Descrição da Imagem #PraCegoVer: Fotografia ilustra a reportagem do Faz Acessível: A primeira comunidade profissional multi-inclusiva do Brasil. Na imagem aparece parte do rosto de um homem pardo, utilizando um computador, com seu braço direito sobre a mesa. Na tela do notebook está o logotipo do Faz Acessível, no formato horizontal. Fundo branco. A palavra “Faz” aparece na cor azul claro, acima da palavra “Acessível” na cor preta. Logo acima e ao lado da primeira palavra, há um símbolo de localização. O símbolo é representado por uma forma de gota invertida, preenchida pela cor azul, e apresenta o desenho de uma pessoa dentro, na cor preta. Da pessoa, vê-se cabeça e tronco. Foto: Divulgação/ Edição RFerraz
Conheça a Plataforma Digital focada em Empreendedorismo, Inclusão e diversidade
Comunidade é aberta a profissionais inclusivos de diversos segmentos e a todos que buscam conhecer e acessar serviços e produtos especializados
Servir à diversidade, incentivando as pessoas a viverem com mais liberdade e amor por quem são e pelo o que acreditam é a missão da plataforma digital Faz Acessível. Idealizada por duas jovens mulheres pretas, a plataforma conecta profissionais ↗ das áreas de inclusão e pessoas que procuram esses serviços.
“Inclusões para todas as pessoas que encontram barreiras históricas e estruturais no acesso a serviços ou produtos especializados para grupos com características que contrariam os padrões sociais”, segundo informações da Fundadora Bárbara Azevedo, e da Co-fundadora Isadora Machado.
Para explicar esse novo projeto ao grande público, o texto de apresentação ‘Quem Somos’, no site da plataforma, propõe a seguinte reflexão: “Você já se sentiu excluído, por conta das suas características, diante do design de algum produto ou serviço?”
Faz Acessível: Pela diversidade
Pensando na definição de design de produtos e serviços, no que se refere à sua forma e funcionalidade, a plataforma busca preencher a lacuna daqueles que, por contrariar padrões sociais de alguma forma, têm suas demandas invisibilizadas em relação ao lazer, saúde, educação, estética, tecnologia, entre outros.
Pessoas com deficiência, pretas, gordas, com mais de 60 anos, com restrições alimentares, muitas vezes marginalizadas e rotuladas como uma minoria – mas que juntas, na realidade, são maioria – são alguns dos grupos promovidos pelo site.
“Fundamental dizer que pautas de inclusão têm histórias e consequências próprias. Ao mesmo tempo, muitas vezes podem afetar simultaneamente uma mesma pessoa”, afirma o texto que apresenta o projeto.
E continua: “Todo esse contexto cria barreiras na descoberta e no acesso a profissionais que buscam, justamente, atuar por mais acessibilidade e inclusão, possibilitando experiências de vida e consumo mais qualificadas, criativas, práticas e que fortaleçam senso de pertencimento”.
Faz Acessível: Diversidade que faz a diferença
O projeto teve início em junho de 2019, com o encontro das fundadoras Barbara (produtora cultural carioca) e Isadora (terapeuta ocupacional pirassununguense), que juntas finalizaram uma especialização em Acessibilidade Cultural pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Sentimos definitivamente que viver e trabalhar com inclusão é sobre melhorar o coletivo a partir da atenção às características de cada pessoa. Por sermos negras e mulheres, sentimos que agir para colaborar em processos inclusivos é essencial”.
Desde o primeiro momento, foi iniciado um processo de mapeamento das mais diversas possibilidades de se pensar empreendedorismo e inclusão, culminando na criação do site, atualmente em sua versão beta e evoluindo para um formato ainda mais acessível, fluido e resolutivo.
“Inspiradas pelo poder da empatia e liberdade, nosso objetivo é facilitar buscas que impactem tanto na realização pessoal quanto na evolução social. Somos movidas pela energia do fazer, pela vivência dos desafios da diversidade e pela perspectiva potente de co-criar formas de desenhar o mundo e as relações humanas de um jeito criativo e regenerativo”.
Viva dias inclusivos!
O que as levou à especialização em Acessibilidade Cultural?
Bárbara: Eu já vinha de uma trajetória de atuação na gestão cultural, pública e privada, na qual sempre pensava formas de democratizar o acesso a projetos diversos. No último emprego trabalhava diretamente com artistas que são pessoas com deficiência, pessoas de variadas idades e perfis, isso abriu ainda mais meu olhar e meu impulso de melhorar minhas práticas para a diversidade.
Isadora: Bom, eu busquei pela especialização porque desde a graduação queria me aprofundar nos estudos sobre lazer inclusivo, já que o lazer é uma das grandes áreas de desempenho ocupacional que o terapeuta ocupacional estuda e atua. Ao me formar e atuar juntamente às pessoas com deficiência, continuei com esse desejo.
Então, em 2017, criei uma página no Facebook chamada Acesse Lazer para divulgar atividades de lazer acessíveis. Através das pesquisas que eu fazia para criar as postagens me deparei com o termo Acessibilidade Cultural, num site que abordava a especialização em Acessibilidade Cultural da Universidade Federal do Rio de Janeiro e fiquei encantada com o curso.
Assim, entrei em contato com a coordenação da pós indagando sobre uma previsão de uma nova turma. Até que em 2018, para a minha felicidade, abriu um novo edital e aí me inscrevi. Fui selecionada e então decidi me mudar para o Rio de Janeiro.
Durante a especialização, o as aproximou para apresentarem juntas esse projeto?
Bárbara: Nossa aproximação no curso foi se desenvolvendo à medida que dialogávamos como a inclusão social é uma pauta profunda e também diretamente ligada a nós, enquanto pessoas negras, fazendo a gente entender a necessidade de ampliar as perspectivas e estimular convergências criativas e solidárias entre grupos que são socialmente oprimidos de alguma forma.
O projeto multi-inclusivo nasceu da união de várias visões e experiências, após o curso. A gente queria criar algo prático que ajudasse públicos ligados à inclusão e qualquer pessoa, física e jurídica, consciente de sua responsabilidade social.
Isadora: A nossa aproximação deu-se a partir das trocas sobre as nossas vidas, afinidades, reflexões sobre como ser e desenvolver práticas inclusivas, bem como a oportunidade de desenvolver um projeto de acessibilidade juntas durante a especialização.
No decorrer do trabalho, pudemos nos conhecer melhor, já que na pós é tudo muito corrido, até o momento do café, risos. Então, vejo como um ponto chave para o nascer de uma parceria da vida e das primeiras aspirações sobre algo que contemplasse tudo que aprendemos durante a especialização e um pouco mais!
Se esse é um site versão beta o que público pode esperar de próximo site? E como anda esse projeto?
Bárbara: Para a próxima versão, estamos elaborando uma plataforma que torne a experiência mais acessível e melhore nosso sistema de buscas pelos profissionais, bem como sua contratação.
Como está a adesão dos profissionais que podem se inscrever no site?
Bárbara: Como temos feito tudo de forma voluntária e com recursos pessoais, a comunicação é mais lenta, vamos dialogando principalmente de forma individualizada, explicando quem somos e o que é nossa ferramenta de buscas em inclusão e diversidade. Então, é um trabalho de ir gerando confiança e conexão. O público é amplo, mas queremos manter assim, para ser o mais inclusiva possível.
Quais resultados vocês esperam alcançar com a plataforma, e quais serão os próximos passos?
Bárbara: A gente espera criar uma grande comunidade-referência em diversidades, colaborando na expansão dos profissionais da inclusão, facilitando o entendimento social e os procedimentos para gerar inclusão na prática e, claro, dar mais oportunidades de escolhas para pessoas que historicamente têm barreiras em suas experiências de vida e consumo.
Como próximos passos, esperamos melhorar nossa plataforma, ampliar nossa equipe (atualmente somos apenas nós duas), criar eventos e estimular mais networking entre as pessoas que trabalham e representam a pluralidade.
Como funciona a plataforma a para os profissionais, e para o público que busca esses serviços?
Bárbara: Na atual versão, o profissional da inclusão se inscreve na aba ‘Ser um profissional’. A inscrição é gratuita e simples. Uma vez que o perfil está ativo na plataforma, ele já pode ser contatado por usuários em busca daquele serviço ou produto. Além disso, o profissional conta com serviço de divulgação constante através da promoção da plataforma e com nossos recursos de comunicação acessível e acessibilidade digital.
Os usuários navegam pelo site utilizando filtros de categorias de serviços ou produtos, por estado ou por nome da empresa ou profissional e podem entrar em contato com o profissional e contratá-los.
Chegamos. Estamos em evolução e seguimos com entusiasmo, respeito e muito empenho para continuar a realizar esse sonho de bem estar, bem viver e bem Ser.
Ajude-nos a viver essa grande comunidade criativa. Opine, indique, compartilhe essa ação!
Rafael Ferraz Carpi
Formado em Comunicação Social com Ênfase em Jornalismo (2006), Rafael assina como Editor responsável pelo conteúdo do site, edição geral e publicações. É autor do projeto Jornalista Inclusivo e já trabalhou como repórter em jornais impresso, e rádio AM, como executivo de contas em revista, fotografia e assessoria de imprensa. Atualmente atua como produtor de conteúdo, redator, e com marketing digital em mídias sociais.