O ano 2022 inicia com a publicação da 11ª atualização da CID, agora chamada de CID-11; saiba mais sobre o que mudou.
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) é um rol instituído pela OMS – Organização Mundial de Saúde que objetiva padronizar e facilitar a identificação das doenças, bem como o monitoramento epidemiológico das patologias.
CID-11 e Gaming Disorder
É um mecanismo essencial para a medicina e profissionais da saúde por duas razões; primeiro, torna a comunicação universal já que a CID é aplicada em todos os lugares do mundo; segundo, o rol acompanha o desenvolvimento social e tecnológico na área de saúde, sofrendo atualizações constantes ↗.
Exemplo disso é a inclusão na CID da patologia chamada “gaming disorder”. E o que seria está nova doença?
Gaming disorder também pode ser nominada de “distúrbio em jogos eletrônicos”. Sim. A OMS catalogou o gaming disorder como uma patologia que altera o padrão de comportamento para um comportamento persistente ou recorrente que compromete a vida pessoal e social da pessoa.
Nada mais atual e necessário, concorda? É certo que a era da tecnologia também nos traz malefícios que precisam de cuidados e atenção, afinal precisamos cuidar na saúde mental, tão negligenciada, ultimamente.
Mais novidades e mudanças
Ainda como novidade, a CID-11 nos apresenta a Síndrome de Burnout. A OMS conceitua esta doença como resultado do estresse crônico no local de trabalho que não foi adequadamente gerenciado pelo empregador.
Assim, o reconhecimento do Burnout como doença trará várias implicações trabalhistas e previdenciárias, forçando às empresas ajustarem seus processos e procedimentos internos para evitar o adoecimento dos seus funcionários.
Outra importante alteração foi a retirada da transexualidade do rol de doenças mentais para o rol de saúde sexual e é classificada como “incongruência de gênero”.
Quanto ao autismo, a nova CID reuniu as síndromes do espectro autista em um único código objetivando facilitar diagnósticos e tratamentos. Em termos práticos, esta alteração mais atrapalha do que ajuda. O tempo nos dará as respostas.
Por fim, a CID-11 retirou a velhice do seu rol de doenças ↗, passando a constar como possível fator associado à causa de uma morte e não mais como a causa definida e registrada no diagnóstico médico.
Um breve histórico da CID
Base para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o mundo, a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) foi criada pela OMS em 1893 ↗. Inicialmente chamada de “lista internacional das causas de morte”, somente em 1940 foi lançada a versão com o nome conhecido atualmente.
Sua versão anterior, a CID-10 foi aprovada em 1990 através da 43ª Assembleia Mundial da Saúde. Quando a atual foi anunciada, a OMS divulgou que o documento já foi traduzido para 43 idiomas, permitindo sua utilização por todos os Estados Membros.
À época, o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus falou porque a CID é um produto do qual a Organização se orgulha ↗:
“Ela nos permite entender muito sobre o que faz as pessoas adoecerem e morrerem e agir para evitar sofrimento e salvar vidas”
É através da CID que se determina a classificação e codificação das doenças e da variedade de sinais, sintomas, circunstâncias sociais e causas externas de danos. A cada estado de saúde é atribuída uma categoria que corresponde a um código com até 6 caracteres, sendo que cada categoria pode incluir um conjunto de doenças semelhantes.
Há mais de uma década em desenvolvimento, a CID-11 fornece melhorias significativas em relação às versões anteriores. Pela primeira vez, é completamente eletrônica e possui um formato que facilita seu uso, com cerca de 55 mil códigos para lesões, doenças e causas de morte, enquanto a versão anterior possui 14,4 mil.
Revisado para refletir o progresso nas ciências da saúde e na prática médica ↗, o documento fornece uma linguagem comum que permite aos profissionais de saúde compartilhar informações de saúde em nível global.
Advogada, Pós-Graduada em Direito da Saúde e Médico, Direito do Trabalho e Previdenciário, Direito Inclusivo da Pessoa com Deficiência e em Bioética/Biodireito. Especialista em Direito Constitucional pela Universidade de Pisa, Itália. Atuante como consultora jurídica para as Associações AAME - Amigos da Atrofia Muscular Espinhal e DONEM - Associação das pessoas com doenças neuromusculares.
Pingback: Síndrome de Asperger na infância: Conheça sintomas, diagnóstico e tratamentos » Jornalista Inclusivo
Pingback: Projeto Pride: OIT vai capacitar e incluir 300 pessoas trans no mercado de trabalho formal - Últimas Notícias