Fisioterapeuta explica os benefícios do método, que incluem melhora na função motora e cognitiva, independência funcional e mais qualidade de vida.
A criança rola em cima da bola, se olha no espelho, experimenta texturas, faz alongamento. Parece apenas brincadeira, mas essas atividades fazem parte do tratamento neuroevolutivo Baby Bobath, bastante utilizado por profissionais da fisioterapia pediátrica. O método foca na estimulação sensorial e na prática de movimentos para fortalecer os músculos e, assim, melhorar a postura, o equilíbrio, a coordenação e as habilidades motoras de crianças com distúrbios neurológicos, como a trissomia do cromossomo 21 (Síndrome de Down).
A abordagem terapêutica é indicada para crianças com atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM), porque auxilia diretamente no alcance dos marcos motores e em uma das defasagens mais evidentes causadas pela condição genética: a hipotonia muscular — ou baixa tonificação muscular. O baixo índice de tônus dos músculos pode afetar o controle de movimento e postura, por isso o tratamento deve ser adaptado para ajudar a fortalecer a musculatura e melhorar o controle motor.
De acordo com a fisioterapeuta do AmorSaúde, Maria Emília Araújo, bebês com a trissomia 21 (T21) submetidos ao tratamento Baby Bobath têm melhora na função motora e cognitiva, independência funcional e qualidade de vida. “Alguns pais relatam observar melhorias nos primeiros meses de tratamento, enquanto em outros casos pode levar mais tempo, especialmente se a criança tiver desafios mais complexos”, relata a profissional da maior rede de clínicas médico-odontológicas do Brasil.
Baby Bobath: Tratamento individual
Para acompanhar o progresso da criança, profissionais da fisioterapia que aplicam o método Baby Bobath geralmente fazem avaliações periódicas, o que pode ajudar a identificar mudanças positivas ao longo do tempo e ajustar o plano de tratamento, caso seja necessário.
“Se a criança não estiver mostrando melhora em suas habilidades motoras ou se estiver regredindo em seu desenvolvimento, pode ser necessário reavaliar o plano de tratamento e considerar diferentes abordagens terapêuticas, adaptando-as às necessidades individuais da criança”, explica a doutora Maria Emília.
Outro sinal de alerta é o desconforto físico da criança durante as sessões de terapia ou a resistência às atividades propostas. Neste caso, o ajuste deve tornar a abordagem terapêutica mais confortável e acessível para a criança, como aponta a fisioterapeuta:
“À medida que a criança cresce e se desenvolve, suas necessidades terapêuticas podem mudar. Por isso, é importante reavaliar regularmente o plano de tratamento e fazer ajustes conforme necessário para garantir que ele continue sendo eficaz e adequado às necessidades em evolução da criança”, aconselha.
Mães, pais e cuidadores desempenham um papel fundamental no processo terapêutico e podem fornecer insights valiosos sobre o progresso e as necessidades da criança:
“São os pais e cuidadores que observam as mudanças no comportamento e no desenvolvimento da criança, por isso é importante ter um diálogo aberto com os profissionais de saúde”, incentiva a profissional que atende na unidade AmorSaúde Lauro de Freitas, na Bahia.
Apoio ao desenvolvimento do bebê em casa
Além do Baby Bobath, método desenvolvido pelo neuropediatra Karel Bobath e sua esposa, a fisioterapeuta Berta Bobath ↗, existem várias maneiras de envolver os pais no apoio ao desenvolvimento do bebê com T21 em casa. Assim, possibilita manter uma rotina com horários regulares para alimentação, sono, banho e atividades de brincar, incentivar a independência e estabelecer uma comunicação afetuosa e constante.
“Interaja com o bebê, respondendo aos seus sons, sorrisos e expressões faciais, e use linguagem simples e repetitiva para nomear objetos, ações e emoções. É importante também incentivar e elogiar as tentativas de seu bebê em realizar tarefas simples, como pegar objetos, comer com as mãos e se vestir”, ensina a fisioterapeuta.
A profissional também ressalta a importância de brincar com a criança, atividade que auxilia no desenvolvimento de habilidades psicomotoras, sociais, físicas, afetivas, cognitivas e emocionais. “Brinque de esconder e buscar, faça caretas engraçadas, cante músicas, leia livros e explore o ambiente juntos, mostrando diferentes texturas. Aposte em brinquedos de encaixe, blocos de construção, livros de imagens e jogos simples de correspondência, pois estimulam o desenvolvimento cognitivo”, aconselha Maria Emília.
“É importante ter em mente que o desenvolvimento é um processo gradual e contínuo e que o progresso e os resultados positivos com o tratamento de Baby Bobath pode variar significativamente de uma criança para outra, dependendo de diversos fatores, como a gravidade dos sintomas, a idade da criança, a frequência e intensidade das sessões de terapia, e a consistência na aplicação das técnicas em casa”, conclui a fisioterapeuta do AmorSaúde.
Da Equipe de Redação