Colorindo um sonho, por Murilo Pereira

Praticantes de jiu-jitsu em troca de faixa para artigo Colorindo um sonho
Descrição da imagem #PraCegoVer: Ilustra o artigo Colorindo um sonho, uma fotografia colorida da Gabriela Guerra, de 27 anos, praticante de jiu-jitsu recebendo a faixa azul do seu Mestre Juan Sanches. Ela é uma mulher de pele branca e cabelos longos castanhos, presos com um laço atrás da cabeça. Cadeirante, devido paralisia cerebral, ela está em pé, com ajuda de dois praticantes da arte marcial, veste kimono branco, e está sorrindo. Seu mestre está ajoelhado a sua frente, colocando a faixa. Atrás aparecem outros atletas em cima do tatame montado na FITO – Fundação Instituto Tecnológico de Osasco, em 2018. Créditos: Acervo pessoal

Costurando relações e desenhando trajetórias através do Jiu-jitsu

Para celebrar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, Murilo Pereira apresenta 'Colorindo um sonho' – que conta a história de uma autentica *casca grossa no Jiu-jitsu, faixa azul desde 2018

Como já dito aqui na coluna Sem Barreiras, o papel do Paradesporto  vai muito além das disputas, da competição. Cada modalidade tem a singular capacidade de completar seus praticantes, seja atribuindo sentido ao cotidiano ou estabelecendo objetivos pessoais e os motivando a alcançá-los.

Os preconceitos e rótulos costumam dominar o cenário da autoconfiança de todo indivíduo, com ênfase na pessoa com deficiência. Assim sendo, com o objetivo de construir uma ponte sobre o abismo que separa qualidade de vida e amarras sociais, estão pessoas como o Mestre Juan e o instrutor de Treinamento Funcional Amaury, que oferecem totais condições para que Gabriela possa desenvolver suas habilidades em igualdade aos demais praticantes. Gabi, como é conhecida, destaca que o apoio fundamental também vem de casa. Seus pais fazem o impossível para verem a filha alcançar suas metas.

Gabi, cadeirante e praticante de jiu-jitsu trocando de faixa para artigo Colorindo um sonho
Descrição da imagem #PraCegoVer: Gabi está sentada em sua cadeira de rodas, com detalhes laranjas. Ela está com seus braços erguidos, flexionados e usa uma faixa em seu cotovelo esquerdo. Ela está com sua faixa azul no colo, vestido calça branca e camiseta preta, com as escritas “G, “1” e “3” em círculo, com um “X” no centro. No fundo, um móvel azul. Gabi está com expressão de força. Créditos: Acervo pessoal

Um tabu que precisa urgentemente ser destruído é o de que a pessoa com deficiência não vive, não tem desejos. Hoje, com orgulho, observa-se que tal processo vem se fortificando em meio à uma sociedade resistente. Com a finalidade de tornar a afirmação, de fato, real Gabriela afirma:

“Sempre gostei de esporte e queria fazer algo para o meu desenvolvimento e que me desse prazer”.

Embora os espaços que estão realmente dispostos a abrigar esses sonhos sejam ainda poucos em número, é possível notar uma mudança considerável na maneira como se age com relação à diversidade, que vem disparando.

A questão da evolução e de promover uma vida saudável, sem dúvidas, também é a protagonista quando se fala em Paradesporto. Contudo, nunca será possível fugir dá importância social que a ação carrega em todas as suas execuções. A praticante de 27 anos claramente se animou ao falar das amizades que fez através do jiu-jitsu. Muitas pessoas, principalmente pelas dificuldades apresentadas no cenário, contestam a persistência do cidadão e até da família, mas o que poucos enxergam é que essa troca de experiências, o contato humano é insubstituível.

Gabi e seu mestre de jiu-jitsu, sentados no tatame para o artigo Colorindo um sonho
Descrição da imagem #PraCegoVer: Gabi está do lado direito da imagem, usa camiseta cinza e tem uma tatuagem no braço direito. Está com expressão de alegria, fazendo o gesto de shaka com a mão direita (conhecido no Brasil como hang loose, mais usado por surfistas para saudações em geral, com a mão fechada e os dedos polegar e mindinho abertos). Do lado esquerdo está seu Mestre, que veste kimono branco, camiseta preta com detalhes amarelos. Em segundo plano, é possível visualizar um piso preto, uma parede branca e azul com alguns quadros. Créditos: Acervo pessoal

Nada e ninguém será capaz de dizer onde uma pessoa poderá chegar, independentemente de contextos. O objetivo que mais motiva é aquele que parece muito distante, que somente nós, na intimidade, sabemos que é tangível e seguimos em sua direção, em silêncio. “Meu foco é chegar na faixa preta. Não me importo quanto tempo demore. Eu sei das minhas limitações”, finaliza Gabi.

*Casca grossa: termo usado para definir quem se destaca no jiu-jitsu, como excelente praticante, em treinos ou competições, que não descansa enquanto não ganhar, mas sempre com humildade e experiência. 

Explicação adaptada do Glossário de Jiu-jitsu, do portal Amarelo e Cipó, neste link:(amarelocipobjj.com.br/glossario-de-jiu-jitsu/ 
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Murilo Pereira

O Jornalista Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele é editor do "Prosa de Gol" (@prosadegol), nas redes sociais, e da página "Sem Barreiras" (@_sem_barreiras), esta última oriunda do seu blog, que também dá nome a sua coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões relacionadas a paralisia cerebral, acessibilidade e inclusão.

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