jogos digitais, ajudou em treinamento de equipes do programa Novo Viver Sem Limite e hoje combina ilustração, ativismo LGBTQIAPN+ e design inclusivo para garantir que a Parada PcD seja vista – em todas as cores e formas. Ilustrador digital com altas habilidades relacionadas com comunicação online, é o designer principal da Parada do Orgulho PcD.

Maili Santos (Comercial): Mulher negra, mãe e maquiadora profissional, Maili transformou a luta contra a depressão em ferramenta de reinvenção. Após formação na aceleradora Vale do Dendê (2018), fundou o Studio Móvel Maili Santos, onde autocuidado vira ato político: oficinas de automaquiagem e fotografia empoderam corpos marginalizados. Influenciadora social e palestrante, desafia padrões de beleza inacessíveis enquanto potencializa, no Quilombo PCD, narrativas de resistência de pessoas negras com deficiência. Para ela, o pincel é metáfora e arma: maquiagem não disfarça – revela quem somos.

 

Deixe um comentário