Isolamento social pode ser ainda mais grave para crianças com deficiência auditiva. Saiba o porquê:
Dificuldades enfrentadas pela falta de convivência em sociedade durante surto da Covid-19 serão debatidas no 1º Simpósio Internacional Multidisciplinar Sobre Surdez na Infância
Com o início na pandemia do novo coronavírus, as pessoas precisaram se adaptar às recomendações de isolamento social para retardar a evolução da doença. Diante desse cenário, inúmeras áreas da saúde foram afetas, como alguns tratamentos que precisaram ser interrompidos, consultas médicas canceladas e cirurgias adiadas. Em meio a essa nova realidade, as pessoas com deficiência auditiva tiveram suas rotinas abaladas, impossibilitando seu progresso auditivo e a evolução da comunicação.
A busca por alternativas para diminuir o impacto dessa situação e o sofrimento do isolamento serão discutidos por especialistas nacionais e internacionais durante o “Surdez e Escuta: Simpósio Internacional Multidisciplinar sobre Surdez na Infância”, um *evento 100%, que será realizado entre os dias 30/11 e 04/12 e terá sua renda totalmente revertida para a realização de atividades educativas.
*Informações e programação completa ao final do texto.
Segundo a Dra. Mariana Guedes, fonoaudióloga consultora na área de audiologia e reabilitação auditiva do Instituto Escuta ↗, o isolamento social e o uso de máscaras interferem na qualidade de vida e na saúde emocional de muitas pessoas com algum grau de surdez. Porém, nas crianças com perda auditiva os danos podem ser ainda mais graves:
“A crianças com surdez e que são oralizadas podem experimentar dificuldades com a leitura labial devido ao uso das máscaras ou com a qualidade do som e da escuta durante as aulas ou sessões de terapia online”.
De acordo com a fonoaudióloga, isso pode ser mais grave para àquelas que não tem acesso digital, e perderão muito pela falta de contato e comunicação social promovido pela escola e pela falta das sessões de terapia:
“Já, as crianças usuárias da LIBRAS, também podem experimentar muitas dificuldades. Se considerarmos que nem todos os pais e familiares são fluentes na linguagem de sinais e que o maior núcleo eram as escolas e o contato com outros surdos da comunidade, essas crianças poderão ficar cada vez mais sozinhas durante a pandemia”, explica.
Para confirmar essa tendência, o Instituto Escuta realizou uma pesquisa com seus assistidos durante a pandemia. A maior parte das crianças atendidas ficaram sem fonoaudióloga durante a pandemia e alegaram ter maior dificuldade nas interações com os colegas de sala, nas atividades em casa e até mesmo para manter as atividades de rotina.
Nesse sentido, os danos podem impactar tanto a capacidade de se comunicar das crianças, quanto a evolução do processo de construção da fala e até o relacionamento com o mundo, como afirma a especialista:
“A perda auditiva é classificada em graus, sendo eles, do leve ao moderado, pessoas que usam aparelhos auditivos que amplificam o som e assim conseguem se comunicar através da fala e, o severo a profundo, grupo que se comunica através da língua de sinais (Libras) ou utiliza implantes cocleares e realiza um processo de reabilitação auditiva para aprender a escutar e a falar. Logo, uma criança que não recebe estímulos consistentes e frequentes para se comunicar, acaba se isolando completamente ou apresenta atraso no seu desenvolvimento da linguagem, seja qual for a modalidade utilizada – oral ou sinalizada.”
Além disso, com o uso obrigatório de máscaras o canal de comunicação se tornou cada vez mais difícil e algumas práticas precisaram ser adaptadas no contexto em que vivemos. É como reforça Dra. Mariana:
“Com a pandemia em vigor, as técnicas e meios utilizados nos programas de reabilitação auditiva precisaram mudar. Sessões online passaram a ser realizadas e o vínculo presencial com o foi interrompido, ou seja, a comunicação com o deficiente auditivo se tornou mais difícil e nem todas as famílias conseguiram se adaptar bem a esta nova realidade.”
O acompanhamento social e extra familiar é algo importante para esse grupo, principalmente neste período de vulnerabilidade. Entretanto, nem todas as famílias têm acesso a esses recursos:
“O paciente que depende de artifícios externos cedidos pelo governo, por exemplo, muitas vezes não tem continuidade das consultas via internet, sendo assim, não desenvolve as atividades de estimulação de linguagem e fala, que consecutivamente causa um déficit de aprendizado e que futuramente irá impactar no seu progresso”, finaliza a fonoaudióloga Mariana.
Surdez na infância é tema de simpósio multidisciplinar
SERVIÇO:
- O que: Surdez e Escuta: Simpósio Internacional Multidisciplinar Sobre Surdez na Infância
- Quando: Entre 30 de novembro de 2020, às 18h30 e 04 de dezembro de 2020, às 22h;
- Onde: Evento online via app Zoom (https://zoom.us/pt-pt/meetings.html ↗).
O simpósio multidisciplinar, iniciativa conjunta entre Instituto Escuta ↗ e Audição na Criança ↗, tem o objetivo de promover o tema da surdez e da qualidade de vida e reabilitação auditiva em conjunto com famílias, profissionais e parceiros.
Todo o recurso arrecadado com as inscrições e doações será voltado 100% para as atividades do Escuta junto às famílias de crianças que usam implante coclear e aparelhos de amplificação sonora individual.
*Mais informações e a programação completa nos seguintes canais:
Site do Instituto Escuta (http://institutoescuta.org.br/ ↗)
Redes sociais:
- Instagram ↗ (https://www.instagram.com/institutoescuta/ ↗)
- Facebook ↗ (https://www.facebook.com/institutoescuta/ ↗)
Para fazer a inscrição acesse este link: (https://www.sympla.com.br/surdez-e-escuta-simposio-internacional-multidisciplinar-sobre-surdez-na-infancia__987117 ↗)
Gratidão. Fico feliz que tenha gostado, Alex. Msg enviada.
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