O documentário “Lentes da Alma” narra a trajetória do pioneiro na cobertura de três Paralimpíadas, destacando sua história de vida e notável atuação profissional.
A TIM lançou o curta-metragem “Lentes da Alma”, que documenta a potente trajetória de João Maia, o primeiro fotógrafo com deficiência visual a cobrir oficialmente três edições das Paralimpíadas. O filme, cocriado pela BETC Havas e Santeria, destaca sua resiliência, o uso da tecnologia e a forma única como ele percebe o mundo.
“Lentes da Alma” e a Visão Além do Alcance
O curta-metragem “Lentes da Alma”, uma iniciativa da operadora TIM, mergulha na vida de João Maia, fotógrafo que redefiniu os limites da percepção visual no fotojornalismo esportivo. Sendo o primeiro profissional com deficiência visual a registrar oficialmente os Jogos Paralímpicos – e tendo participado de três edições –, Maia tornou-se um símbolo de representatividade. O documentário, dirigido por Rafa Damy com trilha da Cabaret, alinha-se à assinatura da marca TIM, “Imagine as possibilidades”, e ao posicionamento “Você Pode Tudo”.
A produção refaz o percurso de João desde sua infância em uma pequena cidade rural no Piauí, passando pelo diagnóstico de uma doença degenerativa que o levou à cegueira, até sua consagração na cobertura de um dos maiores eventos esportivos do planeta. O filme está disponível no canal do YouTube da TIM (assista abaixo), com versões acessíveis contendo audiodescrição e tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras), reforçando o compromisso com a inclusão.
A Trajetória e a Técnica Sensorial de João Maia
Nascido em uma família grande e humilde no interior do Piauí, João Batista Maia da Silva enfrentou desde cedo desafios significativos, incluindo a convivência com dois irmãos também com deficiência, Salim Filho (paralisa cerebral) e Samuel (esquizofrenia). Sobre sua jornada, ele reflete:
“A história de um fotógrafo cego, negro, de uma família muito grande e pobre, que nasce no interior do Piauí [Bom Jesus]… Aquele sonho de criança, de jovem, de ser um fotógrafo…., e se torna mais como um fotógrafo cego.” – João Maia

Descrição da imagem: Imagem em close do fotógrafo João Maia segurando sua câmera profissional com firmeza. Com um leve sorriso no rosto e olhar voltado para a lente, a imagem captura a essência do projeto “Lentes da Alma”. (Foto: Reprodução)
Sua paixão pela fotografia o impulsionou a São Paulo, onde buscou aprimoramento. Contudo, aos 28 anos, foi diagnosticado com uveíte bilateral, uma condição que progressivamente o levou à perda total da visão. “Eu sou fotógrafo, independente da minha deficiência, das minhas limitações”, afirma Maia.
Apesar do prognóstico, uma cirurgia, embora não tenha restaurado sua visão, abriu-lhe uma “nova maneira de enxergar a vida”. João Maia desenvolveu uma técnica fotográfica apurada, utilizando seus outros sentidos de forma extraordinária.
“Eu vejo o mundo sim, com o coração, com as minhas percepções, com meu ouvido, né, com minha audição, com meu tato, com meu olfato, com meu paladar. É assim que eu transformo as minhas imagens”, explica o fotógrafo. Ele utiliza aplicativos de audiodescrição e tecnologia assistiva para compor e capturar suas imagens.
A produção do curta “Lentes da Alma” envolveu uma equipe de 130 profissionais ao longo de três dias intensos de gravação. As filmagens ocorreram em locações diversas, como Paranapiacaba, para retratar sua infância, o Centro Paralímpico Brasileiro, e um estúdio onde foi recriado um workshop com seus alunos, muitos deles também com deficiência visual, como Léo Araújo e Cacilda.
“A história de João Maia materializa o nosso propósito. Ele usa a tecnologia para desafiar limitações, não apenas no seu próprio trabalho, mas também ao capacitar outras pessoas com deficiência visual”, comenta Camila Ribeiro, diretora de comunicação e marca da TIM.
Em conversa com o site Jornalista Inclusivo, João Maia expressa:
“…é um projeto lindo que conta a minha história de criança até a fase adulta cobrindo as Paralimpíadas. E é emocionante, cara.”
Legado e Inspiração
O reconhecimento do trabalho de João Maia e do curta “Lentes da Alma” transcendeu as fronteiras nacionais. O filme, conforme revelou o fotógrafo, deverá participar do Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade, na categoria de propaganda e marketing. “Eu nunca pensei que meu trabalho iria chegar em Cannes”, confessou Maia, emocionado com a visibilidade que sua história está alcançando.
Além de sua atuação nas Paralimpíadas, João Maia dedica-se a compartilhar seu conhecimento em workshops, ensinando outras pessoas com deficiência visual a explorarem a arte da fotografia através da audiodescrição e da percepção sensorial. Suas fotografias já foram expostas no Louis Braille Institute for Blind Youth em Paris, consolidando seu legado como um artista que inspira e prova que a visão vai muito além dos olhos.
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Declaração de João Maia
“Eu sempre, cara, acreditei nos meus sonhos. Acreditei que eu seria um fotógrafo, e eu sou um fotógrafo, independente da minha deficiência, das minhas limitações. (…) É assim que eu transformo as minhas imagens e assim que eu revelo pro mundo a minha forma de ver esse mundo e transmitir essas sensações, essas emoções, principalmente no esporte paralímpico. Muito obrigado mesmo.”