IA Generativa na América Latina: Brecha digital desafia milhões de empregos

Trabalhador em frente a monitores de computador com texto sobreposto que diz Impactos da IA Generativa na América Latina.

Descrição da imagem: Trabalhador em frente a monitores de computador, na Colômbia, com texto sobreposto que diz "Impactos da IA Generativa na América Latina". (Foto: OIT/editada)

Inteligência Artificial Generativa poderia transformar milhões de empregos na América Latina e Caribe, mas brecha digital impõe desafios.

Genebra, 31 de julho de 2024 – Segundo um novo estudo da Organização Internacional do Trabalho e do Banco Mundial, até metade dos empregos na região, para os quais a Inteligência Artificial Generativa (IAGen) poderia melhorar a produtividade – cerca de 17 milhões – é afetada por lacunas no acesso digital e na infraestrutura. O documento mostra onde a falta de acesso a tecnologias digitais é uma barreira para aproveitar os benefícios da IAGen.

Neste artigo

Boa leitura!

Impactos da IA Generativa na América Latina

A Inteligência Artificial Generativa poderia transformar significativamente os empregos e aumentar a produtividade na América Latina e no Caribe, mas as lacunas existentes na infraestrutura digital poderiam prejudicar seus benefícios potenciais, de acordo com um novo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Banco Mundial.

O relatório “A IA Generativa e os empregos na América Latina e no Caribe: a brecha digital é um amortecedor ou um gargalo? ” (em inglês “Buffer or Bottleneck? Employment Exposure to Generative AI and the Digital Divide in Latin America”) conclui que entre 26% e 38% dos empregos na região poderiam ser influenciados pela IAGen. 

No entanto, é mais provável que a tecnologia aumente e transforme os empregos, em vez de os automatizar totalmente. Especificamente, entre 8% e 14% dos empregos poderiam ver a sua produtividade melhorada graças à IAGen, enquanto apenas entre 2% e 5% correm o risco de automatização total.

Desigualdades e Riscos de Automação

O estudo revela que as mulheres, bem como os trabalhadores urbanos, mais jovens e qualificados nos setores formais, enfrentam maiores riscos de automação por parte da IAGen, o que poderia agravar as desigualdades econômicas regionais e a informalidade.

Os potenciais benefícios transformadores da IAGen sobre os empregos são distribuídos de forma mais equitativa entre os trabalhadores em termos de gênero e idade, mas continuam a ser mais propensos a afetar os empregos formais nas zonas urbanas e que estão ocupados por trabalhadores com mais educação e renda mais elevadas. Os trabalhadores assalariados e autônomos, como vendedores, arquitetos, educadores, profissionais de saúde ou de serviços pessoais, têm maior probabilidade de se beneficiar dos efeitos transformadores da IAGen, de acordo com o estudo.

Brecha Digital na América Latina

No entanto, o estudo destaca uma exclusão digital significativa na região que pode impedir os trabalhadores e as trabalhadoras de aproveitarem plenamente os benefícios potenciais da Inteligência Artificial Gerativa. Isto poderia afetar cerca de metade dos empregos que poderiam ter maior produtividade com esta tecnologia, correspondendo a 7 milhões de empregos para mulheres e 10 milhões de empregos para homens na região (17 milhões no total), estima o relatório.

Breve Resumo dos Impactos

  • Exclusão Digital: A falta de acesso a tecnologias digitais impede que muitos trabalhadores aproveitem os benefícios da Inteligência Artificial Gerativa (IAGen).
  • Impacto na Produtividade: Quase metade dos empregos que poderiam ser mais produtivos com IAGen são afetados pela exclusão digital.
  • Distribuição de Gênero: A exclusão digital afeta aproximadamente 6,24% dos empregos ocupados por mulheres e 6,22% dos empregos ocupados por homens.
  • Setores Mais Afetados: Os setores de educação, saúde e serviços pessoais são os mais impactados pela falta de acesso a tecnologias digitais.

Produtividade e Desigualdade Social

A perda de produtividade potencial devido a esta lacuna no acesso digital teria o maior impacto sobre os trabalhadores que vivem em condição de pobreza. Por exemplo, no Brasil, embora 8,5% dos trabalhadores e das trabalhadoras mais desfavorecidos pudessem se beneficiar da IAGen, apenas 40% deles poderiam fazê-lo porque utilizam tecnologias digitais no trabalho.

“A gestão eficaz dos impactos da Inteligência Artificial Generativa requer um diálogo social sólido e inclusivo que reúna todas as partes interessadas. Ao promover conversas significativas entre decisores políticos, líderes da indústria, trabalhadores e sindicatos, podemos garantir que o poder transformador da IA seja aproveitado de forma responsável, abordando as necessidades de todos os trabalhadores e, ao mesmo tempo, mitigando os riscos associados à mudança tecnológica”, afirmou Ana Virginia Moreira Gomes, diretora Regional da OIT para a América Latina e o Caribe.

“Numa região onde o crescimento é baixo, a desigualdade permanece inaceitavelmente elevada e uma em cada quatro famílias ainda vive na pobreza, é fundamental melhorar a produtividade e a qualidade do emprego”, afirmou William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe.

“Quando implementadas de forma sustentável, as tecnologias digitais, incluindo a IAGen, podem aumentar a produtividade e a criação de mais e melhores empregos. No entanto, para aproveitar estas oportunidades, é vital que os países da região invistam na conectividade e nas competências, reforçando simultaneamente os sistemas de proteção social para garantir que ninguém fique para trás.”

Ações Recomendadas para Aproveitar a IAGen

A pesquisa recomenda diversas ações-chave na região e a necessidade de uma abordagem colaborativa para aproveitar plenamente o potencial da IAGen e, ao mesmo tempo, mitigar os riscos associados:

  1. Implementar programas de aprendizagem ao longo da vida para mitigar a perda de empregos e melhorar a produtividade.
  2. Fortalecer as competências básicas dos trabalhadores e das trabalhadoras para aumentar a produtividade e a criatividade com a IAGen.
  3. Melhorar os sistemas de proteção social para estabilizar as transições e abordar as disparidades de gênero.
  4. Melhorar a infraestrutura digital e incentivar a adoção de tecnologias digitais.
  5. Ajudar os trabalhadores e as trabalhadoras do setor informal na sua transição para o setor formal para melhorar as suas possibilidades de se beneficiar da IAGen.

Saiba como acessar o estudo

Confira a íntegra do documento de trabalho conjunto OIT-Banco Mundial, com opção de download gratuito do estudo, em formato PDF (em inglês), logo abaixo:

IA Generativa e Empregos na região da América Latina e do Caribe: o fosso digital é um amortecedor ou um gargalo?

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