Estimativas da Rede de Monitoramento de Autismo e Deficiências do Desenvolvimento do CDC sugerem que 1 em 36 crianças são diagnosticadas com a condição.
Data estabelecida em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, 2 de abril, tem um objetivo principal: chamar a atenção da sociedade para a inclusão das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na sociedade. Para alcançar esse objetivo, no entanto, é necessário agir de acordo com informações.
Apesar da falta de dados no Brasil, o Monitoramento de Autismo e Deficiências do Desenvolvimento, do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), nos Estados Unidos, aponta para um número expressivo. Um resumo do relatório, em inglês, pode ser acessado no link ↗.
Boa leitura!
Por que 6 milhões de autistas?
De acordo com o relatório do CDC, publicado em março de 2023 ↗, 1 em cada 36 crianças aos 8 anos de idade é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse número representa um aumento de 22% em relação ao estudo anterior, divulgado em dezembro de 2021, que estimava que 1 em cada 44 crianças apresentava TEA em 2018.
Ao transpor essa *prevalência para o Brasil, podemos calcular o número de pessoas com TEA no país. Com uma população estimada em aproximadamente 215.902.000 habitantes, segundo dados de julho de 2021 do IBGE ↗, dividir esse número por 36 e multiplicar pelo valor percentual encontrado nos EUA (2,777…%) resulta em cerca de 5.997.222 pessoas vivendo no espectro autista no Brasil.
*Prevalência é o número de pessoas em uma população que têm uma condição em relação a todas as pessoas da população. A prevalência é normalmente apresentada como uma percentagem (por exemplo, 1%) ou uma proporção (por exemplo, 1 em 100).
Esses dados reforçam a importância de uma maior atenção e cuidado com a saúde mental, bem como a necessidade de investimentos em políticas públicas voltadas para o diagnóstico precoce e o suporte a pessoas com TEA e suas famílias.
Atualização do Censo IBGE
Com o objetivo de entender a prevalência do autismo no Brasil e comprovar esses números, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu, pela primeira vez, o autismo em suas estatísticas. A intenção é mapear quantas pessoas vivem com o transtorno e quantas podem tê-lo, mas ainda não receberam o diagnóstico.
Essa mudança foi realizada após a sanção da Lei 13.861/2019 ↗, que obriga o IBGE a inserir perguntas sobre o autismo no Censo de 2020. No entanto, devido à pandemia de COVID-19, a coleta de dados foi adiada para 2022. É importante que haja um esforço contínuo para aumentar a conscientização e compreensão sobre o autismo, a fim de garantir uma sociedade mais inclusiva para todas as pessoas com transtornos do espectro autista.
Entendendo o que é autismo
Infelizmente, muitas pessoas ainda têm visões equivocadas e capacitistas sobre a condição, o que pode levar a estereótipos prejudiciais e discriminação. Por isso é muito importante educar a sociedade sobre o autismo e esclarecer equívocos comuns.
De acordo com o Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais, autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que traz dificuldades de comunicação, interação social e déficits na reciprocidade socioemocional. Crianças com autismo podem apresentar alterações e atrasos em várias áreas do desenvolvimento, dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas e apresentar rigidez cognitiva.
O papel de profissionais da pedagogia
Frente a essa realidade, a conscientização incentiva a inclusão e a acessibilidade das crianças atípicas em todos os setores da sociedade, como escolas, espaços públicos e de lazer. Dessa forma, falar sobre a acessibilidade na instituição escolar é fundamental para garantir o aprendizado e o desenvolvimento dessas crianças.
Idealizadora do Espaço Girassol, a pedagoga Carla Maria explica que “O profissional pedagógico tem um papel importante para criar ambientes que favoreçam a inclusão, pois toda criança apresenta pontos fortes, e suas dificuldades precisam ser observadas para que sejam trabalhadas”.
“A inclusão efetiva consiste em, de maneira sensível e respeitosa, enxergar toda criança, como pessoa que é, com suas necessidades e diversidades”, afirma Carla Maria, especialista em Gestão Escolar pela Universidade de São Paulo (USP), acompanhante terapêutica e mediadora escolar pelo CBI of Miami.
Marcos do Desenvolvimento
Segundo o estudo “Marcos do Desenvolvimento: reconhecimento dos sinais de autismo pelos professores da educação infantil”, realizado pela pedagoga, para trabalhar com educação infantil é muito importante conhecer o conjunto de habilidades que a maioria das crianças atingem em uma determinada idade.
Assim, os marcos ajudam as famílias e os profissionais a perceberem quando o desenvolvimento da criança não está acompanhando o esperado, e podem ser divididos em: socioemocional, linguagem, cognitivo e motor.
“Os marcos são um bom começo para tornar a educação de fato inclusiva, respeitando cada criança como ser único e sem presumir competência, pois toda criança é capaz de aprender. Cabe ao profissional buscar recursos para amenizar as dificuldades e evidenciar as potencialidades, estimular habilidades para o desenvolvimento da autonomia, proporcionar estratégias para a criança aprender, valorizando as características individuais de cada uma”, afirma Carla.
A especialista acrescenta que não existe apenas uma forma de existir e adquirir experiências. As crianças são diversas e pensar que todos são iguais só torna inviável as diferenças e pode impossibilitar que tenham intervenções necessárias para o seu desenvolvimento.
“Ainda é necessário aprender sobre a neurodiversidade, que existem pessoas neurodivergentes, e que precisamos ter mais respeito às diferenças, pois existem diversas formas de ver e conceber o mundo. Não somos todos iguais e pensar assim vai nos ajudar a entender o que é diversidade”, finaliza.
Da Equipe de Redação
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Com certeza é! 😊
Interessante!