O projeto é uma parceria do Somos CIEE, MPT e OIT, que fornece bolsa assistência financeira mensal, apoio psicossocial e mentoria profissional.
Recentemente, em São Paulo, foi lançado o projeto “Somos Inclusão”. Este é um esforço conjunto do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Associação Somos CIEE ↗, programa social apoiado pelo CIEE, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O projeto oferece bolsas de estudo e apoio psicossocial para 20 estudantes com deficiência da Unifesp. O objetivo é ajudar esse grupo de pessoas com deficiência, que também estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica, a concluir o ensino superior e obter melhores oportunidades de trabalho.
O papel do Projeto Somos Inclusão na Unifesp
Carolina Carlech Dantas Saraiva dos Santos, estudante de Medicina e beneficiária do projeto, destaca a importância crucial dessa parceria para transformar a vida de muitos jovens. Ela acredita que o projeto proporciona maior segurança psicológica e financeira durante a graduação. Carolina também enfatiza a importância do apoio psicossocial, pois muitas pessoas desconhecem seus direitos e enfrentam problemas na universidade, o que pode levar à evasão do ensino superior.
No total, 20 estudantes (12 mulheres e 8 homens) com deficiências como surdez, baixa visão, cegueira, deficiência física, intelectual, múltipla e Transtorno do Espectro Autista (TEA) serão beneficiados pelo projeto. Cada estudante receberá uma bolsa de assistência financeira e de permanência nos estudos no valor de R$ 600,00 reais mensais durante toda a graduação. Além disso, também receberão apoio psicossocial e mentoria profissional.
As alunas e os alunos ingressaram na Unifesp nos anos de 2022 e 2023 e estão matriculados em uma variedade de cursos. Seis estudantes estão cursando Medicina, cinco estão em Serviço Social e dois em Ciências Sociais. Além disso, há um estudante em cada um dos seguintes cursos: Direito, Farmácia, História, Letras, Licenciatura em Ciência, Psicologia e Interdisciplinar em Ciências.
Desafios de Estudantes com Deficiência no Brasil
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, estima-se que a população com deficiência no Brasil seja de 18,6 milhões de pessoas. A pesquisa também revela que essas pessoas estão menos inseridas no mundo do trabalho e nas escolas, o que resulta em um acesso mais difícil à renda.
Durante o período analisado pela PNAD Contínua, a maioria das pessoas com 25 anos ou mais e com deficiência não completou a educação básica: 63,3% não tinham instrução ou tinham o ensino fundamental incompleto e 11,1% tinham o ensino fundamental completo ou o ensino médio incompleto. A proporção de pessoas com nível superior foi de 7,0% para as pessoas com deficiência e 20,9% para as pessoas sem deficiência.
Ao longo da jornada acadêmica, é comum que estudantes com deficiência enfrentem várias barreiras, incluindo desafios de comunicação, metodológicos e comportamentais. Essas dificuldades, juntamente com questões de vulnerabilidade socioeconômica, podem afetar o acesso à educação de qualidade, a permanência na universidade e a conclusão do ensino superior.
Metas e Compromisso Social da Unifesp
“A gente pensa que o básico é chegar à universidade, mas é preciso se manter. A bolsa de estudo certamente pode auxiliar, assim como todo o complemento como apoio psicológico e acadêmico. Não há sentido em ter vagas públicas se as pessoas não conseguem se manter”, afirmou a procuradora do trabalho do MPT de São Paulo, Sofia Vilela.
A vice-reitora da Unifesp, Profª Dra. Lia Rita Azeredo Bittencourt, destaca que a principal meta da nova parceria é aumentar a permanência de alunos de graduação como uma política de acessibilidade. Isso, por sua vez, favorecerá a promoção e inclusão desses alunos no mundo do trabalho.
“Mais uma vez a gente consolida esse elo no intuito de suprir, ao menos parcialmente, esta demanda, e contribuir para a promoção da permanência de estudantes com deficiência e em situações de vulnerabilidade socioeconômica na instituição. Convergindo e reforçando o papel transformador da educação pautado pela realidade social “, destacou ela.
O gerente de Assistência Social do CIEE, Rodrigo Nader, destacou ainda:
“Esse tipo de iniciativa não acontece do nada e demorou para termos parceiros. Significa um compromisso com os diversos desafios que devemos enfrentar para assegurar uma educação de qualidade para todos, e em particular, com os 20 estudantes de graduação da Unifesp”.
Contribuição para a Política Pública e Cidadania
Diego Calixto, oficial nacional de projetos da OIT, ressalta a importância do projeto na contribuição para a política pública. Ele acredita que o projeto é crucial para combater a discriminação, promover a inclusão e garantir o pleno exercício da cidadania.
“O projeto é uma oportunidade de promover o acesso e permanência desses jovens ao ensino superior, a elevação da escolaridade e o ingresso qualificado no mercado de trabalho decente. É de fundamental importância a mais ampla articulação e união de esforços dos diferentes segmentos da sociedade, com especial destaque para o protagonismo das próprias pessoas com deficiência, em iniciativas que visem melhorar a qualidade de vida e promover a inclusão como uma forma de equidade social”, destacou.
Da Equipe de Redação