Em 10 de agosto celebramos o Dia Internacional da Superdotação, reconhecendo os desafios enfrentados na compreensão do tema e a importância de se discutir esta data.
Se analisarmos os estudos realizados na área de altas habilidades/superdotação, notaremos muitos avanços nesta última década, no entanto, muitos mitos e paradigmas ainda circundam o tema e impedem a identificação dessas pessoas na sociedade.
Estima-se que 5% a 7% das crianças com alguma deficiência podem apresentar comportamentos de superdotação (Assouline & Whiteman, 2011; National Education Association, 2006; Whitmore, 1981). Muitas vezes, essas pessoas não são identificadas dentro do contexto escolar e social, o que acaba por mascarar o seu verdadeiro potencial.
Dupla condição ou dupla excepcionalidade
O termo dupla condição pode ser definido como a presença de rendimento, talento, habilidade ou potencial, acima da média, ocorrendo, concomitantemente, com algum transtorno do neurodesenvolvimento ou deficiência.
“Muitas pessoas relacionam essa condição ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas ela pode estar relacionada ao TDAH, Dislexia, entre outros”, alerta a psicopedagoa Fabiane Favarelli Navega.
Até pouco tempo atrás, classificávamos os autistas que apresentavam um alto rendimento como Síndrome de Asperger, hoje essa condição está incluída dentro do espectro autista. As principais características dessas pessoas são:
- Grande fluência verbal;
- Excelente memória de fatos e informações sobre tópicos de interesse especial;
- Motivação por letras e números;
- Prazer em memorizar informações factuais em idade precoce;
- Hipersensibilidade a estímulos sensoriais;
- Discrepância entre o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo;
- Excelente desempenho em áreas específicas e em outras não;
- Linguagem sofisticada e formal;
- Baixa tolerância à mudança
- Distúrbio da atenção;
- Humor variável;
- Afeto inapropriado e;
- Esteriotipias.
“Identificar esses estudantes é um grande desafio, uma vez que o transtorno do espectro autista pode camuflar ou obscurecer a superdotação”, explica a especialista.
Superdotação e Autismo: Avaliação e identificação
O processo de avaliação deve ser cuidadoso e requer uma avaliação abrangente e adaptada às especificidades de cada estudante. Deve ser feito uso de testes psicométricos, checklist comportamental, avaliações de portfólios, entrevistas com mães, pais e professores, bem como a observação de comportamentos em sala de aula e na família. Vale ressaltar a importância da avaliação multidisciplinar, envolvendo fonoaudiólogas, psiquiatras, psicólogos e educadores.
O conceito de superdotação suscita controvérsias. De um lado, algumas pessoas ainda acreditam que apenas o QI acima da média faz referência ao superdotado, enquanto que, estudiosos da área argumentam que a superdotação abrange um espectro mais amplo, incluindo crianças com habilidades em diversas áreas.
Um método bastante utilizado para identificar a criança superdotada é o teste de Quociente de Inteligência, mais conhecido como teste de QI. Nessas simulações, quanto melhor o desempenho, mais inteligente ela será considerada. No entanto, “pensar que a superdotação é um fenômeno raro é um equívoco. Estudos apontam que 5% da população tenha altas habilidades, isso nos leva a pensar que em um grupo de 20 pessoas, pelo menos uma é superdota”, completa Navega.
“Em face do exposto, podemos verificar a importância de discutir o assunto, para que possamos atender as potencialidades e necessidades desses indivíduos”, conclui Fabiane.
Sobre o Dia Internacional da Superdotação
De acordo com o Conselho Brasileiro para Superdotação, o Dia Internacional da Superdotação ↗, celebrado em 10 de agosto, foi criado pelo Conselho Mundial das Crianças Superdotadas e Talentosas, em 2011. Esse encontro foi realizado em Praga, na República Tcheca, com a finalidade de apoiar e dar visibilidade às ações voltadas para estudantes superdotados em todo mundo. É uma data importante para conscientizar a sociedade sobre a importância de apoiar e desenvolver as habilidades desses estudantes.
Editor na Jornalista Inclusivo e na PCD Dataverso. Consultor em Estratégias Inclusivas e Gestor de Mídias Digitais. Formado em Comunicação Social (2006). Atuou como repórter, assessor de imprensa, executivo de contas e fotógrafo. Ativista dedicado aos direitos da pessoa com deficiência, redator na equipe Dando Flor e na Pachamen Editoria.