Benjamin Button: Após 25 anos, estudo de caso sobre progéria ainda é referência global

Mãos de uma pessoa com progéria, síndrome retratada no filme Benjamin Button, sobre um fundo azul.
A progéria, ou síndrome de Hutchinson-Gilford, foi destaque do filme O Curioso Caso de Benjamin Button, e é marcada por envelhecimento acelerado e morte prematura. (Foto: Divulgação/PUC)

O estudo de caso sobre progéria, realizado na Faculdade de Medicina da PUC-SP, foi citado na revista Nature e publicado na Annales de Génétique.

Em 1999, um raríssimo caso de progéria foi identificado pela Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP , em Sorocaba. Giselle Helena de Paula Rodrigues, então aluna do sexto ano, iniciou um estudo dedicado à condição. Caracterizada pelo envelhecimento precoce do corpo humano, a progéria tem uma incidência estimada em um a cada oito milhões de nascimentos. Até o momento, foram registrados menos de 100 casos na literatura médica mundial.

Atualmente, Giselle é docente na FCMS, lecionando a disciplina de Clínica Médica para estudantes do quarto ano. Ela relembra:

“Quando eu estava no sexto ano, meu interesse era pela Geriatria. Durante meu estágio de Pediatria, a doutora Izilda das Eiras Tâmega me apresentou anotações sobre um caso de envelhecimento precoce tratado no ambulatório da faculdade. Tratava-se da progéria, também conhecida como Síndrome de Hutchinson-Gilford”.

A busca por informações em uma época analógica

Giselle detalha que, com essas informações iniciais, buscou o prontuário da criança e realizou uma extensa pesquisa bibliográfica, numa época em que os registros não eram digitalizados, o que demandava um esforço considerável. Até então, apenas 70 casos eram conhecidos mundialmente, motivando-a a publicar seu próprio estudo.

A paciente faleceu aos 18 anos de idade, com aparência de 80

Para aprofundar sua pesquisa, Giselle uniu os conhecimentos de duas especialidades que, no caso, eram convergentes: a Pediatria e a Geriatria. Ela contou com o apoio do geriatra Vicente Spinola Dias Neto. “Ele me acompanhou até à casa da família da paciente. A jovem morreu com 18 anos de idade e aparência e alterações clínicas correspondentes a um idoso de 80 anos.”

Estudo de caso apresentado até no exterior

Após a conclusão do estudo, em 1999, Giselle não só apresentou seus achados em congressos nacionais, como também levou sua pesquisa para o cenário mundial. Como médica recém-formada, ela expandiu o alcance de seu trabalho, apresentando-o no IV Congresso Latino-Americano de Geriatria e Gerontologia (2003, Santiago, Chile), 17º Congresso Mundial da Associação Internacional de Gerontologia (2001, Vancouver, Canadá), The AGS/AFAR 2000 Annual Scientific Meeting (2000, Nashville, EUA), IX Simpósio de Geriatria e Gerontologia da Aeronáutica (2000, Rio de Janeiro, Brasil), 2º Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia (2001, São Paulo, Brasil) e no XVI Congresso da Sociedade Universitária Médica de Estímulo à Pesquisa (1999, Sorocaba, Brasil).

Revistas renomadas publicaram o estudo

O trabalho de Giselle foi compartilhado e citado em várias revistas, como, por exemplo, a Annales de Génétique, Pediatria Atual e Nature, uma das maiores publicações científicas do mundo.

Filme Benjamin Button: 13 indicações ao Oscar

O filme “O Curioso Caso de Benjamin Button”, lançado em 2008, trouxe à tona a rara condição conhecida como progéria, ou síndrome de Hutchinson-Gilford. O longa-metragem, estrelado por Brad Pitt e Cate Blanchett, conta a história fictícia de um homem que nasce idoso e rejuvenesce com o passar do tempo.

A trama, embora não seja uma representação precisa da progéria, ajudou a aumentar a conscientização sobre a condição. No filme, Benjamin Button, interpretado por Pitt, nasce com a aparência e as doenças de um homem de 80 anos. Com o passar do tempo, ele vai rejuvenescendo, vivendo sua vida ao contrário.

A narrativa cativante e a atuação impressionante de Pitt renderam ao filme 13 indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor para David Fincher e Melhor Ator para Pitt. O filme acabou ganhando três prêmios: Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhores Efeitos Visuais.

Apesar das diferenças entre a história de Benjamin Button e a realidade da progéria, o filme serviu para chamar a atenção para a condição e para a necessidade de mais pesquisas e tratamentos. Através da ficção, “O Curioso Caso de Benjamin Button” contribuiu para a conscientização sobre uma condição médica rara e pouco compreendida. Ainda hoje, o filme é lembrado como uma obra que trouxe a progéria para o centro das atenções do público e da comunidade médica.

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Jornalista Inclusivo

Da Equipe de Redação

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