Legenda descritiva: Fotografia colorida de quatro participantes do coletivo Slam de Surdes, sorrindo e fazendo poses descontraídas. (Foto: Reprodução / Instagram)
Competição de poesias autorais pelo Dia Internacional da Mulher, no Sesc Avenida Paulista, tem classificação livre e entrada gratuita.
Neste dia 8 de março, em plena celebração do Dia Internacional da Mulher, o Slam de Surdes promove um encontro que une arte, ativismo e diversidade cultural. O evento, que ocorrerá no Sesc Avenida Paulista, destaca a poesia autoral como ferramenta de expressão e resistência, reunindo vozes de diferentes movimentos sociais, como os de pessoas negras, feministas e LGBTQIAPN+. Com entrada gratuita e classificação livre, a iniciativa reforça o compromisso com a inclusão e a visibilidade da cultura surda.
Histórico e Propósito: Celebrando a Arte Surda
Criado em 2018 na Praça Roosevelt, no coração de São Paulo, o Slam de Surdes nasceu com o objetivo de ampliar o espaço da arte surda e proporcionar uma plataforma para que artistas e ativistas possam expor suas experiências e perspectivas. O projeto não só resgata a importância da cultura surda, mas também enfatiza a necessidade de dar voz a grupos minorizados que historicamente enfrentam barreiras de comunicação e representatividade.
A iniciativa se consolida como um evento plural, onde a diversidade é a base para a construção do diálogo. Por meio da poesia, o público tem a oportunidade de se conectar com narrativas que abordam questões de identidade, inclusão e resistência, contribuindo para o debate social e cultural na contemporaneidade.
Um Espaço para Arte Surda e Resistência
Estrutura da Competição
O Slam de Surdes adota um formato que segue as diretrizes tradicionais dos slams de poesia, porém com adaptações que respeitam a cultura e a linguagem surda. A iniciativa desafia estereótipos e democratiza o acesso por meio da Libras (Língua Brasileira de Sinais). Entre as principais regras estão:
- Poesia Autoral: Todos os poemas apresentados devem ser de autoria dos competidores.
- Duração Máxima: Cada apresentação tem um tempo limite de 3 minutos.
- Proibições de Figurinos e Adereços: O uso de figurinos ou acessórios não é permitido, garantindo que a atenção se concentre no conteúdo e na performance.
Dinâmica do Evento
Durante o evento, os competidores surdos terão a oportunidade de apresentar seus poemas com tema livre para um júri composto por cinco pessoas, previamente selecionadas no início do Slam. Antes de chegar à etapa da “Batalha”, acontece o Slam Aberto, um momento no qual qualquer pessoa pode subir ao palco e compartilhar sua arte em forma de poesia. Essa abertura reforça o caráter inclusivo do evento, permitindo que diversos públicos se engajem e participem ativamente.
Quem Conduz o Slam de Surdes
O coletivo reúne artistas e ativistas ↗ que combinam arte com militância. Conheça alguns dos organizadores:

Lara Gomes: Arte Como Ferramenta de Pertencimento
Professora, produtora cultural, contadora de histórias e tradutora/intérprete, Lara é referência em workshops sobre identidade surda em instituições culturais e de ensino superior. Coproduziu o primeiro Bloco de Carnaval para pessoas surdas, a Balada Vibração e a festa Sencity, no MAM/SP. Integra o Slam de Surdes, além de ter sido membro dos coletivos Corposinalizante e Slam do Corpo.
Thais Martins: Da Administração à Poesia
Com mais de 20 anos de experiência em Administração Geral e formação em Gestão de RH pelo Senac, Thaís descobriu sua paixão pela fotografia e pelo marketing por meio de cursos livres. Sua paixão por viagens também a inspirou em sua carreira, ampliando seu horizonte cultural e artístico. Em 2020, foi selecionada no edital de Poesia Surda do Itaú Cultural, marcando sua estreia na poesia. Desde então, tem colaborado com o Slam de Surdes e atua como produção geral do grupo.
Edinho Santos: Pedagogia e Ativismo Negro Surdo
Formado em Pedagogia e Educador no Itaú Cultural, Edinho tem experiência nos educativos de museus como o Afro Brasil, MAM-SP e Museu do Futebol. Em 2017, conquistou o 3º lugar no Slam SP. Atuou no filme nacional “O Matador” (Netflix) e é palestrante sobre surdez e acessibilidade. Militante do movimento negro surdo, organiza o projeto “Comunidade Surda: Batalhar e Rimar em Ação”. Atualmente, é produtor e Slammer do Slam de Surdes.
Nayara Silva: Humor, Erotismo e Maternidade Negra
Artista surda, Nayara atua como poeta, Slammer, contadora de histórias, performer, atriz, tradutora e consultora de Libras. Ela é ativista nas temáticas da maternidade e da mulher negra surda. Sua poesia explora elementos de humor e erotismo em língua de sinais. Atualmente, integra a equipe do Slam de Surdes.
Ian Valentin: Diáspora Sonora em Ritmo Eletrônico
DJ e pesquisador musical desde 2005, Ian é também artista educador. Natural da Paraíba e radicado em São Paulo, ele busca valorizar a identidade brasileira através da fusão de ritmos musicais do país com batidas eletrônicas e outras sonoridades diaspóricas. É DJ residente do projeto Eletrobrasilidades e membro do Coletivo Pragatecno, atuando no eixo Norte/Nordeste.
Por Que o Slam de Surdes Importa?
O evento transcende a competição artística:
- Acessibilidade Radical: Todas as performances são em Libras, com tradução para ouvintes;
- Interseccionalidade: Reúne pautas como antirracismo, feminismo e direitos LGBTQIAPN+;
- Visibilidade Surda: Questiona a hegemonia oralista nas artes cênicas.
Slams como este descolonizam a ideia de que a poesia depende da voz falada.
Serviço
📅 Data: 8 de março de 2025 (sábado)
⏰ Horário: A partir das 16h
📍 Local: Sesc Avenida Paulista (Térreo)
🚇 Estação mais próxima: Brigadeiro (350m)
🎟️ Entrada: Gratuita – sem necessidade de retirada de ingresso
Funcionamento do Sesc Paulista:
- Terça a sexta: 10h às 21h30
- Sábados: 10h às 19h30
- Domingos/feriados: 10h às 18h30
Para mais informações: (11) 3170-0800 | Site do Sesc SP no link ↗.