Educação inclusiva e bilíngue: Instituto Alana e Mais Diferenças destacam duas escolas de Santos

Cartaz cor de rosa e placas azuis indicando "Caminhos para a formação continuada de professores na perspectiva bilíngue e inclusiva", com fotos de pessoas interagindo.

Ícone de fotografiaLegenda descritiva: Cartaz com fundo rosa e placas azuis indicando "Caminhos para a formação continuada de professores na perspectiva bilíngue e inclusiva", com fotos de pessoas com e sem deficiência interagindo. (Créditos: Reprodução)

Projeto “Alfabetização Bilíngue e Inclusiva” promove o ensino de Libras para estudantes com e sem deficiência, valorizando a equidade e a diversidade.

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    Boa leitura!

    Publicação do Instituto Alana e Mais Diferenças

    A promoção da educação inclusiva e bilíngue nas escolas municipais de Santos (SP) ganha destaque na publicação “Caminhos para a formação continuada de professores na perspectiva bilíngue e inclusiva” , lançada nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Alana e pela organização Mais Diferenças. O material apresenta o projeto “Alfabetização Bilíngue e Inclusiva”, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação de Santos entre 2021 e 2022, como parte da implementação da Lei Municipal 3.653/2019 , que estabelece a inclusão da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no currículo escolar da cidade.

    A iniciativa foi aplicada nas Unidades Municipais de Educação (UME) Pedro II e UME Vinte e Oito de Fevereiro, com foco na alfabetização e no letramento de estudantes surdos e ouvintes por meio do bilinguismo. O objetivo central foi promover a formação continuada de educadores e reforçar a importância da Libras como elemento essencial no processo de aprendizado e socialização dos estudantes.

    Educação bilíngue e o direito à inclusão

    A proposta do projeto partiu do reconhecimento da necessidade de garantir que estudantes com surdez não sejam isolados dos demais colegas, promovendo a valorização da cultura surda e da Libras como língua fundamental para o aprendizado e a interação social.

    “A defesa e o fortalecimento de uma escola bilíngue inclusiva pressupõem que as pessoas ouvintes podem aprender Libras como segunda língua, o que amplia as possibilidades de interação, de compartilhamento de experiências e de aprendizagem diversificada entre os estudantes. Ao reconhecer e reafirmar os direitos linguísticos e culturais das pessoas surdas, a escola se consagra, efetivamente, como um espaço para todos, onde as duas línguas são valorizadas e ganham vida em um processo intercultural”, explica Carla Mauch, fundadora e coordenadora da Mais Diferenças .

    A publicação destaca as bases conceituais do projeto, abordando alfabetização e letramento bilíngue, além de apresentar registros de acompanhamento pedagógico que ilustram o impacto da convivência bilíngue no ambiente escolar. Segundo Mauch, a ideia é estimular uma prática educativa colaborativa: “Queremos mudar a ideia de ‘como fazer’ para o ‘fazer com’. A proposta é pensar e fazer juntos”.

    O impacto da educação inclusiva e bilíngue nas escolas

    O projeto reforçou o compromisso do município com a inclusão. De acordo com o Censo Escolar 2023 , das 86 escolas municipais de Santos, 80 contam com estudantes com deficiência. Na rede de ensino regular, 1.522 dos 26.618 estudantes (5,7%) possuem algum tipo de deficiência. As unidades participantes do projeto foram escolhidas por abrigarem a maior quantidade de alunos com deficiência auditiva e surdez, somando 19 matrículas em 2022.

    Para cada escola, foram oferecidas 40 horas de formação continuada aos professores, abordando temas como:

    • Princípios da educação inclusiva;
    • Marcos legais e conceituais;
    • Recursos de acessibilidade como direito fundamental e estratégia pedagógica;
    • Planejamento de práticas inclusivas;
    • Cultura surda, pedagogia visual e a importância da Libras no ambiente escolar;
    • Contribuições das linguagens artísticas para o ensino inclusivo.

    Experiências em escolas de Santos: Mais equidade

    O projeto proporcionou vivências enriquecedoras para estudantes e educadores. Um dos momentos marcantes ocorreu em uma turma do 8º ano da UME Vinte e Oito de Fevereiro, onde uma professora ouvinte e um professor surdo conduziram uma atividade de mediação de leitura. A presença do educador surdo, que compartilhou sua trajetória escolar, estimulou um debate espontâneo sobre inclusão e perspectivas de futuro. Durante a conversa, uma estudante surda expressou o desejo de se tornar professora de Libras, enquanto uma aluna ouvinte afirmou: “E eu quero ser intérprete de Libras!”.

    Situações como essa demonstram a importância de um ambiente educacional bilíngue e inclusivo, onde a presença de professores surdos, o ensino de Libras para toda a comunidade escolar e a garantia de tradutores e intérpretes de Libras nas atividades pedagógicas são fundamentais para a aprendizagem equitativa.

    Educação inclusiva como compromisso social

    A implementação do projeto reforça a necessidade de diretrizes claras e investimentos contínuos para garantir uma educação verdadeiramente acessível e democrática, como afirma Beatriz Benedito, analista de políticas públicas do Instituto Alana :

    “Todas essas diretrizes devem estar presentes desde a gestão da política pública, por meio de marcos normativos, financiamento para a operacionalização e funcionamento de escolas que sejam de fato para todos, até o compromisso de todas as pessoas que atuam no chão da escola. Trata-se de uma temática complexa, que nos demanda responsabilidade, tempo, atenção e generosidade para reiterar e renovar o compromisso público e coletivo da sociedade com a educação para todos”.

    Rita de Cássia do Nascimento Quadros Mendes, que atuou como chefe da Coordenadoria de Formação (Coform) da Secretaria Municipal de Educação de Santos durante o projeto, destaca o impacto da parceria:

    “Fortalecer a educação inclusiva, possibilitando a convivência e a interação dos alunos com e sem deficiência, tem sido um dos pilares da nossa atuação. Essa parceria nos permitiu alargar e potencializar o diálogo entre todos os envolvidos nesse processo, desenvolvendo melhores estratégias para acolher as diversas características, necessidades, habilidades e diferenças dos estudantes. Os desafios são grandes, mas a generosidade, o apoio e a competência dessa rede têm a mesma medida”.

    Sobre o Instituto Alana e a Mais Diferenças

    O Instituto Alana é um ecossistema de organizações que promovem impacto socioambiental em prol da infância, defendendo a justiça social, os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável. A organização atua com educação, ciência, cultura e advocacy, sempre orientada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

    A Mais Diferenças é uma organização da sociedade civil fundada em 2005, dedicada ao desenvolvimento de iniciativas inclusivas na educação e na cultura. Com foco na acessibilidade e na defesa de direitos das pessoas com deficiência, promove ações que garantam a equiparação de oportunidades e a convivência sem discriminação ou segregação.

    A publicação “Caminhos para a formação continuada de professores na perspectiva bilíngue e inclusiva” está disponível gratuitamente e serve como referência para gestores, educadores e demais pessoas interessadas na construção de uma educação mais acessível, equitativa e democrática.

    Faça o download gratuito da publicação do Instituto Alana e da Mais Diferenças neste link

    Arte gráfica com trechos de Paulo Freire e Gilles Deleuze sobre educação, e fotos em preto e branco de pessoas interagindo em contextos da educação inclusiva e bilíngue das escolas de Santos.
    Descrição da Imagem: A imagem traz um design moderno com fundo branco e elementos gráficos em azul e rosa. No lado esquerdo, há uma citação de Paulo Freire dentro de um fundo rosa: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra.” Abaixo, há uma imagem em preto e branco de duas mulheres, uma delas usando óculos azuis, conversando e gesticulando. Acima, uma professora segura um cartão azul enquanto explica algo.
    No lado direito, há outra citação em um fundo rosa, desta vez de Gilles Deleuze: “Nada aprendemos com aquele que nos diz: ‘faça como eu’. Nossos únicos mestres são aqueles que nos dizem: ‘faça comigo’ e que, em vez de nos propor gestos a serem reproduzidos, sabem emitir signos a serem desenvolvidos no heterogêneo.” Abaixo, um jovem aponta para cima, enquanto uma professora segura uma boneca. Há elementos gráficos como livros empilhados, hexágonos azuis e mãos interagindo com cartões e papéis. (Imagem: Edição de arte / Divulgação)

     

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