Soundscape e Seeing AI: Aplicativos para pessoas com deficiência são gratuitos e já estão disponíveis para iOS no Brasil; Iniciativas são do Plano Microsoft Mais Brasil, em apoio à retomada econômica do país
A Microsoft acaba de lançar no Brasil as versões em português dos aplicativos Soundscape e Seeing AI ↗. Em encontro virtual na tarde de 20 de outubro, as soluções foram apresentadas aos veículos da imprensa especializada, jornalistas e usuários com deficiência visual e baixa visão.
Boa leitura!
Microsoft lança apps para cegos em português
Os aplicativos Soundscape e Seeing AI permitem que os mais de 6,5 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência visual ↗ possam utilizar as ferramentas no dia a dia de forma gratuita. Por enquanto, os Apps estão disponíveis apenas para aparelhos IOS.
O lançamento dos aplicativos, de acordo com a assessoria de imprensa, “faz parte do compromisso da Microsoft de promover Diversidade e Inclusão” através da tecnologia e também integra o plano Microsoft Mais Brasil:
“A tecnologia é um caminho para termos um mundo com soluções mais inclusivas e apps como o Soundscape e o Seeing AI são grandes exemplos disso”, afirma Rico Malvar, distinguished engineer da Microsoft Corp.
Presente no evento online, o engenheiro Rico explica que em meio ao período que estamos vivendo, a Microsoft está comprometida em trazer para os brasileiros soluções que viabilizem uma recuperação econômica inclusiva, sem deixar ninguém para trás:
“E isso passa pelo papel crítico que a tecnologia desempenha ao trazer mais autonomia para pessoas com deficiência visual”.
Alessandra Karine, líder de Diversidade e Inclusão e vice-presidente de vendas para o setor público, saúde e educação da Microsoft Brasil, explica ainda que Diversidade e Inclusão são parte da cultura da Microsoft, que apoia o desenvolvimento de soluções em acessibilidade:
“Fazemos isso por meio da inclusão de recursos acessíveis em todos os nossos produtos e serviços e também pela criação de aplicações específicas como essas que temos o prazer de agora disponibilizar para milhões de brasileiros que são cegos ou têm baixa visão”, diz a líder de Diversidade e Inclusão da Microsoft Brasil.
Conheça o Soundscape
O Soundscape foi lançado por Amos Miller, estrategista e pesquisador do Grupo Enable da Microsoft Research, que perdeu a visão devido doença genética ocular. Há algum tempo, ele e sua filha de 5 anos procuravam um local para jantar em um bairro que não conheciam. Só puderam localizar um restaurante, graças aos olhos de sua filha e ao cheiro de comida. Uma ideia ficou em sua mente: e se a tecnologia tivesse facilitado para ele encontrar este lugar, enquanto continuava a conversar com sua filha?
Ao contrário dos aplicativos de navegação tradicionais que fornecem instruções atualizadas para cada mudança de direção, o Soundscape utiliza o áudio 3D através de um fone de ouvido de realidade aumentada – o que significa que as instruções de som dadas para acessar um local coincidem com sua localização.
Confira no exemplo:
Se um usuário procura uma farmácia que está à sua direita, o fone de ouvido trará as informações de volta para o ouvido direito do usuário, não para a esquerda. O áudio 3D fornece informações sonoras que constroem um mapa mental de seu ambiente e torna muito mais fácil se locomover. Os locais disponíveis vêm do OpenStreetMap, um mapa de código aberto onde usuários são livres para contribuir com atualizações dos diferentes locais existentes.
Funcionalidade Street Preview
Já na versão 3.0, com a funcionalidade Street Preview, o Soundscape permite explorar virtualmente a vizinhança ou qualquer lugar do mundo do conforto de casa. Com um clique é possível acessar sua localização precisa e suas características: lojas, meios de transporte e pontos de interesse nas proximidades, por exemplo. Ainda é possível criar marcadores personalizados de ponto de ônibus diário, lojas, restaurantes ou a residência de alguém.
O Soundscape também é capaz de avisar quando o usuário se aproxima de um cruzamento ou travessia de pedestres e permite a adição de pontos turísticos para facilitar a exploração: o caminho entre sua posição atual e a entrada de prédios ou parques, travessias de pedestres e seus botões de controle, pontes, bocas de metrô, entre outros.
Usando o Soundscape em conjunto com auxílios tradicionais de mobilidade, como bengalas e cães-guias, a pessoa cega ou com baixa visão ganha confiança para se mover de um lugar a outro e compreender o que a cerca, sobretudo em ambientes desconhecidos. Também é possível explorar serviços essenciais como transporte público e restaurantes.
Importante ressaltar que o Soundscape é um aplicativo projetado com foco em acessibilidade e para pessoas com algum espectro de deficiência visual, entretanto, por oferecer um design inclusivo, é útil para todos com interesse em explorar o mundo com o aplicativo.
Conheça o Seeing AI
Já o Seeing AI, criado por Saqib Shaikh, engenheiro e gerente do projeto Seeing AI, utiliza a computação em nuvem e a Inteligência Artificial (IA) para descrever elementos para pessoas cegas e de baixa visão. O aplicativo até então estava disponível em outros idiomas, mas agora chega na versão em português
Para utilizar o app Seeing AI, após instalação, basta apontar a câmera do smartphone para fazer a transcrição, em textos curtos, de documentos, produtos, além de identificar notas de dinheiro e até mesmo descrever a emoção de pessoas.
O Seeing AI contou com a Inteligência Artificial para aprender a diferenciar notas em Reais. O trabalho contou com apoio de voluntários e fotos de notas para o sistema reconhecer cada uma delas. O app é capaz de transformar o mundo visual em experiência audível, abrindo um universo de possibilidades para pessoas cegas ou com baixa visão.
“Estou muito feliz por lançarmos a versão do Seeing AI em português do Brasil, incluindo o reconhecimento da moeda local, o Real. O Seeing AI pode ajudar nas tarefas do dia a dia, desde a leitura de documentos até a identificação de amigos e a identificação das suas compras – estou animado para saber como será a recepção dos usuários brasileiros para essa tecnologia”, afirmou Saqib Shaikh.
De especialistas para especialistas
Em se tratando de apps para pessoas cegas, um aval de grande peso é o da Fundação Dorina Nowill, que há mais de 70 anos se dedica à inclusão de pessoas com deficiência visual, no Brasil.
Confira o relato de Alexandre Munck, superintendente executivo da Fundação Dorina Nowill para Cegos, que apoiou a etapa de testes do Soundscape e do Seeing AI:
“O maior legado da nossa fundadora, Dorina de Gouvêa Nowill, é a luta por um mundo mais acessível e inclusivo. Há mais de 70 anos, atuamos para habilitar ou reabilitar pessoas com deficiência visual, buscando oferecer ferramentas que incentivem e impulsionem sua independência. Paralelamente, atuamos junto às famílias, aos educadores, às empresas, ao poder público e à sociedade estimulando um mundo sem barreiras ou segregação. Iniciativas como essa da Microsoft nos confortam com a sensação de que não estamos sozinhos nessa causa. E reforçam nossa certeza: grandes empresas podem atuar também em prol de um mundo e uma sociedade, de fato, cada vez mais inclusivos”.
“Avaliei como consultor e também como usuário com deficiência visual os aplicativos gratuitos Soundscape e Seeing AI, considerando seus benefícios para maior inclusão social das pessoas cegas e com baixa visão, incluindo, neste caso, a minha família e eu; amigos e demais pessoas que possam se beneficiar destas importantes ferramentas de acessibilidade. Os testes atenderam expectativas como acessar, sem nenhuma dificuldade, às telas de Ajuda de cada canal, incluindo as telas de Menu e Configurações; acionar os recursos de cada canal disponível, que apresentou resultados positivos durante a execução, e clara identificação para usuários com deficiência visual que utilizam o leitor de tela VoiceOver. Além da avaliação técnica e profissional, tive a oportunidade de utilizar satisfatoriamente os aplicativos em meus estudos, encontrando nessas ferramentas recursos que superaram barreiras até então encontradas na faculdade, pois a mesma ainda é bastante limitada em acessibilidade e, consequentemente, na inclusão de alunos com deficiência visual como eu”, contou Ademilson Conceição da Costa, Consultor em Acessibilidade da Fundação Dorina Nowill para Cegos.