A precisão necessária para conquistar o pódio em Tóquio
Nesta nova edição, Murilo Pereira compartilha conhecimentos sobre três Paradesportos que envolvem a precisão nos alvos paralímpicos
Como telespectadores, estamos habituados com esportes de velocidade e que utilizam a força em suas disputas. No entanto, as modalidades dominadas pela concentração e precisão também podem entregar um alto grau de emoção. Hoje, falaremos do Tiro com Arco Paralímpico, Tiro Esportivo Paralímpico e a Bocha Paralímpica.
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As armas não são somente sinônimos de violência. No universo do Esporte Adaptado ↗, elas protagonizam duas atividades tradicionais para o Brasil. No caso do Tiro com Arco Paralímpico, ele abrange várias deficiências: amputados, paralisados, paralisados cerebrais, doenças disfuncionais e progressivas e lesionados da coluna. Esses praticantes são divididos em três grupos:
- ARST, envolvendo pessoas sem deficiência nos braços, mas com limitações leves nas pernas, que podem atirar em pé ou sentados;
- ARW1, com participantes que tem deficiências nos braços e pernas, com limitação de movimento e pouco ou nenhum controle de tronco;
- ARW2, para indivíduos que necessitam do uso diário de cadeira de rodas, competindo juntamente com o ARST.
As regras de jogo são as mesmas da versão olímpica, sendo que o alvo fica a 70 metros do atirador e seu diâmetro é de 1,22 m. Dentro dele, existem 10 círculos, os quais têm uma pontuação específica. O mais externo vale um ponto e o central vale 10 pontos. No Brasil, alguns dos principais praticantes do Tiro com Arco são: Helcio Perillo (que também pratica o Tiro Esportivo/foto acima) e Jane Karla Rodrigues.
Além dos arcos, outro equipamento que realiza disparos rumo às medalhas é a pistola. Ela é a ferramenta de trabalho no Tiro Esportivo Paralímpico. O Paradesporto abre espaço para pessoas com dificuldade de mobilidade das mais diversas formas, mas as separa em três classes funcionais, a fim de manter a lealdade esportiva:
- SH1, para os atiradores necessitam de apoio para sua arma;
- SH2, para aqueles que não precisam de auxílio;
- SH3, é exclusiva para atletas com deficiência visual.
Para as disputas, os atiradores usam pistolas ou carabinas, dependendo da distância do alvo, que pode ser de 10, 25 ou 50 metros. Todos os confrontos podem ocorrer em pé ou deitado. No Tiro Esportivo Brasileiro, algumas referências são: Alexandre Augusto Galgani e Geraldo Von Rosenthal (foto acima).
Outra modalidade que vem garantindo pódios seguidos para nosso país é a Bocha Paralímpica. Ela parte do mesmo princípio do esporte convencional: o de aproximar as bolas coloridas da bola alvo, sinalizada pela cor branca. As partidas podem acontecer de forma individual, em pares ou equipes. A prática engloba Pessoas com Deficiência Física, divididas em três categorias:
- BC1, para jogadores que conseguem lançar as bolas sem auxílio de objeto externo, mas que precisam de ajuda para locomover a cadeira de rodas ou pegar o material;
- BC2 é uma classe semelhante à anterior, mas os Paratletas não precisam de nenhum tipo de auxílio;
- BC3, aos competidores com maior nível de comprometimento e que, por isso, fazem o uso de uma calha para executar os lançamentos. Tal acessório é administrado pelo calheiro, um profissional que fica de costas para o jogo e comunica-se com o praticante apenas pelo gestual;
- BC4 é para os indivíduos com lesões não cerebrais e que também não precisam de ajuda para jogar. José Carlos Chagas (BC1), Maciel Santos (BC2), Evani Soares (BC3) e Eliseu dos Santos (BC4), são representantes da modalidade.
Símbolos de esperança no Esporte Paralímpico, nossos Paratletas irão com concentração total em cada movimento nas disputas em Tóquio, garantindo a permanência no topo das modalidades de precisão.
O Jornalista Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele é editor do "Prosa de Gol" (@prosadegol), nas redes sociais, e da página "Sem Barreiras" (@_sem_barreiras), esta última oriunda do seu blog, que também dá nome a sua coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões relacionadas a paralisia cerebral, acessibilidade e inclusão.