Pelos olhos do Paradesporto, por Murilo Pereira

Pelo olhos do Paradesporto - Rugby
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia colorida ilustra artigo Pelos olhos do Paradesporto. Jogador de Rugby em Cadeira de Rodas está sentado em sua cadeira, cinza com detalhes amarelos, de frente para a câmera. Ele usa camiseta verde fluorescente e camiseta térmica, de mangas longas, verde escura por baixo. Também veste bermuda, luvas pretas e amarelas e meias cinzas até o joelho. Ao seu redor, é possível ver parte da perna de outro praticante, pessoas assistindo, banner de publicidade. Há um árbitro, de pele branca, careca, com barba, usando camiseta cinza, com mangas pretas e calça preta. Fim da descrição. Foto: Rugby/Thelma Vidales

Conheça mais um dos poderes do Esporte Adaptado

Nesta reedição do artigo "E se?", Murilo Pereira relata as mudanças promovidas na vida das Pessoas com Deficiência, pelos olhos do Paradesporto

Há algumas semanas, trouxe um artigo que obteve muitas visualizações em meu blog pessoal  para a coluna. Nessa edição, puxarei outro que foi bem requisitado. Porém, nesse espaço discutiremos o tema proposto através de um viés diferente do inicial: pelos olhos do esporte, ou melhor, Pelos olhos do Paradesporto.

Como o próprio título nos induz a pensar, esse artigo traz à tona muitos questionamentos que podem estar guardados em milhares de pessoas e que fazem um mal extremo à sanidade do indivíduo. A angústia é um dos sentimentos mais cruéis, pois nos mostra uma realidade que podemos entender como vantajosa, mas, ao mesmo tempo, nos afasta como num sonho impossível.

Nesse sentido, eu me lembro que na primeira versão do “E Se?”, um de meus argumentos foi que eu me sentia culpado por imaginar como seria meu cotidiano sem a paralisia cerebral. Até pelo feedback do post original, eu compreendi que essa é a ordem natural dos fatos e tal tipo de reflexão me ajudaria a crescer enquanto pessoa.

Pelo olhos do Paradesporto
Descrição da imagem #PraCegoVer: Pessoas realizando Parkour Adaptado. Mais à direita, uma criança sentada em uma cadeira de rodas infantil, na cor azul. Ela tem pele clara, usa camiseta verde, bermuda jeans e tênis escuro. Também usa capacete de proteção azul escuro. Ela é empurrada por um homem, também em uma cadeira de rodas preta e branca, de cabelos loiros, pele clara, usando óculos de sol, camiseta regata escura, com uma imagem amarela no peito. Ele veste bermuda cinza escuro. Á esquerda, uma outra pessoa, de pele negra, em sua cadeira de rodas, usando capacete de proteção branco camiseta regata escura com detalhes amarelos, bermuda Clara e joelheiras pretas. A ação acontece em ambiente aberto, com luz solar e pessoas fazendo atividades físicas ao fundo. Fim da descrição. Foto: Imagens Portal SESCSP/ Parkour Adaptado - Seminário Esportes Inclusivos (2013)

Em minha realidade, com certa medida de singularidade, apenas esses foram os desdobramentos. Porém, compreendo que para muitas Pessoas com Deficiência, essas perguntas carregam um teor muito mais profundo, alcançando em alguns casos, a revolta.

Chego, justamente, no motivo pelo qual decidi dar uma outra abordagem para um texto que me recordo com carinho. Afinal, foi um dos meus primeiros. Enfim, o Paradesporto, no combate a tais visões pessimistas e depressivas, é ferramenta ímpar.

Particularmente, sempre vi o esporte como sinônimo de competição, conquistas e campeonatos. Entretanto, ao adentrar nesse universo, vi que era muito mais abrangente e fantástico do que imaginava.

Um praticante, de qualquer modalidade que seja, pode perfeitamente, iniciar uma relação com o esporte, estabelecer uma rotina de treinamentos, objetivos pessoais e não almejar o cenário das grandes disputas.

Pelos olhos do Paradesporto - Atletismo
Descrição da imagem #PraCegoVer: Dois homens, André Luiz de Oliveira e Alan Fonteles, estão de lado para a câmera, se cumprimentando na pista de atletismo. O da esquerda tem pele negra, usa camiseta sem manga verde, shorts preto e tênis claro. Já o da direita, tem pele branca, cabelo curto, usa óculos de sol, camiseta verde com o logo do Brasil e a escrita "Brasil" no peito. Ele veste shorts preto e bermuda térmica branca por baixo. Também usa prótese nas duas pernas. Eles estão em uma pista de Atletismo, com algumas placas de publicidade atrás. Fim da descrição. Foto: Atletismo/Saulo Cruz

Pelos olhos do Paradesporto: E se?

Como se sabe, o dia a dia de uma Pessoa com Deficiência, em algumas ocasiões, pode fazer-se muito monótono e o Esporte Adaptado é uma válvula de escape que traz adrenalina e desafios que preenchem seu tempo.

A esfera é tão complexa que dentro do próprio Paradesporto podemos aplicar o valor do “E Se?”. Todo esporte e não somente o adaptado, é feito de escolhas. Alguns deles, pela velocidade que exigem de seus atletas, são extremamente precisos.

Os Paratletas, muito por causa de limitações físicas, costumam martirizar-se pelas condutas dentro de uma disputa e desenhar mentalmente como seria o resultado se tivesse conseguido executar a ação desejada com mais excelência. Obviamente, é uma situação que exige certos cuidados, porque se for algo recorrente, pode afastar o indivíduo da atividade.

Pelos olhos do Paradesporto
Descrição da imagem #PraCegoVer: No primeiro plano, uma nadadora, de pele negra está de lado para a câmera, usando maiô preto. Ela é amputada da perna direita, tem cabelo escuro e uma tatuagem no lado direito das costas. Ao fundo, outra atleta sai da piscina pelas escadas. Ela tem pele clara, cabelos compridos e usa maiô preto. Bastante água cai do corpo das duas. Em volta, algumas construções, a piscina com raias e guarda-sóis. Fim da descrição. Foto: Esporte Adaptado/Saulo Cruz

Contudo, uma autocobrança, por outro lado, também se faz saudável, ao ponto que coloca as habilidades do praticante em xeque e, com isso, motiva a buscar uma evolução cada vez maior, atingindo limites que o próprio cidadão duvidava.

Com certeza, todas as pessoas já ouviram dizer que o esporte é uma forma de inclusão social, um antidepressivo e um impulsionador de autoestima. É verdade. Mas quando o assunto é Paradesporto, esses efeitos multiplicam-se de forma surpreendente.

Então, se você é uma Pessoa com Deficiência e está em busca de um complemento, te convido a conhecer o Esporte Adaptado. Como em todas as coisas, ele não é a solução plena que irá tapar todos os buracos. Todavia, o sentimento que sua prática é capaz de proporcionar apresenta-nos um caminho indescritível.

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Murilo Pereira

O Jornalista Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele é editor do "Prosa de Gol" (@prosadegol), nas redes sociais, e da página "Sem Barreiras" (@_sem_barreiras), esta última oriunda do seu blog, que também dá nome a sua coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões relacionadas a paralisia cerebral, acessibilidade e inclusão.

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