Festival Funarte Acessibilidança apresenta espetáculos premiados do Sudeste do País

Montagem com oito fotografia dos espetáculos a se apresentar no Festival Funarte Acessibilidança.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte com oito fotografias, dos espetáculos do Festival Funarte Acessibilidança. As fotografias correspondem às montagens dos grupos: Cia. ILTDA, Pulsar Cia. de Dança, Trupe CircoDança, bailarina Renata Mara, Cia. Carioca sobre Rodas, Cia. Gente, Núcleo Quimera de Criações e Coletivo Desvio Padrão. Sobreposto à imagem, no centro, aparece o logo do evento e no canto direito inferior, o logo da Fundação Nacional de Artes – Funarte. Créditos: Divulgação/ Editado

Começa em 13 de outubro, a última etapa do festival, que já passou pelo Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul

Oito companhias de dança encerram a temporada de montagens do Festival Funarte Acessibilidança, com audiodescrição e Libras, no canal da Fundação no YouTube

Encerrando a 1ª edição do Festival Funarte Acessibilidança, é anunciada sua quinta e última etapa, entre 13 de outubro e 05 de novembro, com transmissão online e recursos de acessibilidade digital (Libras e audiodescrição). O evento é resultado do Prêmio Festival Funarte Acessibilidança Virtual 2020, que selecionou 25 projetos de vídeos de espetáculos, que promovem o acesso de todas as pessoas à arte. Apresentações de artistas com deficiência – cadeirantes e baixa visão, entre outras, e artistas sem deficiência. 

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As companhias de dança da Região Sudeste mostram todo o talento e a diversidade local, por meio de vídeos acessíveis de oito espetáculos premiados. Performances inclusivas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo ficarão disponíveis para acesso gratuito no canal da Funarte no YouTube , logo após o lançamento. Os projetos contemplados nas demais regiões do Brasil já podem ser apreciados na plataforma de vídeos.

A partir dessa quarta-feira, serão exibidos dois espetáculos por semana, às quartas e sextas-feiras, sempre às 20h. As montagens Coisa de Anjo e Olhares Ímpares, ambas do Rio de Janeiro, abrem a agenda do Sudeste. Na semana seguinte, os contemplados Conexões, de São Paulo, e Húmus, de Minas Gerais, serão disponibilizados no canal.

Depois, o Rio de Janeiro apresenta mais dois premiados: Diversidade na dança através da singularidade de cada bailarino e Elementos disponíveis para outras composições, no final de outubro. Já em novembro, fechando a primeira edição do Festival, entram em cartaz: Annata Só se fechar os olhos, de São Paulo.

Apresentação do Espetáculo Coisa de Anjo, da Cia. ILTDA (RJ). Artistas em palco, com pouca iluminação.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia do espetáculo Coisa de Anjo, da Cia. ILTDA. No palco, com pouca iluminação, está a artista Analú, ex-atleta paralímpica de judô. Mulher branca com cabelos castanhos. Atrás dela está seu companheiro Elder Oliveira. Créditos: Divulgação

13 de outubro

A programação começa com Coisa de Anjo, da Cia. ILTDA, do Rio de Janeiro. O trabalho coreográfico narra a história de vida de Analú, ex-atleta paralímpica de judô e, atualmente, artista cênica. No palco, a protagonista contracena com o seu companheiro Elder Oliveira e o seu “anjo” Cauã, um cão-guia. A obra híbrida une técnicas de dança, teatro, circo, judô e audiovisual. 

“Uma história contada por quem não vê, que pretende ampliar horizontes, abrandar sentimentos e aflorar desejos e conquistas para todos os públicos”, reforça o grupo. “Seja um cão ou uma pessoa, o importante é que sempre temos nossos anjos”, reforça a artista.

Homem em cadeira de rodas, durante a performance "Olhares Ímpares. Créditos: ALEXANDRE MAIA
Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto de artista em cadeira de rodas. Homem branco de cabelos pretos longos presos. Ele está deitado, com as costas da cadeira no chão, e o braço direito esticado para o alto. Usa camisa branca e calça preta. Créditos: Alexandre Maia

15 de outubro

Já a Pulsar Cia. de Dança, também do Rio, apresenta Olhares Ímpares. O espetáculo em vídeo celebra os 20 anos de existência da companhia e contará com a participação de antigos e atuais integrantes dos seus projetos coreográficos. A Pulsar foi uma das pioneiras no Brasil a ter em seu elenco artistas com ou sem deficiência, buscando potencializar o movimento com corpos ímpares. 

“Tenho olhos para sentir. Quero lhe falar sobre o olho da interioridade. Olho da boca, olho da orelha, olho da pele, olho do tato. Um olho aquático. Que boia, desliza, evapora. (…) Vejo dois pedaços de pernas, e uma fração de pés entrelaçados”, reflete o grupo, ao explicar a obra de dança inclusiva.

Dois artistas em cadeira de rodas e outro sentado no chão, do Espetáculo Conexões, da Trupe CircoDança (SP).
Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto da Trupe CircoDança, em apresentação da obra Conexões, com três artistas em fila. Atrás esta uma mulher em cadeira de rodas, à sua frente há outro cadeirante, e em primeiro lugar uma mulher está sentada no chão. Os três estão com os braços abertos para o alto. Créditos: Divulgação

20 de outubro

Conexões, de São Paulo, estreia no Festival com a Trupe CircoDança. O trabalho conta a história de um escritor em crise. Em cena, ao se deparar com objetos afetivos — neste caso, uma caixinha de música, um manton (xale) e um violoncelo —, ele aciona sua memória. Logo depois, dedica-se ao trabalho de escrever poesias, por meio das conexões de seus pensamentos com os artistas que povoam sua mente criativa. 

Dez bailarinos e acrobatas interpretam as cenas, baseadas nos pensamentos dele. Enquanto o escritor cria seu próprio universo, os personagens surgem em sua mente e apresentam performances, tornando sua escrita cada vez mais criativa.

Artistas em apresentação da montagem "HÚMUS". Foto divulgação angulosfoto.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Dois artistas da montagem mineira Húmus. Eles estão no palco, em performance corporal. Atrás está um homem e à frente está a bailarina Renata Mara, que tem baixa visão. Créditos: Divulgação/Angulos Foto

22 de outubro

A montagem mineira Húmus será lançada na plataforma de vídeos com trabalho assinado pela bailarina Renata Mara, na concepção e na direção. A artista tem baixa visão, ocasionada por uma doença degenerativa da retina. A obra reflete uma estética da sensação, trazendo a sensibilidade da bailarina para o seu fazer em dança. 

“A diversidade dos corpos em cena evidencia tanto as particularidades e habilidades dos bailarinos quanto a inexorável condição humana, marcada pela espiral de nascimento e morte. Humano, humilde, enraizado na terra. A palavra ‘húmus’ indica: substância orgânica, amorfa, proveniente da decomposição vegetal e animal que revitaliza e fertiliza o solo”, explica a artista.

Três cadeirantes do Espetáculo Diversidade na dança através da singularidade de cada bailarino, da Cia. Carioca sobre Rodas (RJ)
Descrição da imagem #PraCegoVer: Três artistas cadeirantes, da Cia. Carioca sobre Rodas. À esquerda, mulher de pele morena e cabelos cacheados. Usa blusinha regata preta, calça jeans e óculos de grau. Na sequência, homem pardo usando chapéu branco, camiseta e calça. À direita da fotografia, outra mulher em cadeira de rodas. Ela tem pele clara, cabelos pretos longos, usa óculos de grau e roupa branca. Créditos: Madu Oliveira

27 de outubro

Já a Cia. Carioca sobre Rodas, do Rio de Janeiro, exibe Diversidade na dança através da singularidade de cada bailarino. O trabalho foi criado a partir do projeto Carioca sobre Rodas, mesmo nome da atual companhia. O objetivo principal era ensinar dança de salão para cadeirantes, além de promover a diversidade na dança, inserir os dançarinos na sociedade e trabalhar os benefícios que a modalidade proporciona ao corpo e à mente. 

O vídeo apresenta as singularidades da dança de salão adaptada aos bailarinos cadeirantes e andantes, ressaltando a diversidade com a inclusão de dançarinas idosas e plus sizes. “Por todo esse tempo, crianças e adolescentes cadeirantes tiveram a oportunidade de experimentar os benefícios que a dança traz para suas vidas, por meio da inclusão social com os andantes, além dos benefícios físicos e psicológicos”, conta o grupo.

Mulher deitada no palco, em performance do espetáculo Elementos disponíveis para outras composições.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto de mulher negra com pela morena e cabelos crespos pretos longos. No palco, a artista da Cia. Gente está deitada com a barriga para no chão e o braço direito estendido. Usa blusa preta e calça jeans. Créditos: Divulgação

29 de outubro

Elementos disponíveis para outras composições, também do Rio, será apresentada pela Cia. Gente, que compilou três obras do criador da companhia, Paulo Emílio Azevedo: Procedimentos de 1 Pseudópodo (2009); Procedimento II Urbano (2008), e Gudubik (2011). Para a criação da obra, novas cenas foram incluídas, para produzir um redimensionamento do olhar sobre a diferença e rearranjos estéticos pautados na diversidade corporal.  Segundo o grupo, a intenção é fomentar o diálogo com o público sobre a diferença. 

“Desse modo, sugerem-se interações a partir de outras representações possíveis e positivas do corpo com deficiência, avançando, artística e epistemologicamente, sobre a categoria inclusão, a fim de nascer a ideia de protagonismo. Limitações passam a ser consideradas como possibilidades estéticas”.

Homem lava as mãos na bacia, pelo Espetáculo Annata, do Núcleo Quimera de Criações (SP), Anatta Jardim.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto da exibição Annata, do Núcleo Quimera de Criações. Homem de pele parda e cabelos grisalhos está entre árvores e plantas, agachado no chão enquanto lava as mãos em uma bacia com água. Créditos: Divulgação

03 de novembro  

Abrindo o mês, o Núcleo Quimera de Criações, de São Paulo, exibe Annata. O projeto surgiu da união de três artistas: um coreógrafo; um bailarino e artista visual; e um videomaker. O objetivo era unir vivências artísticas diferentes em uma única criação, que envolvesse dança, música, literatura, artes plásticas e vídeo. 

Os textos Elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke; Coríntios – 13.1, de Paulo de Tarso; e A Tempestade, de William Shakespeare, foram as fontes de inspiração para a obra. A narrativa traz um homem/anjo que viaja pelas formas de expressão corporal do minimalismo e explora a liberdade de movimentação da dança contemporânea. A peça coreográfica aborda a relação idealizada entre anjos e humanos, anseios, infortúnios e a busca constante por unidade. Victor Andreuci, artista com Síndrome de Down, é o protagonista.

Três artistas da peça Só se fechar os olhos, encerrando a etapa do Festival Funarte Acessibilidança.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Tres artistas do espetáculo Só se fechar os olhos. À esquerda está uma mulher com vestido branco de época e, à direita, outra artista com vestido preto. No centro, mas ao fundo, há um homem usando máscara e tocando violão. Créditos: Thamires Mulatinho

05 de novembro

Quem encerra a agenda da primeira edição do Festival é o espetáculo Só se fechar os olhos, de São Paulo. A obra coreográfica do Coletivo Desvio Padrão propõe um mergulho na audiodescrição, para fazer emergir temas de grande alcance, que buscam tocar nas camadas mais profundas dos processos mentais. A concepção e a performance são assinadas por Maria Fernanda Carmo e Mariana Farcetta. 

“O duo de dança só acontece dentro da mente daqueles que são cegos ou daqueles que topam fechar os olhos para viver essa experiência de estar privado da visão. O texto que descreve essa dança inusitada, escrito pelo ator e dramaturgo Edgar Jacques – cego desde a infância, é narrado pelas performers, imóveis em cena. O criador dessa montagem nunca viu uma obra de dança. E isso lhe permite criar o que bem entender”, explica o grupo.

SOBRE O FESTIVAL ACESSIBILIDANÇA

A primeira edição do Festival Funarte Acessibilidança foi criada a partir das ações do Prêmio Festival Funarte Acessibilidança Virtual 2020. No concurso público, foram premiados 25 projetos de vídeos de espetáculos, que promovem o acesso de todas as pessoas à arte. O objetivo do processo seletivo é valorizar e fortalecer a expressão da dança brasileira, bem como fomentar a democratização, a inclusão e a acessibilidade.

Com a iniciativa, a Funarte busca realizar novas ações a partir do uso das mais recentes tecnologias, estendendo, desse modo, um novo modelo para todo o Brasil. Assim, a Fundação reforça seu compromisso de promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país; e de atuar para que a população possa cada vez mais usufruir das manifestações artísticas. Criada em 1975, a Funarte segue, portanto, empenhada em acompanhar as transformações no cenário artístico e social.

Foto com três artistas em cadeira de rodas, em área externa.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia em área externa faz parte do Rodas em Dança: Livre e Lives, da Cia. de Dança Street Cadeirante (DF). Três pessoas em cadeiras de rodas estão lado a lado em uma rua de asfalto. Todos usam máscaras de proteção e roupas brancas. A fotografia foi tirada próxima ao chão, entre as rosas de uma cadeira. Ao fundo há árvores e gramado. Créditos: Divulgação

O coordenador de Dança, Fabiano Carneiro, destaca a importância do projeto e já adianta uma série de desdobramentos e conexões que estão sendo estabelecidas a partir do lançamento do programa inédito na instituição. 

“O Festival Funarte Acessibilidança tem um papel de extrema relevância para a classe artística e para a sociedade, ao contemplar a participação de artistas com e sem deficiência em sua programação. O festival proporciona, ao público espectador, uma agenda diversificada e totalmente acessível por meio dos canais digitais da Funarte. Estamos planejando a segunda edição do Festival e, em breve, vamos realizar encontros virtuais entre os artistas das diferentes regiões do Brasil”, ressalta o coordenador.

Festival Funarte Acessibilidança (Com audiodescrição e Libras)

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