Transtorno Bipolar: 5 benefícios do tratamento da bipolaridade

Arte com foto em preto e branco e o texto verde: “30 de março, Dia Mundial do Transtorno Bipolar”, ilustrando os 5 benefícios do tratamento da bipolaridade.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto em preto e branco ilustrando os 5 benefícios do tratamento da bipolaridade. Centralizado à esquerda, na cor verde, o título: “30 de março, Dia Mundial do Transtorno Bipolar”. À direita, a fotografia de pessoa se contorcendo, com a mão esquerda em seu ombro direito, a mão direita nas laterais da cabeça e o antebraço tampando a boca. A pessoa tem cabelos crespos, os olhos com brilho verde e usa camiseta escura. (Foto: Edição/Jornalista Inclusivo. Créditos: Jakayla Toney/Unsplash)

Dia Mundial do Transtorno Bipolar: Especialista fala sobre diagnósticos e benefícios do tratamento da doença sem cura e com altos índices de suicídio

O dia 30 de março se tornou o Dia Mundial do Transtorno Bipolar em homenagem ao aniversário do pintor Vincent Van Gogh, que foi diagnosticado com transtorno bipolar. Trata-se de uma doença mental que representa um desafio significativo para os pacientes, profissionais de saúde, familiares e comunidades.

O objetivo do Dia Mundial do Transtorno Bipolar – popularmente conhecido como Bipolaridade – é chamar a consciência mundial para transtornos bipolares e eliminar o estigma social.

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    Boa leitura!

    O que é Transtorno Bipolar?

    De acordo com o Dr. Adiel Rios , Mestre em Psiquiatria pela UNIFESP e Pesquisador do Programa de Transtorno Bipolar do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IpQ-HCFMUSP); o transtorno bipolar é altamente incapacitante e está associado à mortalidade prematura. Uma taxa mais alta de doenças cardiovasculares comórbidas e taxas de suicídio explicam em grande parte a expectativa de vida reduzida.

    A doença é crônica, caracterizada pela recorrência de episódios de mania/hipomania e depressão, com prevalência estimada na população em torno de 1 a 2,4%. As manifestações clínicas geralmente aparecem no final da adolescência e início da fase adulta, o que leva a grandes deficiências, redução da expectativa de vida e altas taxas de mortalidade.

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    Como identificar o transtorno bipolar

    No episódio de mania, a pessoa apresenta aumento da energia, euforia, alegria intensa e felicidade fora do normal. Também apresenta ideias de grandeza, superioridade ou elevada autoestima e autoconfiança excessiva, que pode atingir um grau fora da realidade. O indivíduo pode apresentar também irritabilidade e impulsividade de forma exacerbada.

    “O pensamento fica acelerado, muitas ideias e projetos fluem simultaneamente ou numa sequência tão rápida que fica difícil entender sobre qual assunto a pessoa está falando”, explica o psiquiatra.

    Há diminuição da necessidade de sono, comportamento sexual excessivo, descontrole nos gastos e atitudes sem a percepção de sua inadequação. Fica agitado, eventualmente agressivo, distraído e totalmente desconcentrado. Segundo Adiel, a hipomania tem características similares ao de mania, mas os sintomas são mais brandos.

    Já o episódio de depressão se caracteriza por tristeza profunda, perda de interesse por tudo, pensamentos negativos (ideias de ruína, culpa, inutilidade, baixa autoestima) que podem ser intensos a ponto de configurar um delírio. Há modificações no sono: enquanto algumas pessoas têm insônia, outras apresentam hipersonia (dormem mais do que o habitual).

    Foto em preto e branco do rosto de mulher com olhar de tristeza, para ilustrar os 5 benefícios do tratamento da bipolaridade.
    Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto em preto e branco do rosto de mulher. Ela tem a pele branca com sardas no rosto e cabelos longos pretos. Está com olhar de tristeza. Sobre seu rosto foi adicionada uma camada de textura de concreto com rachaduras. (Foto: Reprodução. Créditos: Pablo Varela/Unsplash)

    Em relação ao apetite, pode haver aumento no consumo de alimentos como forma de aliviar a ansiedade. No entanto, a perda de apetite é mais comum neste quadro. Há também diminuição da libido, perda do prazer, fadiga excessiva e desinteresse por tudo:

    “A pessoa mal tem vontade de levantar da cama pela manhã ou não existe forças para realizar suas atividades básicas da vida diária”, ressalta o psiquiatra.

    A sequência de manifestação dos episódios maníacos/hipomaníacos e depressivos é variada, ou seja, não acontece, necessariamente, de forma alternada. Os eventos de hipomania e mania, assim como os de depressão, têm duração, em geral, de dias ou semanas.

    Relação com o suicídio

    O transtorno bipolar é uma das doenças psiquiátricas com maior índice de suicídios, ao lado da depressão. Segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, de 30% a 50% dos pacientes com o diagnóstico tentam o suicídio, sendo que cerca de 15% cometem o ato.

    No quadro agudo de euforia, a pessoa tem a sensação de que pode tudo, inclusive se colocar em situações de risco, podendo levar ao ato suicida. Já na depressão, a intensidade da angústia, da perda de interesse pela vida e dos pensamentos sempre negativos acaba chegando ao extremo do suicídio.

    “Por isso, no transtorno bipolar, detectar os sintomas e o risco de um quadro suicida é uma tarefa ainda mais complexa, pois tanto na fase depressiva quanto na euforia existe a possibilidade do paciente chegar ao ponto do suicídio”.

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    Diagnóstico

    O diagnóstico costuma ser bastante difícil e pode demorar em média 10 anos para ser estabelecido devido a tratamentos equivocados, ausência de comunicação entre os profissionais envolvidos, desconhecimento sobre como a doença se manifesta (seja pela falta de conhecimento como pela confusão dos seus sintomas com os de outros tipos de depressão), preconceito e autoestigmatização.

    O histórico do indivíduo é decisivo para o diagnóstico conclusivo, já que alterações de humor anteriores, episódios atuais ou passados de depressão, histórico familiar de perturbação do humor ou suicídio e ausência de resposta ao tratamento com antidepressivos alertam para o diagnóstico do transtorno bipolar.

    Foto em preto e branco de mulher em momento de crise.
    Descrição da imagem #PraCegoVer: Foto em preto e branco de mulher em momento de crise. Está com o pescoço flexionado para frente e a cabeça abaixada. Está com as mãos na cabeça e os dedos em garra. Tem os cabelos compridos presos em coque. Sobre seus braços e mãos foi adicionada uma camada de textura de concreto com rachaduras. (Foto: Reprodução. Créditos: Simran Sood/Unsplash)

    “A maioria dos pacientes não procura o psiquiatra na fase de hipomania, mas apenas quando entram em depressão. Se o diagnóstico não for exato, ou seja, se não houver uma maior investigação que aponte o transtorno bipolar, o uso de medicações antidepressivas, sem estabilização do humor, pode piorar o quadro”, pontua Adiel Rios.

    Causa e tratamentos

    Apesar de a doença se manifestar mais comumente no adulto jovem, ela pode acometer pessoas mais velhas, inclusive na terceira idade. Atinge ambos os sexos numa proporção semelhante e perdura a vida toda, ou seja, não tem cura, mas pode ser controlada.

    A causa exata do transtorno bipolar é desconhecida, mas estudos sugerem que o problema pode estar associado a alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores, como noradrenalina, serotonina e dopamina. Esse desequilíbrio reflete uma base genética ou hereditária para o transtorno. Há também fatores ambientais/externos, conhecidos como epigenéticos, como o uso de substâncias psicoativas (anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo).

    O tratamento depende da fase da doença. De acordo com o psiquiatra, os quadros maníacos/hipomaníacos são tratados com estabilizadores do humor, como o lítio, anticonvulsivantes e antipsicóticos. Já nos quadros depressivos podem ser antidepressivos devidamente associadas com estabilizadores do humor e por curto período, para evitar a ocorrência de um quadro maníaco/hipomaníaco.

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    “Os sintomas de depressão são a causa mais frequente de incapacidade, sendo que mais da metade dos pacientes em episódios depressivos não respondem adequadamente aos tratamentos disponíveis. Portanto, há uma necessidade urgente de tratamentos coadjuvantes, visando à remissão completa do transtorno”, afirma Adiel Rios.

    5 benefícios do tratamento da bipolaridade

    Segundo a ABRATA – Associação Brasileira de Familiares, Amigos e ‘Portadores’ de Transtornos Afetivos , a adesão aos tratamentos tem como importância:

    1. Redução das chances de recorrência de crises;
    2. Controle da evolução do transtorno;
    3. Redução das chances de suicídio;
    4. Redução da intensidade de eventuais episódios;
    5. Promoção de uma vida mais saudável.

    “O transtorno bipolar tem forte impacto na vida da pessoa e de seus familiares, comprometendo aspectos sociais, afetivos e profissionais. Na dúvida quanto à possibilidade de ter o transtorno bipolar, consulte o quanto antes um médico psiquiatra, que poderá fazer a avaliação dos sintomas, o diagnóstico e indicar o tratamento adequado”, finaliza o Dr. Adiel Rios.

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    Rafael F. Carpi

    Editor na Jornalista Inclusivo e na PCD Dataverso. Formado em Comunicação Social (2006), foi repórter, assessor de imprensa, executivo de contas e fotógrafo. É consultor em inclusão, ativista dedicado aos direitos da pessoa com deficiência, e redator na equipe Dando Flor e na Pachamen Editoria.

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