João Maia: Fotógrafo cego brasileiro leva exposição a Paris em abril de 2024

Fotógrafo cego João Maia fotografando nas Paralimpíadas de Tóquio.
Fotógrafo cego que cobriu os Jogos Paralímpicos do Rio e de Tóquio, João Maia apresentará a exposição “4 Sentidos 1 Visão” em renomada Universidade de Paris. (Foto: Arquivo pessoal)

Fotografias selecionadas por estudantes da Escola de Economia da Sorbonne serão expostas sob chancela do Comitê Organizador Paris 2024.

Depois de realizar exposições de seus trabalhos em São Paulo e outras cidades, chegou a vez de Paris, França. A Exposição fotográfica ‘4 Sentidos 1 Visão’, do fotógrafo cego João Maia, será realizada na prestigiosa universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne de 02 a 26 de abril. O evento tem a chancela oficial do Comitê Organizador dos Jogos de Paris 2024 e recebe o selo nas categorias Olimpíada Cultural, Semana Olímpica e Paralímpica e Génération 2024.

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“Para mim, é uma grande conquista receber esses selos, tendo meu trabalho reconhecido e exposto em Paris, uma cidade conhecida pela sua rica atividade cultural, em um local ímpar, a Universidade onde Pierre de Coubertin iniciou o movimento olímpico há 130 anos”, enfatiza o piauiense João. 

Já a audiodescrição das imagens foi realizada pela Fundação Dorina Nowill para Cegos, onde João Maia faz parte do conselho curador e atua como representante na cobertura das Paralimpíadas.

Sob a orientação do gestor de eventos Felipe Pimenta, estudantes da Escola de Economia da Sorbonne fizeram uma curadoria criteriosa das fotos para essa exposição. As imagens selecionadas retratam o trabalho de João Maia nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro em 2016 e de Tóquio em 2020, antecipando o que suas lentes poderão capturar em Paris 2024.

“O trabalho de João Maia, pela sua sensibilidade capturada nas edições paralímpicas do Rio 2016 e Paris 2024, representam a diversidade cultural que prezamos na Universidade Paris 1. A exposição faz parte de um leque de ações que temos realizado na Universidade no contexto dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024, inclusive para valorizar ações que realizamos com alunos esportistas de alto rendimento. Temos também realizado parcerias com outras instituições brasileiras, como o Grupo de Estudos Olímpicos da Universidade de São Paulo (GEO-USP)”, detalha Felipe Pimenta.

Cartaz da exposição ‘4 Sentidos 1 Visão’ do fotógrafo cego Joao Maia na Maison des Sciences Economiques em Paris.
Descrição da imagem: O cartaz apresenta três fotos no topo: uma do próprio Joao Maia trabalhando, outra de atletas em ação e a última de jogadores celebrando. Abaixo das fotos estão as informações do evento em francês, indicando que ocorrerá de 2 a 26 de abril na Maison des Sciences Economiques em Paris. Vários logotipos estão na parte inferior, representando os patrocinadores e apoiadores do evento. (Imagem: Divulgação)

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A exposição '4 Sentidos 1 Visão'

O momento áureo de todo atleta é a participação nos Jogos Olímpicos ou Paralímpicos. João Maia, como ex-atleta paralímpico, possui uma percepção extraordinária capturada através de suas lentes.

Em um mundo onde a visão é essencial para capturar momentos preciosos, o fotógrafo transcende as barreiras da cegueira física para revelar a beleza oculta do Movimento Paralímpico, que lhe é tão próprio. Cada clique de sua câmera é uma manifestação de sua percepção sensorial aguçada e sua paixão inabalável pela arte da fotografar o esporte, razões pelas quais a exposição leva o nome ‘4 Sentidos 1 Visão’.

Seus sentidos se fundem em harmonia enquanto ele explora o mundo ao seu redor, usando o tato para moldar a composição, a audição para captar os sons que complementam a imagem e a intuição para selecionar os ângulos perfeitos, em que sua única visão, é a visão do coração, a visão do amor ao tema.

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Suas fotos nos lembram que, mesmo nas circunstâncias obscuras, a determinação pode iluminar o caminho para uma vida plena e significativa. Assim, João Maia nos convida a abrir nossos olhos interiores e a desfrutar da verdadeira essência da vida, não apenas com uma câmera, mas com a alma.

Serviço

Exposição ‘4 Sentidos 1 Visão’
Duração: 2 a 26 de abril
Horário: 9h às 18h
Local: Maison des Sciences Economiques (MSE)
Endereço: 106 boulevard de l’Hôpital, espaço convivial do 2º andar, 75013, Paris
Ingresso: Entrada gratuita

Sobre o fotógrafo cego João Maia

O fotógrafo nasceu em Bom Jesus (PI), em 1974. Cresceu em um ambiente repleto de peripécias, típico de um garoto do interior. No entanto, aos 28 anos, foi acometido por uma Uveíte bilateral , restando-lhe apenas a capacidade de enxergar vultos e perceber cores. Assim que perdeu a visão, João se envolveu com o Movimento Paralímpico, tornando-se atleta de arremesso de peso e lançamento de dardo e disco por sete anos.

A redescoberta da fotografia , um hábito cultivado desde a adolescência, tornou-se uma fonte significativa de realização pessoal para João. Entre 2008 e 2015, dedicou-se a vários Cursos Livres de Fotografia para pessoas com deficiência visual. Seu trabalho foi reconhecido no Brasil, resultando em convites para palestras e em prêmios notáveis, como o “Inclusão sem Limites” em 2018, concedido pela Associação Comercial de São Paulo, e o “Nevado Solidário de Ouro” em 2020, na Câmara Municipal de São Paulo.

Fabíola Lorenzi Dergovics competindo em Tiro com Arco nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, por João Maia.
Descrição da Imagem: A fotografia feita por João Maia, mostra Fabíola Lorenzi Dergovics, uma atleta paralímpica de tiro com arco, em ação durante os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020. Ela está vestindo uma camisa amarela e verde com as letras ‘BRA’ visíveis, indicando que ela representa o Brasil. Ela está usando um boné azul claro e óculos escuros. O arco é laranja e azul, sendo manuseado com habilidade pela atleta. O ambiente é um grande estádio com inscrições visíveis indicando ‘TOKYO 2020’. (Foto: Acervo / João Maia)

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João esteve presente em capas de jornais ao redor do mundo, sendo o primeiro fotógrafo cego a cobrir os Jogos Paralímpicos nas edições do Rio 2016 e Tóquio 2020. Para esse ciclo de Paris 2024, acrescentou uma pós-graduação em fotografia.

A jornalista Luciane Tonon, especialista em narrativas biográficas, acompanha o fotógrafo para “retratar” o trabalho de João e, assim, compor um livro-foto narrativo sobre sua biografia.

Sobre a Universidade

A Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne une o ilustre legado do colégio fundado por Robert de Sorbon no século XIII a um projeto pluridisciplinar inovador. Presente em 25 locais na região metropolitana de Paris e na Europa, ela acompanha aproximadamente 45.000 estudantes por ano e se orgulha de possuir uma das maiores redes de ex-alunos do continente, estando aberta ao mundo e mantendo parcerias com instituições em 75 países, incluindo a Universidade de São Paulo (USP) no Brasil.

O patrimônio da Universidade é rico em eventos notáveis. No final do século XIX, o barão francês Pierre de Coubertin organizou um Congresso na Sorbonne, em 1894, que marcou a fundação do Comitê Olímpico Internacional e o renascimento dos Jogos Olímpicos modernos. Em 1906, Marie Curie tornou-se a primeira professora da Universidade, sendo também a primeira mulher a conquistar dois Prêmios Nobel, um em Física (1903, compartilhado com Pierre Curie e Henri Becquerel) e outro em Química (1911).

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Jornalista Inclusivo

Da Equipe de Redação

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