Projeto Asas auxilia pessoa com deficiência a crescer e envelhecer com autonomia e dignidade desde 2020

Lisabeth e seu filho Claudio Leoni Arruda, com sobreposição do logo do Projeto Asas, que auxilia pessoa com deficiência a envelhecer com autonomia e qualidade de vida desde 2020.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte com foto colorida e sobreposição do logo do Projeto Asas, que auxilia pessoa com deficiência a envelhecer com autonomia e qualidade de vida desde 2020. Na fotografia, com filtro branco ressaltando o logo do projeto, estão Lisabeth e seu filho Claudio Leoni Arruda, que participam do projeto Asas. À esquerda está o Claudio, homem de pele branca e cabelos castanhos claros. Usa óculos de grau e sorri. À direita está Lisabeth, mulher branca com cabelos grisalhos curtos, que também sorri. (Imagem: Edição de arte. Foto: Acervo. Créditos: feac.org.br)

Com metodologia desenvolvida no Canadá há mais de 20 anos, o projeto trazido ao País pela ASID Brasil garante um futuro com autonomia e qualidade de vida às pessoas com deficiência

Quem cuidará do meu filho com deficiência no futuro? Esta é uma preocupação compartilhada por muitos pais e mães e foi a partir dela que nasceu o Projeto Asas, um método que se propõe a criar, fortalecer e ampliar a rede de apoio para pessoas com deficiência, visando que elas possam envelhecer com maior autonomia e qualidade de vida.

Projeto Asas: Envelhecer com autonomia

“Se, em uma família, só a mãe é responsável pelo cuidado do filho com deficiência, o que vai acontecer quando ela não estiver mais aqui? Se o filho não tiver uma rede de apoio, se ele não tiver amigos, se não fizer parte de mais nenhum grupo, com quem poderá contar?”, questiona Viviane Machado, líder do Programa Mobilização pela Autonomia , da FEAC.

A metodologia do projeto Asas foi desenvolvida no Canadá há mais de 20 anos, pelo Plan Institute, e é aplicada em diversos países. Em 2020, a ASID Brasil – Ação Social para Igualdade das Diferenças foi responsável por trazê-la ao Brasil, por meio de um projeto-piloto realizado via plataforma on-line, com 105 famílias de São Paulo (SP) e Curitiba (PR).

Agora, chegou a hora de trabalhar em rede e multiplicar impactos: a partir de maio de 2022, a ASID Brasil vai capacitar 10 Organizações da Sociedade Civil (OSC) de Campinas – no interior paulista, parceiras da FEAC, que atuam com a inclusão da pessoa com deficiência. O objetivo é repassar a metodologia Asas e auxiliar essas organizações a aplicá-la aos seus beneficiados.

Plano de vida e rede de apoio

“A assistência social, as escolas ou organizações sociais trabalham no ‘agora’ da pessoa com deficiência, mas pensam muito pouco no futuro”, avalia Pedro Ivo Toscano, líder de Novos Negócios da ASID Brasil. Em uma das atividades do projeto, por exemplo, o familiar é convidado a escrever uma ‘carta para o futuro’, expressando como gostaria que as pessoas tratem seu familiar com deficiência, quando ele não puder estar presente.

Além de fomentar reflexões sobre o futuro, o Asas promove a criação de um plano de vida individual para a pessoa com deficiência, visando estimular o seu ‘voo’. Para isso, é fundamental trabalhar para o fortalecimento de uma rede de apoio, com quem a pessoa possa contar na ausência de seus pais.

“Nossos filhos vão ter que passar pela perda de familiares, mais cedo ou mais tarde. Para nós, falar sobre isso nunca foi um problema, mas durante o projeto eu vi que, em muitas famílias, esse assunto nunca veio à tona”, relata Lisabeth Aleoni Arruda, que participou do projeto-piloto. Ela é mãe de Claudio Aleoni Arruda, 37 anos, que tem Trissomia 21 (síndrome de Down).

Ao todo, são 20 horas de oficina, onde a pessoa com deficiência e um familiar participam. O projeto é voltado para qualquer deficiência, mas 90% dos participantes do projeto-piloto eram pessoas com deficiência intelectual.

Pessoa surdo-cega caminha em área externa usando bengala de ponta vermelha. Sobreposição do logo do projeto asas.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte com foto colorida e sobreposição do logo do Projeto Asas, centralizado no rodapé. A fotografia mostra uma pessoa, da cintura pra baixo, caminhando em área externa com auxílio de bengala de ponta vermelha, indicando que o usuário é uma pessoa surdo-cega. Usa calça jeans e tênis. Foi aplicado um filtro branco ressaltando o logo do projeto. (Imagem: Edição de arte. Foto: Divulgação/ASID Brasil)

Isolamento da pessoa com deficiência

No Brasil, apenas 7% das sete milhões de pessoas com deficiência aptas para o mercado de trabalho estão empregadas, segundo dados de 2018 da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). “Na nossa sociedade, tudo tende a fazer com que a pessoa com deficiência não esteja preparada para o envelhecimento: com frequência, elas são excluídas da escola e do mercado de trabalho, por exemplo, o que cria muitas barreiras para a rotina social”, afirma Pedro, da ASID Brasil.

O projeto Asas busca mudar esse cenário, estimulando a pessoa com deficiência a ir além do núcleo familiar, formando novas conexões. “A rede de apoio é importante para qualquer pessoa, independentemente de ter ou não deficiência. Para a pessoa com deficiência, ela triplica o peso, porque são pessoas que, apesar de terem autonomia em vários setores, precisam de apoios”, avalia Lisabeth.

No caso do seu filho Claudio, ela o auxilia na locomoção pela cidade, levando-o até os locais, contratando um motorista ou chamando um carro pelo aplicativo. Há dois anos, eles vivem em Piracicaba (SP), cidade da família de Lisabeth. Antes, moravam em São Paulo. Em uma das atividades do Asas, os participantes realizam um mapeamento da rede de apoio, identificando possíveis parentes ou amigos para fortalecer laços. A família, então, entra em contato com essas pessoas para checar se há reciprocidade.

Durante essa atividade, Lisabeth descobriu que seu filho Claudio gostaria de morar com uma prima, quando os pais não estiverem mais aqui. “Na conversa que tivemos, ela se mostrou totalmente aberta. Em relação à rede de apoio, eu posso ficar tranquila. Claudio é uma pessoa com tanto empoderamento de sua vida, que não vai ser um peso para ninguém.”

Futuros possíveis: Garantindo o amanhã

Rosângela Biano, assistente social e facilitadora do projeto-piloto, conta que, com o passar dos encontros, o projeto despertou novas possibilidades de futuro, acalmando o ‘susto inicial’ dos pais ao pensar na problemática levantada. “Se amanhã eu não estiver aqui, o que posso já preparar hoje para meu filho? Eu vejo que esse é o maior impacto do projeto: os familiares enxergarem que existe uma saída”, diz.

Aos poucos, a possibilidade de uma vida mais autônoma começa a ganhar forma. “É maravilhoso quando percebemos que, apesar daquela limitação, a pessoa com deficiência pode vivenciar experiências como qualquer outra”, analisa Rosângela. O projeto-piloto atingiu as expectativas: segundo a avaliação, 65% das famílias concluíram o plano de ação familiar durante as oficinas. As demais iniciaram o processo durante os encontros.

Homem pardo sentado em cadeira de rodas, em ambiente interno. Tem um laptop no colo, usa camisa clara e calça escura. Sobreposição do logo do projeto asas.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte com foto colorida e sobreposição do logo do Projeto Asas, centralizado à esquerda superior. Foto de homem pardo sentado em cadeira de rodas, em ambiente interno. Tem um laptop no colo, usa camisa clara e calça escura. Foi aplicado um filtro verde claro ressaltando o logo do projeto. (Imagem: Edição de arte. Foto: Divulgação/ASID Brasil)
Sobre a Fundação FEAC

A Fundação FEAC é uma organização independente que atua em Campinas (SP) com o objetivo de contribuir para criação de uma sociedade mais justa, sustentável e com igualdade de oportunidades. Para isso, investe em ações de educação, assistência social e promoção humana com foco nas regiões e nas populações mais vulneráveis, especialmente crianças e jovens, e no impulsionamento de organizações da sociedade civil, empresas e pessoas para as causas sociais.

Sobre a ASID Brasil

A ASID é uma organização social voltada à construção de uma sociedade inclusiva por meio de projetos de responsabilidade social, como voluntariado, inclusão no mercado de trabalho e desenvolvimento de gestão de organizações parceiras. Com mais de dez anos de atividades, tem mais de 100 mil pessoas impactadas e mais de 7 mil voluntários. A ASID também possui reconhecimento a partir de prêmios nacionais e internacionais, como o Melhores ONGs Época e o United People Global. Mais informações nos links úteis abaixo.

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Da Equipe de Redação

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