Professora de Educação Infantil, estudante de Educação Especial e mãe de dois meninos autistas apresenta artigo sobre os desafios da especialização e afetividade na Educação Inclusiva
Descobri que meu filho é autista graças ao olhar atento e a sensibilidade de uma professora. Na época ele tinha três anos e estava no CEI (Centro de Educação Infantil), também conhecido como creche. Hoje, eu sou professora de Educação Infantil e quero proporcionar às famílias o mesmo acolhimento atencioso e sensível que recebi anos atrás.
Como professora, um dos meus princípios é a necessidade constante de pesquisa, estudos e atualização na área da educação. Como mãe, estou sempre em busca de informações, intervenções e atividades relacionadas ao Autismo (Transtorno do Espectro Autista – TEA) e neurodiversidade.
No meu dia a dia na escola, utilizo duas ferramentas que julgo muito importantes para a educação de forma geral e, fundamentais para a educação inclusiva: especialização e afetividade. São tão importantes para mim, que escolhi este tema para minha pesquisa de conclusão de curso da pós-graduação, e gostaria de compartilhar com vocês alguns pontos sobre este trabalho.
O autismo é um transtorno que está cada vez mais presente em nossa sociedade e, diferente de algumas décadas atrás, hoje as pessoas com deficiência ↗ têm o direito garantido por lei de frequentarem escolas regulares, por exemplo. A constante busca por especialização e novos saberes é importante para que os educadores possam ajudar no desenvolvimento de seus alunos de forma eficiente e significativa, e para isso existem diversas fontes de informação e conhecimento, gratuitas e confiáveis, como o site Jornalista Inclusivo.
Pesquisadores contemporâneos compartilham a opinião sobre a importância da especialização para uma efetiva Educação Inclusiva nas escolas, de acordo com a Professora Carla Silvestre:
“A educação com a perspectiva inclusiva, entende a singularidade do aluno e utiliza de uma didática adequada, tanto no trato com as famílias, que muitas vezes têm dificuldade de entender a deficiência, como nas propostas pedagógicas que visam os alunos com e sem deficiência¹”.
A especialização, ou formação continuada, está presente nos documentos: Padrões Básicos de Qualidade da Educação Infantil Paulistana² e Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva³, reafirmando a sua importância e necessidade para os profissionais da área de educação.
Na questão da afetividade, não me refiro me apenas ao cuidado e carinho com os bebês e as crianças, mas também a paciência e respeito aos processos, olhar atento, escuta ativa às suas necessidades e empatia, isso auxilia a criança a desenvolver confiança e segurança em si mesma e no adulto de referência (pais, cuidadores, educadores), auxilia também no desenvolvimento psicomotor, no desenvolvimento cognitivo e no desenvolvimento social.
A afetividade no processo de desenvolvimento humano é apresentada por renomados teóricos da educação como Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon, cujas teorias têm em comum o ambiente e a socialização como fatores fundamentais para o desenvolvimento e aprendizagem.
Nesse sentido, segundo Vygotsky ↗, “Todas as crianças podem aprender e se desenvolver… As mais sérias deficiências podem ser compensadas com ensino apropriado, pois, o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental⁴“.
O educador que estiver preparado para acolher uma criança com alguma deficiência ou necessidade especial, e contribuir para o seu desenvolvimento atípico, ajudará não apenas na formação de um cidadão de direito, mas também de uma sociedade melhor e mais inclusiva.
*Autora: Renata Ubugata é Professora de Educação Infantil em São Paulo, estudante de Educação Especial e mãe de dois meninos autistas.
REFERÊNCIAS:
1. SILVESTRE, C. A. S. C. Roda rítmica e transtorno do espectro autista: movimento, música e poesia no desenvolvimento do aluno com deficiência. Ensaios sobre Educação, São Paulo (SP), v. 4, 1 ed., p. 20-26, 2018.
2. SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Padrões básicos de qualidade da Educação Infantil Paulistana: orientação normativa nº 01/2015 / Secretaria Municipal de Educação. São Paulo: SME / DOT, 2015.
3. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994. 20p.
4. COSTA, D. A. F. Superando limites: a contribuição de Vygotsky para a educação especial. Rev. Psicopedagogia, Belo Horizonte (MG), v. 23, ed. 72, p. 232-240, 2006.
Pedagoga, pós-graduada em Educação Infantil. Atualmente estudante de Educação Especial e Mãe apaixonada de dois meninos autistas.
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