1º Edital para pesquisa em Autismo no Brasil: FAPESP e IJC anunciam vencedores

Jovem pessoa negra interage com um tablet, tocando na tela com ícones coloridos de um aplicativo de comunicação. (Foto: Gerada por IA)

Legenda descritiva: Jovem pessoa negra interage com um tablet, tocando na tela com ícones coloridos de um aplicativo de comunicação. (Foto: Gerada por IA)

Sete estudos receberão fomento para avançar em áreas como diagnóstico por IA, biomarcadores e intervenções para o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

São Paulo-SP, 28 de outubro de 2025 – A ciência brasileira dá um passo histórico no estudo do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação do Instituto Jô Clemente (CEPI-IJC) anunciaram os sete projetos vencedores do primeiro edital do país dedicado exclusivamente ao tema. As pesquisas, que terão início em 2026, focam em saúde, inclusão e no desenvolvimento de tecnologias para diagnóstico e acompanhamento de pessoas autistas.

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Um Olhar Sobre o Contexto: O Autismo em Números no Brasil

O primeiro edital para pesquisa em Autismo é iniciativa responde a uma demanda social crescente no país e globalmente. De acordo com dados do Censo 2022 do IBGE, divulgados em 2025 , o Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com autismo. Esse número, revelado pela primeira vez em um censo demográfico, dimensiona a importância de políticas públicas e de pesquisas científicas que possam gerar evidências para melhorar a qualidade de vida, o diagnóstico e a inclusão dessa população em todas as esferas da sociedade.

Conheça os Sete Projetos Inovadores

As propostas selecionadas abrangem temas de grande impacto e utilizam tecnologias de ponta. Os estudos vão desde a busca por biomarcadores do neurodesenvolvimento até o uso de Inteligência Artificial e rastreamento ocular como ferramentas de diagnóstico e intervenção. Confira os projetos contemplados:


  • Padrões de sono como biomarcadores em síndromes genéticas raras associadas ao TEA (Pesquisadora: Amanda Cristina Mosini – UNIFESP).
  • Identificação de disfunção motora no TEA usando Ressonância Magnética Funcional (Pesquisadora: Ana Paula Andrade Hamad – USP).
  • Implementação de intervenção mediada por pais para crianças autistas no sistema de saúde brasileiro (Pesquisadora: Elizabeth Shephard – USP).
  • Integração de dados e técnicas computacionais para auxílio ao diagnóstico do TEA (Pesquisadora: Fátima de Lourdes dos Santos Nunes Marques – USP).
  • Aprimoramento do diagnóstico e intervenção em adultos com TEA com rastreamento ocular (Pesquisadora: Graccielle Rodrigues da Cunha Asevedo – UNIFESP).
  • Investigação do ritmo de melatonina, sono e processamento sensorial no TEA (Pesquisadora: Luciana Pinato – UNESP).
  • Uso do rastreamento ocular da narrativa visual para entender a narrativa oral de crianças e adolescentes com TEA (Pesquisadora: Natalia Freitas Rossi – UNIFESP).
Menino interage com uma tela tátil sob o olhar de uma pesquisadora, em um cenário que representa estudos de diagnóstico e intervenção.
Descrição da imagem: Em uma sala iluminada, um menino de camiseta cinza está de perfil, concentrado em uma grande tela interativa. Ele aponta com o dedo para ícones coloridos, engajado em uma atividade. Atrás dele, uma mulher de blazer azul o observa, sorrindo. (Foto: Gerada por IA)

A Visão Institucional: Transformando Evidências em Práticas Inclusivas

Para Gustavo Schiavo, coordenador do CEPI do Instituto Jô Clemente, o resultado da chamada consolida o compromisso da instituição com a inovação e o impacto social. Ele destaca que o fomento a esses estudos é fundamental para que as descobertas científicas se transformem em ações concretas.

“Essas pesquisas refletem o compromisso do Instituto Jô Clemente (IJC) com a inovação na área do Transtorno do Espectro Autista (TEA), fortalecendo nossa missão de transformar evidências científicas em práticas inclusivas, acessíveis e sustentáveis. Cada avanço contribui diretamente para melhorar a qualidade de vida das pessoas com Autismo e de suas famílias.”

Gustavo Schiavo, coordenador do CEPI-IJC

Uma Parceria de Longa Data pela Ciência e Inclusão

Este edital exclusivo para autismo é o fruto mais recente de uma parceria que existe desde 2012 entre a FAPESP e o Instituto Jô Clemente. Juntas, as instituições já lançaram quatro chamadas públicas para fomentar a produção de conhecimento sobre Deficiência Intelectual, TEA e Doenças Raras, consolidando um ecossistema de pesquisa focado na inclusão e na qualidade de vida.

Para saber mais detalhes sobre o resultado, acesse a página oficial da FAPESP .

Sobre a FAPESP e o IJC

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é uma das mais importantes agências de fomento à ciência e tecnologia do Brasil e da América Latina. Criada em 1962, é uma fundação pública mantida pelo repasse de 1% da receita tributária do estado, o que garante autonomia e estabilidade para o financiamento de longo prazo. A FAPESP apoia projetos em todas as áreas do conhecimento, desde a pesquisa básica até a inovação em pequenas empresas (PIPE) e a pesquisa aplicada a políticas públicas, além de estimular a colaboração internacional. A seleção dos projetos é feita com base no mérito científico, por meio de um rigoroso sistema de avaliação por pares (peer review).

O Instituto Jô Clemente (IJC) é uma Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos que há 64 anos promove saúde e inclusão para pessoas com Deficiência Intelectual, Autismo e Doenças Raras. Suas frentes de atuação incluem a defesa de direitos, a disseminação de conhecimento por meio de pesquisa e inovação, e o fomento à educação e inclusão profissional. Pioneiro no Teste do Pezinho no Brasil, o IJC possui o maior laboratório de triagem neonatal do país e é referência no tratamento de doenças raras associadas. Seu site, ijc.org.br, é o primeiro do Brasil 100% acessível e com Linguagem Simples.