Fonoaudióloga apresenta guia com dicas rápidas para identificar a perda auditiva em crianças nas primeiras fases da vida; “Apesar do teste da orelhinha, é importante acompanhar o desenvolvimento auditivo”.
Será que o desenvolvimento do meu filho está adequado para a idade? Está é uma das perguntas mais comuns entre os pais de crianças até 5 anos de idade, de acordo com a fonoaudióloga Andrea Soares ↗. Para entender melhor como está o desenvolvimento da criança é importante prestar atenção na linguagem e na fala:
“Cada fase dos pequenos traz novas aquisições para seu desenvolvimento por meio dos estímulos sensoriais”, explica a especialista em Audiologia, Mestre em Saúde da Comunicação humana na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSC-SP).
A audição, segundo a profissional, é um dos fatores que impacta de forma determinante a apreensão de mundo na fase infantil. Ela é a principal responsável pelo desenvolvimento da fala, uma das grandes preocupações dos pais. E da mesma forma, a audição é responsável por todo o processo de aprendizagem.
“Apesar do teste da orelhinha, obrigatório em todas as maternidades do país, atestar a audição da criança, é importante manter-se atento para acompanhar o desenvolvimento auditivo”, esclarece Andrea, que é sócia da Fonotom e da Clínica Imong.
Andreia diz que não é tão difícil assim perceber se o filho ouve bem, bastando prestar atenção em certos pontos, de acordo com cada fase da criança. Para ajudar, a fonoaudióloga e a Fonotom preparam um guia com dicas rápidas para identificar o correto desenvolvimento em cada fase da infância.
‘Como identificar os principais sinais que podem indicar perda auditiva em crianças?’
- Até um ano de vida
Nesta fase o principal é perceber se a criança reage de alguma forma a qualquer estímulo sonoro. Até completar os primeiros 3 meses de vida, o bebê deve se surpreender com sons altos, ter atenção ao som da voz e reagir com sorriso ou expressão no olhar ao ouvir a voz dos pais. Já entre 4 a 6 meses de idade o bebê começa a fazer sons com a boca, gritos diferentes para cada situação. Começa a procurar os sons com o olhar e fica atento a música ou brinquedos sonoros.
A partir dos 7 meses até 1 ano de idade o bebê começa a emitir algumas sílabas, como um balbuciar. Geralmente, começa com sons como “pa, ba, ma” e pode variar se ele está triste ou alegre. Nessa fase, ele começa a virar na direção dos sons e responder quando chamado pelo nome. Ele também passa a entender e responder frases simples como: não, vem aqui, quer mais. Na vontade de se comunicar, o bebê passa a usar gestos e sons para chamar atenção. Imita diferentes sons de fala e começa a tentar falar palavras como “mamã”. Nessa idade, a criança precisa reagir claramente aos sons, procurar a fonte sonora e olhar quando ouvir a voz dos pais.
- Segundo ano de vida
A partir de um ano de idade a linguagem começa a se estruturar de forma mais clara para a criança. Ela deve ser capaz de apontar partes do corpo quando você pergunta e realizar instruções simples como: “role a bola”, “manda beijo” ou “cadê o papai”. Aos poucos, seu vocabulário cresce e ele passa a conhecer o nome de objetos e animais. Como parte da curiosidade natural da idade, é nesta fase que surge a pergunta “o que é isso?” e ele começa a juntar duas palavras como, “quero água”. “Vale lembrar que o estímulo dos pais nesta idade é muito importante para que a criança se comunique mais e melhor” – reforça Andréa Soares.
- Entre os 2 e 3 anos
Com a aquisição de linguagem, a criança passa a entender instruções simples em duas partes, como “Pegue a colher e coloque-a sobre a mesa”. Ela também passa a entender o significado de novas palavras rapidamente e busca repeti-las. Em geral, a criança adota uma palavra que usa com frequência e passa a usar duas ou três palavras para pedir coisas.
- A partir dos 3 anos
Com a linguagem mais estruturada e com uma melhor apreensão do mundo que a cerca a criança começa a aprender mais palavras e conceitos. Nesta fase ela passa a conhecer cores, formas e palavras para a família como: vovô, tia, irmão. Usa pronomes como eu, vocês, eles e usa o plural em palavras. Ela já consegue formar frase com 4 palavras e consegue contar resumidamente como foi seu dia na escola, por exemplo.
- Até os 5 anos
O poder de abstração fica maior e ela consegue elaborar frases um pouco mais complexas. Aos poucos, a criança passa a entender variáveis de tempo, como ontem, hoje ou amanhã. Compreende frases longas com mais de uma tarefa, como: “escove os dentes e depois coloque o pijama”. E passa a entender instruções de tarefas simples da escola, como “desenhe um círculo” ou “pinte o gatinho”.
- A partir dos 5 anos
Com a aquisição da fala praticamente completa, a criança já deve conseguir falar palavras com todos os sons da fala. Nesta fase é natural que ela cometa pequenos erros, em sons ou palavras mais difíceis e desconhecidas para ela. Com a fala mais elaborada, os pequenos adquirem a capacidade de contar histórias e manter conversas. Uma boa dica é estimular a fala. Converse com ela, mostre objetos na rua, monte frases e incentive que forme frases para conseguir o que quer.
Se o filho não se encaixa no que foi dito acima, pais não precisam se preocupar! É comum que as crianças desenvolvam seu próprio ritmo. Por isso, é válida a consulta com um profissional especializado. Na dúvida, leve a criança ao médico otorrino e ao profissional de fonoaudiologia, para realização de exames e, se for o caso, um tratamento adequado. “A avaliação audiológica é um exame simples, capaz de detectar qualquer nível de perda auditiva e de indicar os melhores tratamentos para cada caso”, explica a fonoaudióloga da Fonotom.
Vale lembrar que é fundamental o acompanhamento pediátrico e que crianças são diferentes entre si. Manter a boa saúde da criança e consultas regulares ajuda a diagnosticar e tratar o problema. Quanto mais cedo a perda auditiva for detectada, mais simples é o tratamento e menor o impacto para o desenvolvimento da criança.
A melhor maneira de identificar o problema é brincar, conversar e interagir com o filho. Ele, com certeza, vai gostar muito de ter os pais por perto!
Da Equipe de Redação
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