Alesp garante laudos indeterminados a autistas em São Paulo

Arthur Barros exibe troféu do RankBrasil de mais jovem autor autista do país. Ele é negro e sorri, ao lado da mãe, Adriana, mulher negra com cabelos volumosos. Representa pessoas beneficiadas com laudos indeterminados a autistas.
Reconhecido pelo RankBrasil como o mais jovem autor com TEA do país, Arthur Barros é uma das pessoas a se beneficiar com laudos indeterminados a autistas. (Imagem: Reprodução. Créditos: Alesp)

Projeto de Lei de autoria do deputado Paulo Corrêa Jr. é aprovado pela Alesp e segue para se tornar lei estadual.

Garantir que as pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) tenham todos os seus direitos preservados ao longo da vida. Foi com esse objetivo que o Plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo derrubou, em sessão extraordinária desta quarta-feira (29), o veto à proposta que prevê que os laudos médicos de autismo tenham prazo de validade indeterminado.

Com a decisão, que ocorreu de forma unânime, o Projeto de Lei 665/2020 , de autoria do deputado Paulo Corrêa Jr. (PSD), agora será promulgado e transformado em legislação estadual. 

Além disso, a decisão do Parlamento Paulista é simbólica e ocorre um pouco antes do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado no próximo domingo, 2 de abril.

A derrubada do veto é resultado de um consenso entre a base do Executivo na Assembleia e os demais parlamentares, que entenderam que a decisão prioriza o bem-estar das pessoas diretamente ligadas ao assunto e seus familiares.

“Esse projeto é de extrema importância para os autistas e suas famílias, que precisam renovar esse laudo a cada seis meses, sendo que uma vez atestado o TEA esse diagnóstico não muda. O espectro acompanha a pessoa por toda a vida. Então, ao ser aprovada, a propositura leva maior conforto e facilidade à comunidade autista”, afirma o deputado Corrêa Jr.

Laudos indeterminados a autistas

A decisão da Alesp foi comemorada por profissionais, especialistas e familiares ligados ao assunto.

“O impacto [dessa decisão] é imensurável. Precisamos lembrar que o laudo garante acesso a direitos primordiais no tocante à Educação, Saúde e outras necessidades que contribuem para a qualidade de vida de todo o ser humano”, afirma Adriana Barros, editora de livros e mãe do jovem Arthur, autista que já tem sete obras publicadas.

“Outra questão importante e que merece atenção é o tempo que pais, responsáveis e filhos permanecem em filas para obterem esse tipo de documento [o laudo médico]”, acrescenta ela.

O psicólogo clínico Iuri Victor Capelatto, mestre em Ciências Médicas pela Unicamp, ressalta que manter um atestado com prazo indeterminado é essencial para o desenvolvimento dos autistas, uma vez que as famílias já são sobrecarregadas para conseguir levar seus filhos em todas as terapias e intervenções, além das dificuldades em conseguir consultas com os profissionais médicos especialistas.

“É uma questão de respeito e humanidade com as famílias que já sofrem tanto. Uma vez que o diagnóstico é para a vida, não há justificativa para colocar prazos ou validades para seus laudos e atestados”, reforça o especialista.

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, sendo a maioria dos casos de origem genética e outros durante desenvolvimento embrionário, fetal e neonatal. As características principais envolvem dificuldades na comunicação social e no comportamento. Existem muitas variações, com casos leves, moderados e graves.

A intervenção precoce é fundamental para um melhor desenvolvimento da pessoa com TEA, fazendo com que ela possa apresentar melhoras. Porém, apesar da possibilidade de desenvolvimento, este é um transtorno que não tem cura, acompanhando a pessoa pela vida toda.

“O autista não é um problema. Quando a gente diz que eles são um peso para as famílias e a sociedade, estamos ofendendo cerca de 6 milhões de pessoas no Brasil. Vamos colocar o problema onde ele realmente está? Não está no autista, mas na ausência do Estado, que não dá diagnóstico precoce, inclusão escolar e assistência social”, aponta Andréa Werner, deputada do PSB que tem um filho autista.

Muito atuante pela causa – ela tem três autistas em seu gabinete na Alesp -, a parlamentar deixa um recado importante para os colegas da Casa. “Como pessoas do Legislativo, temos a obrigação de enxergar isso e dar às famílias de autistas os diretos que elas têm”, alerta Andréa.

Fonte: Com informações da Alesp, por Fábio Gallaci e foto de Rodrigo Costa

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Da Equipe de Redação

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