Livro 30 Vozes: Uma imersão no universo das pessoas com deficiência

Arte com capa do Livro 30 Vozes, com foto, logotipos e texto detalhados na legenda.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte colorida com foto, logotipos e o texto: “Livro 30 vozes, uma imersão no universo das pessoas com deficiência”. No topo da arte aparece a hashtag #LeiDeCotas30Anos. A fotografia mostra a capa do livro, na cor amarelo mostarda, com o título em destaque: “30 Vozes”. Na lateral esquerda da capa do livro estão os 30 nomes dos participantes. No rodapé da arte aparecem os logotipos da Câmara Paulista para Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho Formal; do Instituto Modo Parités; do Ministério Público do Trabalho; e do Nurap – Núcleo de Aprendizagem Profissional e Assistência Social. Créditos: Divulgação/ Edição JI

Obra é um presente da Câmara Paulista de Inclusão pelo 30º aniversário da Lei de Cotas

Resultado de intenso trabalho de 90 dias de uma equipe multidisciplinar, o ‘Livro 30 Vozes’ reúne entrevistas de pessoas com deficiência que exercem um papel de protagonismo no segmento

Por Fátima El Kadri | Edição JI

No aniversário de 30 anos da Lei de Cotas, a Câmara Paulista para Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho Formal preparou um presente muito especial a todas as pessoas com deficiência ou aquelas que tenham interesse pela causa: é a edição do Livro 30 Vozes, que celebra não só a data, mas também a história de pessoas com deficiência cuja atuação é muito importante no movimento pelos direitos dessa população no Brasil. 

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O livro é uma compilação das 30 lives (entrevistas online) realizadas por Tuca Munhoz  e organizadas pela Câmara, durante todo o mês de junho de 2020 , nas ações de comemoração dos 29 anos da Lei de Cotas

As conversas trazem um retrato do cenário passado e atual enfrentado pelas pessoas com deficiência, não apenas no âmbito profissional, mas em todas as áreas da vida. São abordados temas como preconceito, relacionamentos, sexualidade, luto pela não aceitação da deficiência, cidadania, mobilidade urbana, legislação e direitos que ainda precisam ser conquistados, entre outros assuntos, com o objetivo de provocar reflexões e alcançar as mudanças necessárias.

Cadeirante trabalhando em floricultura, com descrição detalhada na legenda da foto.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia mostra um homem sentado em cadeira de rodas, trabalhando em uma floricultura. Ele veste calça clara e camisa azul, usa um avental verde e segura um vaso de flores. O cadeirante tem a pele branca e cabelos grisalhos. Em segundo plano, ao fundo, é possível ver uma pessoa olhando outras flores. Créditos: Shutterstock

Outro ponto que merece atenção é o projeto gráfico da obra, que reúne recursos de acessibilidade. Isso significa que os elementos visuais, o formato e a organização do conteúdo foram cuidadosamente pensados para oferecer uma melhor experiência de leitura para todas as pessoas, tanto na versão digital (em PDF), quanto na versão impressa.

“Foram nove meses de intenso trabalho de uma competente equipe multidisciplinar, com a edição de Patrícia Strabeli e projeto gráfico de Fabio Silveira e Suzana Coroneos. Toda a dedicação e esforços foram pautados pela alegria de estarmos entre pessoas que têm propósito comum, e de saber que as 30 vozes terão um alcance abrangente e poderão ser referência para tantas outras pessoas que buscam sua autonomia e protagonismo, pois cada uma das 30 histórias vale a pena ser conhecida por muitas outras pessoas, com ou sem deficiência”, ressalta Ivone Santana, coordenadora do projeto. 

Confira a lista das pessoas que fazem parte do livro 30 Vozes:

  1. Carlos Ferrari – Diretor de Articulações da Organização Nacional de Cegos do Brasil e pessoa com deficiência visual;
  2. Paula Ferrari  Influenciadora digital e cadeirante;
  3. Rafael Giguer – Auditor Fiscal do Trabalho e pessoa com deficiência visual;
  4. Sandra Ramalhoso – Ativista pelos direitos políticos da pessoa com deficiência, atua como Coordenadora da Pastoral da Pessoa com Deficiência e participa do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência;
  5. Denise Mesquita – Tem baixa visão e atua como consultora de audiodescrição;
  6. Paulo Barreto – Professor de Design do Senac, cadeirante e dedica-se ao desenvolvimento de ferramentas de tecnologia assistiva;
  7. Duda Schiavo – Influenciadora digital na área de acessibilidade e assistente de marketing da Natura, tem deficiência física;
  8. Mila Guedes – Consultora de acessibilidade e inclusão e ativista, é cadeirante e tem uma forte atuação na causa das mulheres com deficiência;
  9. Willian Chimura – Youtuber e programador autista;
  10. Thierry Marcondes – Trabalha na área de TI e é uma pessoa surda, que faz uso de um aparelho auditivo;
  11. Dinaclea Galdino – Atua na área de projetos de TI da Serasa Experian e tem deficiência visual, sendo responsável pelas tecnologias assistivas para os funcionários, e também é atleta de corrida de rua;
  12. Pedro Lang – Arquiteto e Urbanista, cadeirante;
  13. Marcelo Panico – Pessoa com deficiência visual e ativista, atua na Fundação Dorina Nowill para Cegos e é presidente do CONSEAS — Conselho Estadual de Assistência Social;
  14. Denise Siqueira – Profissional concursada e doutoranda na UFSC (Universidade de Santa Catarina), é cadeirante e membro do Comitê de Acessibilidade na UFSC;
  15. Francisco Nuncio – Presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência em São Paulo (in memorian);
  16. Thays Martinez – Advogada e Conselheira do Conselho Nacional de Assistência Social, tem deficiência visual;
  17. Marco Santos – Psicólogo e cadeirante;
  18. Ane Franco  Maquiadora, modelo e cosmetóloga, é pessoa com deficiência física;
  19. Fernando Sampaio – Auditor Fiscal do Trabalho, tem uma síndrome chamada Osteogênese Imperfecta, popularmente conhecida como “ossos de vidro”;
  20. Manoel Negraes – Escritor e pessoa com deficiência visual;
  21. Anita Gonçalves – Atua na área de Recursos Humanos e tem deficiência auditiva;
  22. Djalma Scartezzini – Gerente de Diversidade e Inclusão, tem paralisia cerebral;
  23. Andrea Tucci – Ativista e pessoa com deficiência visual;
  24. Suélen de Almeida – Consultora na área de inclusão e cadeirante;
  25. Vitória Bernardes – Psicóloga e cadeirante, é fundadora do Coletivo Feminista Helen Keller;
  26. Gustavo Torniero – Jornalista e ativista na área de acessibilidade e inclusão, é pessoa com deficiência visual;
  27. Rafael Ferraz – Jornalista e músico, ativista pelos direitos da pessoa com deficiência e editor no portal Jornalista Inclusivo, é tetraplégico;
  28. Nicolas Levada – Atua na área de Marketing Digital e tem paralisia cerebral;
  29. Juliana Ribeiro – Formada em Rádio e TV, fez parte da produção de um documentário sobre deficiência e sexualidade e tem a síndrome da osteogênese imperfeita;
  30. Izabel Maria Loureiro Maior – Médica, professora de medicina na Faculdade de Medicina da UFRJ e pessoa com deficiência física, foi a primeira pessoa com deficiência a ocupar o cargo de secretária nacional dos direitos da pessoa com deficiência, e é reconhecida como uma das ativistas mais importantes do movimento no Brasil.
Arte Livro 30 vozes Aniversario de 30 anos da Lei de Cotas Jornalista Inclusivo 1x1 1 Livro 30 Vozes: Uma imersão no universo das pessoas com deficiência
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte colorida com foto, logotipos e a hashtag #LeiDeCotas30Anos”, no canto esquerdo superior. Na lateral direita, a fotografia da capa do livro, na cor amarelo mostarda, com o título em destaque: “30 Vozes”. Na lateral esquerda estão da arte estão os logotipos da Câmara Paulista para Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho Formal; do Instituto Modo Parités; do Ministério Público do Trabalho; e do Nurap – Núcleo de Aprendizagem Profissional e Assistência Social. Créditos: Divulgação/ Edição JI

O projeto foi realizado pela Câmara Paulista para Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho Formal, coordenado pelo Instituto Modo Parités, e teve o apoio do Nurap – Núcleo de Aprendizagem Profissional e Assistência Social (que também ofereceu intérpretes de LIBRAS para todas as entrevistas em vídeo), com patrocínio do Ministério Público do Trabalho. Quem assina a obra é o Dr. José Carlos do Carmo, coordenador da Câmara Paulista de Inclusão, e Tuca Munhoz. O prefácio é de Sofia Vilela de Moraes e Silva, Procuradora do Trabalho e mestre e doutora em Direito.

As entrevistas e o livro (físico e PDF navegável) integrarão o acervo do Museu da Inclusão, e a versão digital será disponibilizada para download gratuito após o lançamento, que acontece no dia 23/07, dentro dos eventos de comemoração pelos 30 anos da Lei de Cotas. 

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O JI conversou com Tuca Munhoz (ativista pelos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência e consultor especializado em acessibilidade), sobre ser parte desse marco tão importante para toda sociedade. Confira o seu depoimento, abaixo, na íntegra:

Tantas vozes!

Essa série de entrevistas, transformadas em livro, foi para mim uma tentativa, feliz, de compreender, coletivamente, a minha própria deficiência. Como é estar num mundo que não nos aceita, uma sociedade que tem a cara de pau de dizer que por razões técnicas ou orçamentárias, não poderemos acessar nossos direitos.

Me refiro ao poder público, por exemplo, mas não é uma exclusividade do poder público, quando diz que por razões técnicas tal ou qual sistema de transportes não pode ser acessível, ou somente poderá daqui a X anos, e enquanto isso danem-se nossos direitos.

Tuca Munhoz, depoimento em para o texto Capacitismo e Trabalho em 2020: Pesquisa revela números preocupantes
Descrição da imagem #PraCegoVer: Tuca Munhoz é um homem branco, de 63 anos, com cabelo raspado, barba e bigode grisalhos. Usa óculos de grau e camisa em tom salmão. A fotografia é recortada em círculo, e mostra seu rosto, com um largo sorriso. Créditos: Acervo pessoal

Quando uma empresa privada diz que não pode contratar uma pessoa com deficiência porque isso acarretaria gastos não previstos, ou que não contrata porque não pode, “nesse momento”, capacitar os seus funcionários de RH para esse tipo de contratação.

Por aí vai, as desculpas, os pretextos e os argumentos, esfarrapados, são muitos e têm, até o momento, logrado convencer a sociedade que nossos direitos e nossa dignidade são secundários, terciários, melhor.

Temos muitos aliados, pessoas não deficientes, mas só uma, apenas uma coisa pode se contrapor, combater, efetivamente essa situação, que é política, social e histórica.

A mobilização, o movimento das pessoas com deficiência tem que ocupar esse espaço, político, social e histórico. Ninguém poderá, muito menos deverá, fazer por nós.

Por isso entrevistei 30 pessoas com deficiência, ouvindo e sentindo, cada uma das falas como minhas, cada uma das falas como nossas.

“Se não formos por nós, ninguém o será! Nada sobre nós, sem nós! 30 Vozes, 100 vozes, todas as nossas vozes!”

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