Hospital atende na divisa com a Bolívia com profissionais da Enfermagem que falam os dialetos de pacientes e usam ervas e hortaliças de 35 plantas de espécies
Nesta quarta-feira (19), quando é celebrado o Dia dos Povos Indígenas, o Hospital Bom Pastor, em Guajará-Mirim (RO), destaca as iniciativas desenvolvidas que incorporam o entendimento e o respeito aos povos indígenas na assistência humanizada oferecida para mais de cinco mil indígenas da região.
Boa leitura!
Pacientes indígenas de 54 aldeias
Localizado na fronteira com a Bolívia, em meio à floresta Amazônica, a unidade atua como referência para 54 aldeias da região, das quais cerca de 90% são acessíveis somente por meio fluvial.
Entre as iniciativas desenvolvidas no hospital, ganham destaque a presença de técnicos em enfermagem indígenas, com fluência no dialeto para facilitar a comunicação, serviço de nutrição voltado aos hábitos alimentares indígenas, e a horta medicinal, para atender a cultura das aldeias com tratamento fitoterápico.
Atendimento humanizado e acolhedor
A unidade também conta com outras adaptações especialmente para acolhimento dos povos originários, como instalação de redes nas enfermarias, horário livre para visita e a permissão para mais de um acompanhante, quando liberado pelo médico e enfermeiros.
“Podemos destacar ainda o ambiente com uma oca indígena, construída para humanizar o atendimento dos pacientes e visitantes, buscando trazer para dentro do hospital um local próximo do vivido nas aldeias”, complementa o diretor Hospitalar, Geraldo Fonseca. “Eles conhecem nosso trabalho, se sentem acolhidos e seguros em nos procurar”, ressalta o gestor.
Semeado com amor e com ervas locais
Por meio do projeto ‘Semear com Amor’, a unidade hospitalar faz uso farmacêutico de ervas e hortaliças no combate a diversas doenças e sintomas. A horta está atividade há cerca de quatro anos e possui cerca de 35 plantas de espécies diferentes.
“São ervas que estão no cotidiano e cultura de nossos pacientes indígenas. Após a colheita, transformamos em chás que podem ajudar em diversos sintomas, como alívio de dores, gripes, problemas no fígado e no intestino e calmantes, além de fortalecermos o vínculo com pacientes e comunidade”, explica o diretor Técnico do hospital, médico Juan Carlos Boado.
25% de internações de indígenas
Distante dos centros urbanos, a unidade própria da entidade filantrópica Pró-Saúde ↗, atende uma população de mais de cinco mil indígenas, com realização de consultas, exames, cirurgias, partos e internações. Pneumonia, infecções virais, malária e desnutrição estão entre as principais causas de atendimento.
Em 2022, quase 25% das internações realizadas foram de pacientes indígenas, principalmente para tratamentos clínicos, obstétricos, ginecológicos, pediátricos além de partos.
O índice permite traçar as características mais relevantes das necessidades deste público:
“Na pediatria, a maioria dos pacientes busca assistência para problemas gastrointestinais, respiratórios, desnutrição e para tratar picadas de animais peçonhentos”, explica o médico Juan.
Já na clínica-geral para adultos, a maioria busca auxílio por problemas respiratórios, como pneumonia e bronquiolite, diarreicos, infecções virais e do trato urinário, além de malária.
“Há também muitos casos de desnutrição, principalmente em pacientes idosos. São problemas diretamente relacionados com os hábitos de vida nas aldeias e dentro da floresta”, explica Juan Carlos Boado, diretor Técnico.
A unidade também atua como a única maternidade do município, assim, todas as gestantes são diretamente encaminhadas ao Bom Pastor, inclusive as indígenas. No ano passado, dos 786 partos realizados, 159 foram de pacientes indígenas.