Acessibilidade em videoconferências é investigada pelo Ceweb.br

Laptop acessando o estudo sobre acessibilidade em plataformas de reunião on-line para o texto "Acessibilidade em videoconferências"
Descrição da imagem #PraCegoVer: Imagem com o texto Pesquisa sobre acessibilidade das ferramentas de videoconferência em plataforma web, que aparece na tela de um laptop, que acessa o arquivo em PDF, divulgado pelos realizadores. Ao lado do computador tem um pequeno cesto com lápis, borracha, caneta e régua, atrás de uma folha de papel amassada, em cima de uma superfície. No canto direito superior aparecem os logos do ceweb.br; nic.br e cgi.br | Créditos: Reprodução Ceweb.br/ Designed by Freepik/Edição JI

Estudo identifica principais barreiras de acesso em ferramentas web de reuniões para pessoas com deficiência

Dificuldade para habilitar legendas em português e interagir por meio de chat são alguns dos resultados encontrados no estudo do Ceweb.br | NIC.br sobre a acessibilidade em videoconferências

Com a pandemia da COVID-19 e o distanciamento social dos últimos meses, muitas atividades presenciais migraram para o digital. Um dos recursos que passaram a ser usados com maior frequência nesse período foram as videoconferências, muito comuns no contexto profissional, em aulas e eventos.

Mas será que as plataformas de reuniões virtuais são amigáveis para uma pessoa com deficiência? Foi essa inquietação que motivou o Centro de Estudos sobre Tecnologias Web (Ceweb.br ) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br ) a avaliar algumas das principais ferramentas web usadas para essa finalidade, identificando suas principais barreiras de acesso.

Imprescindível para a necessária inclusão digital, a investigação do Ceweb.br resultou no estudo “Acessibilidade das Ferramentas de Videoconferência em Plataforma Web”, lançado sexta-feira (11). O resultado está disponível para download aqui , neste link: (https://jornalistainclusivo.com/wp-content/uploads/2020/12/Resultados_Pesquisa_Ferramentas_Videoconferencia.pdf).

“Queríamos um estudo capaz de apontar as dificuldades que as pessoas com deficiência têm enfrentado quando participam de reuniões virtuais”, resume Reinaldo Ferraz , responsável pela pesquisa e especialista em projetos web do Ceweb.br|NIC.br. Para isso, foram analisados pontos como a apropriação de tecnologias para reuniões on-line por pessoas com deficiência visual e auditiva e, usando critérios de acessibilidade na Web universalmente aceitos, foram identificados problemas na interação e interface que podem comprometer a utilização da ferramenta.

Laptop e celular com Reinaldo Ferraz, para o texto "Acessibilidade em videoconferências"
Descrição da imagem #PraCegoVer: Duas mãos seguram um celular onde aparece a foto do Reinaldo Ferraz, um homem branco de cabelos castanhos, barba e bigode. Usa camisa branca e sorri. Atrás do celular, há uma mesa branca com um notebook aberto na homepage do site NIC.br. À esquerda da imagem tem um óculos de grau e um pequeno vaso do lado direito. Créditos: Edição JI

Um dos objetivos do estudo é conscientizar e alertar as empresas que desenvolvem ferramentas de videoconferência para a detecção e correção de eventuais barreiras de acesso. Além disso, os resultados ajudam os usuários a conhecer melhor as plataformas e seus recursos, para garantir a plena participação de pessoas com deficiência em reuniões virtuais.

Para Vagner Diniz, gerente do Ceweb.br|NIC.br, a pesquisa deixa claro que, embora algumas plataformas atendam parcialmente as necessidades de pessoas com deficiência, as barreiras encontradas comprometem atividades que se tornaram ainda mais importantes nos últimos meses: 

“Os dados mostram que parte desse público não consegue desempenhar plenamente atividades de teletrabalho e de entretenimento por meio da Web, algo que se agrava durante a pandemia. As empresas e comunidades desenvolvedoras de ferramentas para reunião on-line precisam considerar fortemente os resultados e sugestões dessa pesquisa e oferecer ferramentas que garantam, de fato, uma Web de todos e para todos”, reforça Diniz. 

“Ainda há muito por fazer”.

Teclado de computador para o texto sobre "Acessibilidade em videoconferências"
Descrição da imagem #PraCegoVer: Teclado de computador, na cor cinza, com foco e destaque dm uma das teclas, na cor azul, e o símbolo internacional de acessibilidade, representado pelo pictograma de uma pessoa em cadeira de rodas. Créditos: Shutterstock

Acessibilidade em videoconferências: O estudo

A pesquisa contou com 64 respostas de 32 voluntários, que foram divididos em três perfis: usuários sem deficiência que navegaram apenas por teclado (sem o uso do mouse ou trackpad), simulando deficiência motora; usuários com deficiência visual que deveriam navegar com software leitor de tela habilitado e por teclado, mas sem utilização de referências visuais, e usuários surdos ou com baixa audição que operariam a plataforma com o áudio do computador desativado.

Foram realizadas reuniões com os três grupos, em todas as seguintes ferramentas analisadas:

Cada voluntário recebeu uma lista de tarefas básicas que deveria fazer em uma das plataformas sorteadas. Entre as ações estavam: entrar e sair de uma reunião; habilitar e desabilitar câmera e microfone; enviar mensagem por chat e compartilhar tela. Na sequência, todos responderam a um questionário relatando a experiência.

Reunião on-line com os logos das principais plataformas, para o texto "Acessibilidade em videoconferências"
Descrição da imagem #PraCegoVer: Computador aberto em cima de uma mesa, com duas mãos sobre o teclado. Na tela a imagem de um homem branco de grisalho, com óculos de grau, barba por fazer, sorrindo. A lateral da tela está dividida por outras quatro imagens de três mulheres e um homem preto, de camisa branca, terno e gravata. No topo da imagem foi inserido digitalmente os logos das plataformas do estudo de acessibilidade: Google Meet, Zoom, Microsoft Teams, Jitsi, WebEx e BigBlueButton. Créditos: Technology photo created by Freepik /Edição JI

Confira algumas das principais conclusões da pesquisa:

  • Usuários conseguem acessar uma reunião, mas têm dificuldades em compreender e interagir, quando os organizadores da reunião não oferecem acessibilidade (por exemplo quando não descrevem uma imagem ou quando um vídeo não tem legendas).
  • Ferramentas com as quais os usuários têm pouca familiaridade e uso podem ser difíceis de operar devido ao desconhecimento de teclas de atalho, essenciais para a navegação por teclado e por usuários de leitores de tela. Nem todas exibem ao usuário (por áudio ou texto) os atalhos de teclado.
  • A interface das plataformas apresenta padrões distintos que, muitas vezes, confundem os usuários. Botões mal posicionados podem dificultar a navegação.
  • Apesar de serem essenciais para a compreensão do conteúdo em áudio por pessoas com deficiência auditiva, as legendas ainda funcionam de forma precária. As poucas ferramentas que disponibilizam esse recurso o fazem somente em inglês ou de forma que os usuários não conseguem ou têm dificuldade de configurá-lo.
  • Algumas aplicações têm inconsistências em traduções para o português, exibindo rótulos de botões confusos.
  • A maioria dos voluntários utilizou a plataforma Web das ferramentas, mesmo que algumas delas ofereçam aplicativos para computadores.
  • Foram detectados problemas na interface das aplicações que dificultaram a participação de alguns grupos. Essas barreiras podem ser separadas em duas categorias:
  • Acessibilidade da plataforma: incapacidade de acionar links, botões ou mesmo interagir por chatforam algumas das dificuldades reportadas. Pessoas que navegaram somente por teclado encontraram poucas barreiras para interagirem nas ferramentas e aquelas que precisaram navegar com leitor de tela, por sua vez, encontraram barreiras de interação acima da média.
  • Acessibilidade da reunião: sem a intervenção do apresentador para garantir a acessibilidade ao conteúdo, pessoas com deficiência visual e auditiva podem ter problemas na participação e compreensão do que é discutido na reunião. Os resultados mostraram que a compreensão do que acontece em uma reunião é o resultado mais difícil de se alcançar durante a participação de pessoas com deficiência em reuniões on-line. As pessoas com limitações visuais são as que mais encontraram barreiras de compreensão, e aquelas que navegaram sem áudio já encontraram menos dificuldades.

“Um detalhe curioso é que tivemos um número razoavelmente grande de pessoas que não conseguiram participar de chats. O que percebemos é que a grande maioria é capaz de usar as ferramentas, executando as principais funções, mas, dependendo da deficiência, encontram algumas limitações para compreender o conteúdo da reunião, quando ele não é apresentado de forma acessível”, finaliza Ferraz.

Acesse o estudo na íntegra em: https://www.ceweb.br/publicacao/estudo-acessibilidade-ferramentas-videoconferencia/  e assista abaixo ao vídeo do lançamento on-line da pesquisa, acessível em Libras e legendado: 

NOTA DO EDITOR:

Desenvolvedores e empresas que atuam na web agora têm mais esse caminho, muito bem desenhado, que basta ser seguido, passo a passo, para melhorar e garantir a acessibilidade de plataformas de videoconferência – em futuras atualizações – ou de novas ferramentas web de reuniões on-line, que surgem a cada dia como novas opções.

Essa é, sem dúvida, mais uma boa notícia que entra para a história da Web, que merece ser  celebrada por todas as pessoas, com ou sem deficiência, cobrada por influenciadores e grandes marcas e, é claro, devidamente creditada:

Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br

www.cgi.br

COORDENADOR GERAL Marcio Nobre Migon

SECRETÁRIO EXECUTIVO Hartmut Glaser

Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br

www.nic.br

DIRETOR-PRESIDENTE: Demi Getschko

Centro de Estudos sobre Tecnologias Web – CEWEB.br

www.ceweb.br

GERENTE GERAL Vagner Diniz

Essa publicação é o resultado da Pesquisa sobre Acessibilidade das Ferramentas de Videoconferência em Plataforma Web elaborada e coordenada pelo Ceweb.br

COORDENAÇÃO GERAL Reinaldo Ferraz

GRUPO DE PLANEJAMENTO DO ESTUDO:

  • Ana Cuentro;
  • Bruno Welber Pereira;
  • Claudia Martins Nascimento;
  • Thiago Prado de Campos.

Sobre o Ceweb.br

O Centro de Estudos sobre Tecnologias Web (Ceweb.br), do NIC.br, tem como missão disseminar e promover o uso de tecnologias abertas na Web, fomentar e impulsionar a sua evolução no Brasil por meio de estudos, pesquisas e experimentações de novas tecnologias.

No escopo de atividades desenvolvidas pelo Centro, destacam-se o estímulo às discussões sobre o ecossistema da Web e a preparação de subsídios técnicos à elaboração de políticas públicas que fomentem esse ecossistema como meio de inovação social e prestação de serviços. Mais informações em https://www.ceweb.br/  .

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br

O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br (https://www.nic.br/ ) é uma entidade civil, de direito privado e sem fins de lucro, que além de implementar as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas atribuições:

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br

O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://www.cgi.br/principios ).

Mais informações em https://www.cgi.br/ .

Este post tem 4 comentários

  1. Marcos

    Parabéns pelo conteúdo deste blog, fez um ótimo
    trabalho!
    Gostei muito.
    um grande abraço!!!

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