Especialistas em doenças degenerativas apresentam informações sobre os estágios da doença e o papel da família no tratamento, pelo Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla 2021
O fim do Agosto Laranja está chegando e, com ele, o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, celebrado em 30 de agosto. A data, instituída pela Lei nº 11.303/2.006 ↗, é dedicada a esclarecer sobre a doença rara e autoimune que afeta cerca de 2,3 milhões de pessoas no mundo, segundo a Federação Internacional de Esclerose Múltipla. Já no Brasil, são pelo menos 40 mil pessoas com a doença, segundo a Biblioteca Virtual em Saúde ↗, do Ministério da Saúde.
Boa leitura!
Conheça os sinais de alerta para diagnóstico
A EM (Esclerose Múltipla) é uma “doença neurológica inflamatória e degenerativa que produz inflamação cerebral com formação de placas presentes tanto no cérebro, na região cortical e subcortical, como na medula”, conforme explica o neurologista, especialista em doenças degenerativas e membro da Doctoralia, Flávio Sallem.
Foi pensando nesta data de conscientização, que a Doctoralia ↗, empresa do Grupo Docplanner ↗, em conjunto com o especialista, reuniu algumas informações para desmistificar a doença, além de promover o diagnóstico e o tratamento precoce.
Entendendo as formas e sintomas
Por se tratar de uma patologia com manifestações distintas, são as diversas formas da EM que facilitam a identificação do diagnóstico e tratamento, visto que não há cura.
“A forma Remitente-Recorrente (EMRR), geralmente responde por 85% dos eventos em geral. Nela, ocorrem surtos que podem se resolver completamente ou podem deixar sequelas, com frequência variada. Já a forma Secundariamente Progressiva (EMSP) é sempre derivada da remitente recorrente, em que o paciente começa a ter uma neurodegeneração pior da marcha, ou seja, o deslocamento de um ponto para o outro e dos movimentos em geral”, comenta o neurologista.
Na EMSP, ela é definida quando o paciente apresenta inicialmente surtos e remissões e, após algum tempo, a doença se torna progressiva e o paciente piora de forma lenta, sem que obrigatoriamente tenha novos surtos.
Ainda segundo o especialista, outro estágio da doença é a EM Primária Progressiva (EMPP), no qual o paciente tem uma alteração de marcha sem muitos surtos, mas com sequelas e sintomas progressivos da doença medular em geral.
Apesar de variáveis, os sintomas da Esclerose Múltipla mais comuns entre brasileiros são: neurite óptica, ou seja, perda visual; fraqueza muscular dos membros inferiores e membros superiores; alterações cognitivas, de memória, espaciais ou frontais e de linguagem; e, por fim, surtos simulando o AVC.
Da mesma forma, o neurologista e especialista em doenças desmielinizantes e neuroftalmologia, Alessandro Finkelsztejn, reforça a importância da conscientização da EM de maneira ampla. “A palavra conscientização é um termo abrangente, que vai desde a conscientização do paciente – no sentido de aceitação da doença, por exemplo – até a conscientização da sociedade como um todo”, explica Finkelsztejn.
De acordo com o especialista Alessandro, apesar de muitos aspectos da EM serem bastante debatidos, ainda existem desafios, como a necessidade do paciente fazer acompanhamento oftalmológico. “O acesso ao oftalmologista e neuroftalmologista deveria ser mais fácil. Quem tem esclerose múltipla, precisa ter acompanhamento dessa especialidade – uma vez que a EM também pode trazer complicações na visão.
O papel da família
Para Sallem, um dos principais papeis da família do paciente é a compreensão. “É preciso entender que não se trata de frescura ou fraqueza, mas de uma doença neurológica que pode evoluir para um quadro de deficiência“, reforça.
Além da vulnerabilidade para a violência doméstica, historicamente, as pessoas com deficiência lidam com baixo acesso ao mercado de trabalho, à mobilidade urbana e à educação. De acordo com o relatório mais atual do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFD), de 2020, foram registradas 12.868 denúncias de violências praticadas contra Pessoas com Deficiência.
“Orientar o paciente, ser seu porto seguro, auxiliá-lo nas tarefas do dia a dia ou em demandas mais difíceis, fornecer as medicações e acompanhamento também são cuidados extremamente necessários para que o paciente possa ter uma vida mais tranquila e positiva”, conclui Sallem.
Por sua vez, o neurologista Alessandro Finkelsztejn ressalta que é senso comum entre os especialistas a necessidade do paciente ter acesso rápido a terapia mais adequada. “Nos casos de esclerose múltipla altamente ativa, existe uma tendência que sugere que quanto mais precocemente o paciente for diagnosticado e, tratado com medicações de alta eficácia, melhor será o controle da EM e estabilidade da doença. O atraso em atingir as medicações mais apropriadas pode facilitar a presença de surtos e de sequelas”, conclui.
Da Equipe de Redação