Autismo para pessoas leigas: Entenda 4 mitos sobre o espectro autista

Criança e adulto brincando com blocos de construção coloridos em uma mesa branca, para abordar os mitos sobre o espectro autista.
Como pedagoga e mãe de dois meninos autistas, resolvi explicar o autismo para pessoas leigas de uma forma simples e objetiva, revelando alguns mitos que orbitam o espectro. (Foto: Freepik)

Desmistificando o TEA: Um guia sobre autismo para pessoas leigas e a verdade por trás dos equívocos comuns.

Quando comecei a pesquisar sobre o autismo, tive a errônea ideia de que todos os profissionais da área da saúde e da área da educação possuíam, pelo menos, um conhecimento básico sobre o assunto. Eu estava enganada.

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Ao perceber que diversos profissionais ainda não têm conhecimento, ou têm entendimentos equivocados sobre o autismo, minha reação inicial foi a de julgar e criticar. Felizmente eu amadureci e compreendi que não há problema em desconhecer um tema, especialmente se você não lida com essas pessoas com frequência. Talvez tenha sido a primeira vez que aquele enfermeiro atendeu uma criança com autismo, ou aquela professora não tenha tido ainda a experiência de lecionar para estudantes autistas em sua sala de aula. E se isso acontecer, está tudo bem.

Percebi também que, às vezes, é mais fácil explicar o autismo para alguém de fora do que para pessoas mais próximas e que convivem com você e com o seu ente querido com autismo. Sabe aquele ditado “casa de ferreiro, espeto de pau”?

Refletindo sobre isso, resolvi tentar esclarecer o autismo de uma forma simples e objetiva para que pessoas não especialistas possam compreender.

Mas afinal, o que significa TEA?

O TEA, sigla para Transtorno do Espectro Autista, é um transtorno global de desenvolvimento, isso quer dizer que pode afetar qualquer uma das áreas do desenvolvimento humano (físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social).

O termo “espectro” refere-se a diversidade de sintomas e nível de comprometimento que a pessoa pode apresentar. Particularmente, eu gosto de dizer que a pessoa com autismo é como um floco de neve pois, cada pessoa no espectro têm seu próprio conjunto de manifestações (sintomas, características), tornando-a única.

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As características principais do autismo são dificuldade na comunicação e interação social, bem como comportamento restritos e repetitivos. Isso quer dizer que a pessoa com autismo pode ter dificuldade em iniciar ou manter uma conversa, pode ter dificuldade em se expressar com palavras ou pode até mesmo não falar. Pode também conversar, por longos períodos, sobre algum assunto de seu interesse e que, provavelmente, terá muito conhecimento.

Quem vive no espectro pode ter muito apego a padrões e rotinas, podendo ser difícil inserir algo novo ou fazer alguma mudança — e isso se aplica a locais, coisas e pessoas. O cérebro autista funciona de uma forma diferente, processando as informações de outra maneira, sentido as coisas do seu jeito único e vendo o mundo do seu modo, o que pode parecer estranho para as outras pessoas.

Autismo: Comorbidades, fatores e tratamento

Além disso, uma pessoa com autismo pode também ter alguma doença ou transtorno associado à sua condição, que são as comorbidades. Entre elas: Deficiência Intelectual, Ansiedade, Depressão, TDA/H (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), Transtorno do Processamento Sensorial, entre outros.

Estudos apontam que a causa do autismo pode ser de fatores genéticos, ambientais ou ambos. O autismo não tem cura. O tratamento mais eficaz para diminuir o nível de comprometimento, proporcionar mais autonomia e melhorar a qualidade de vida da pessoa com autismo é a Terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicado) , que de forma bem simplificada visa alterar comportamentos que podem ser prejudiciais como birras, autolesões e fugas, e ensinar os comportamentos que serão benéficos como esperar, pedir o que deseja e brincar.

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Mãos pintadas de cores vivas e um fundo vibrante de tintas misturadas, sugerindo uma abordagem lúdica do autismo para pessoas leigas.
Descrição da imagem: Esta imagem apresenta mãos pintadas de cores vivas contra um fundo igualmente colorido, criando uma explosão de cores e texturas que simbolizam a criatividade e a expressão artística. (Foto: Vecstock/Freepik)

Entenda 4 Mitos sobre o espectro autista

Talvez você já tenha ouvido alguns, ou todos os Mitos sobre o autismo na lista abaixo, mas saiba que são todos falsos:

  1. “Autistas são super inteligentes”.

A pessoa com autismo pode sim ter um nível intelectual mais elevado, assim como também pode ter uma deficiência intelectual que prejudica o seu aprendizado. Mas não existe nenhum padrão.

  1. “Autistas não gostam de abraço”.

Algumas pessoas dentro do espectro autista podem ser mais sensíveis ao toque, com a hipersensibilidade, ou necessitar de mais estímulos sensoriais ao toque, a chamada hiposensibilidade.

  1. “Autistas não sentem dor”.

Aqui novamente a questão da sensibilidade e do processamento sensorial. Algumas pessoas com autismo são mais resistentes à dor e a temperatura, acabam se machucando sem sequer perceber.  

  1. “Autistas não têm sentimentos”.

Muitas vezes, por não conseguir se comunicar da maneira como a maioria espera, a pessoa com autismo pode ser vista como uma pessoa fria e sem sentimentos, mas não é bem assim. Um simples olhar, um toque ou um sorriso tímido pode ser o maior sinal de afeto que a ela pode expressar.

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Concluindo e agradecendo

Quero encerrar reforçando que cada pessoa autista é única. Elas podem até se parecer em algum aspecto, mas nunca serão iguais umas às outras. Tenha isso em mente: cada pessoa com autismo é única!

Espero ter ajudado você a entender um pouco sobre o autismo. Espero que da próxima vez que você encontrar com alguém do espectro, tenha em mente que ela vê o mundo de uma forma diferente. Espero que você tenha mais empatia pelas pessoas que estão no espectro, ou que pelo menos as respeite do jeito que elas são e não tente mudá-las para que se adaptem à sociedade. E espero de coração que meus filhos possam viver numa sociedade verdadeiramente inclusiva.

Se você leu até aqui, obrigada!

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Renata Ubugata

Pedagoga, pós-graduada em Educação Infantil. Atualmente estudante de Educação Especial e Mãe apaixonada de dois meninos autistas.

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Este post tem 2 comentários

  1. Avatar de Simone Leite
    Simone Leite

    Muito esclarecedor parabéns pela iniciativa.

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