“Representar a seleção brasileira paralímpica é uma honra e a realização de um sonho”
A mesa-tenista Jennyfer Parinos, de 25 anos, diagnosticada com raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X (XLH), disputará os Jogos Paralímpicos de Tóquio
Com a proximidade dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, entre 24 de agosto e 5 de setembro, no Japão e, aproveitando o Dia da Conscientização sobre o Raquitismo Hipofosfatêmico Ligado ao X (XLH), celebrado em 23 de junho, o site JI apresenta um pouco da história da mesa-tenista Jennyfer Marques Parinos.
“Minha família sabia que tinha algo diferente quando completei 1 ano e meio de idade. Assim que aprendi a andar, comecei a sentir muitas dores e reclamava bastante levando as mãos aos joelhos.” Ainda muito criança para entender o que significava ter uma doença rara, Jennyfer Parinos, hoje com 25 anos, aprendeu a ignorar o bullying, superou-se física e mentalmente e, hoje, representa a Seleção Brasileira Paralímpica de tênis de mesa.
Nascida na baixada santista, a jovem paratleta conta como foi o processo de conhecimento da doença e como foi sua infância após o diagnóstico. “Assim que identificamos a dor, minha mãe iniciou a procura por uma explicação. Foram 19 ortopedistas, até ser diagnosticada com raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X (XLH), na Santa Casa de São Paulo. Minha infância, após o diagnóstico, foi normal. Sempre fui muito ativa, gostava de brincar, e nunca fui limitada de praticar atividades físicas. A única parte difícil de encarar, eram os olhares e o bullying”, declara Jennyfer.
Abaixo está a pequena Jennyfer, em post do Dia das Crianças (2019), no Instagram:
Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia da Jennyfer, quando criança, publicada em seu Instagram, em homenagem ai Dia das Crianças (2019). Ela está sentada em um banco, com as pernas cruzadas e sorrindo. Usa tênis All Star Cano Alto preto, vestido macaquinho azul e camiseta manga longa branca. Créditos: Reprodução
O raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X é uma doença genética e hereditária que se manifesta com baixos níveis de fósforo mineral e vitamina D, necessários para a formação dos ossos e dentes, para a composição do DNA e produção de energia no organismo. Conhecida também como XLH – iniciais da enfermidade em inglês (X-linked hypophosphatemia), a condição tem como principais sintomas a deficiência do crescimento, alargamento dos punhos, joelhos e tornozelos, dor nos membros inferiores, fraqueza muscular e pernas arqueadas.
“Minha vida mudou em 2009, aos 13 anos, enquanto eu brincava no salão de jogos do prédio onde morava. Uma vizinha, que também era mesa-tenista, me parou e disse que eu levava jeito para o esporte, me convidando para acompanhá-la em um treino. Desse dia em diante, me apaixonei pela modalidade e não parei mais. Comecei a ter muitos resultados nas competições pelo Brasil e em 2013 fui convocada para a Seleção Paralímpica Brasileira“, conta a atleta.
No último dia 5 de junho, a mesa-tenista brasileira, medalhista paralímpica por equipes nos Jogos Rio 2016, conquistou uma vaga para as competições de tênis de mesa dos Jogos Paralímpicos de Tóquio e se tornou a 11ª atleta paralímpica brasileira a se classificar para a competição.
Na ocasião, segundo informações da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) ↗, Jennyfer garantiu a vaga ao vencer na Seletiva Mundial de tênis de mesa, em Lasko, na Eslovênia. A vitória, na classe 9 feminina, foi em cima da ucraniana Iryna Shynkarova na decisão, por 3 a 0. Somente um atleta de cada classe conquistava a vaga direta nos Jogos.
“Treinei bastante para essa seletiva, tanto mentalmente, quanto tecnicamente, e dei o meu melhor. Fiquei muito feliz com essa vaga, será minha segunda Paralimpíadas e espero conseguir outra medalha em Tóquio!”, finaliza Jennyfer.
Para os pacientes recém-diagnosticados e para os que, assim como ela, convivem com o XLH há bastante tempo, Jennyfer aconselha: “não se diminua ou delimite sua forma de viver. Podemos absolutamente tudo. Aprendi a ignorar o bullying, os olhares e os comentários e conquistei uma posição na Seleção Brasileira Paralímpica. É uma honra e a realização de um sonho, sou muito feliz e dou meu máximo todos os dias para continuar dando orgulho para meu país.”
Os planos para o futuro da jovem paratleta é continuar treinando e se dedicando ao tênis de mesa, se formar no curso de nutrição, que iniciou em 2020, além de, mais para frente, casar e ter filhos, seu grande sonho.
O XLH é uma condição crônica e não tem cura. Porém, o tratamento e o acompanhamento médico contínuo proporcionam uma melhor saúde e qualidade de vida para o paciente e seus familiares. Diante de qualquer suspeita, procure um especialista para a investigação adequada e o encaminhamento correto.
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