Filme com atriz surda vai a festival em Fortaleza

Pessoa segura bolo com velas de 35 anos, rodeada por amigos. Cena do filme "Nem Toda História de Amor Acaba em Morte", protagonizado pela atriz surda Gabriela Grigolom. (Créditos: Beija Flor Filmes)

Legenda descritiva: Pessoa segura bolo com velas de 35 anos, rodeada por amigos. Cena do filme "Nem Toda História de Amor Acaba em Morte", protagonizado pela atriz surda Gabriela Grigolom. (Créditos: Beija Flor Filmes)

“Nem Toda História de Amor Acaba em Morte”, com Gabriela Grigolom, quebra barreiras de representatividade e concorre a prêmios no 19º For Rainbow, em Fortaleza.

 

Fortaleza, agosto de 2025 – O cinema brasileiro alcança um importante marco de inclusão com o longa-metragem “Nem Toda História de Amor Acaba em Morte”, a primeira produção nacional protagonizada por uma atriz surda, Gabriela Grigolom. O filme foi selecionado para a Mostra Competitiva do 19º For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero e será exibido no dia 24 de agosto, no Centro Dragão do Mar. A obra destaca a urgência por representatividade autêntica em um país com mais de 2,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência auditiva, segundo dados preliminares do Censo 2022, divulgados recentemente pelo IBGE .

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A seleção do filme para o 19º For Rainbow, festival que acontece de 22 a 29 de agosto, não celebra apenas a qualidade da obra, mas seu pioneirismo. Dirigido por Bruno Costa, o longa aborda uma lacuna histórica no audiovisual. Embora a comunidade surda no Brasil seja expressiva, sua presença nas telas, especialmente em papéis de destaque, ainda é mínima. Produções que investem no protagonismo de artistas com surdez são raras e essenciais para a construção de um imaginário social que reflita a diversidade do país. O filme, portanto, não é apenas ficção; é um ato político que desafia o status quo e abre portas para novas vozes.


A Trama: Amor, Conflitos e Inclusão

Gabriela Grigolom interpreta Lola, uma jovem negra e surda, diretora de uma companhia de teatro que luta para manter seu espaço artístico. A trama se desenvolve a partir do romance inesperado entre Lola e Sol (Chiris Gomes), a professora de sua filha. Sol, fluente em Libras, encontra em Lola uma conexão profunda, mas o relacionamento floresce em um cenário complexo, já que Sol ainda divide a casa com seu ex-marido, Miguel (Octávio Camargo).

Além do arco romântico, o filme lança luz sobre as barreiras cotidianas enfrentadas por pessoas surdas em uma sociedade majoritariamente ouvinte. A personagem de Lola vivencia preconceitos que se manifestam não apenas pela surdez, mas também pela homofobia, adicionando camadas de profundidade à discussão sobre interseccionalidade.

“É uma comédia dramática leve e divertida, que valoriza a arte do amar e que apresenta ao público novas possibilidades do amor, levando muita representatividade para a tela e também fora dela.”

Bruno Costa, cineasta

Bastidores Acessíveis: Uma Produção Plural

O compromisso com a representatividade transcendeu a escalação da protagonista. A produção contou com mais de 30 figurantes surdos e sete outros atores com surdez. Para garantir um ambiente de trabalho inclusivo, o intérprete de Libras e consultor Jonatas Medeiros foi integrado à equipe como assistente de direção, sendo crucial para construir uma comunicação plural no set.

“Desde o início do processo, tínhamos em mente que a produção não se tratava apenas de acessibilidade, mas de representatividade”, afirma o diretor Bruno Costa. Esse princípio se reflete na inovadora abordagem da tradução em Libras do filme: em vez da tradicional janela única, a produção designou intérpretes específicos para cada personagem, que foram integrados esteticamente à cena, transformando a interpretação em um elemento da linguagem cinematográfica.

Trajetória de Sucesso em Festivais

Antes mesmo de sua exibição no For Rainbow, “Nem Toda História de Amor Acaba em Morte” já acumula cinco prêmios em oito seleções, incluindo Melhor Filme pelo Júri Popular no CINE PE e Melhor Roteiro no CineRO. No 19º For Rainbow, o longa concorre em dez categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção.

Produzido pela Beija Flor Filmes , produtora com 20 anos de experiência em narrativas autênticas da comunidade LGBTQIA+ e de outros grupos sub-representados, o filme tem distribuição da Elo Studios e previsão de estreia nos cinemas em 2026.

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