Tóquio 2020: A saúde mental dos atletas de elite

Arte de capa do artigo do “Especial Tóquio 2020: A saúde mental dos atletas”, com foto e o texto descrito na legenda.
Descrição da imagem #PraCegoVer: Arte de capa do artigo do “Especial Tóquio 2020: A saúde mental dos atletas”, com foto da atleta e o texto: Simone Biles, Saúde Mental nas Olimpíadas, e como a desistência da ginasta impactou no digital. Na imagem, a jovem medalhista é uma mulher negra, com cabelos presos com coque e olhando para baixo. Créditos: Divulgação / Decode

Simone Biles decidiu não disputar a prova individual geral da ginástica artística nas Olimpíadas de Tóquio 2020 para preservar sua saúde mental

Simone Arianne Biles é uma ginasta profissional dos Estados Unidos com um currículo impressionante: ao todo, a atleta já acumulou 6 medalhas olímpicas e 25 pódios em campeonatos mundiais. Por ser tão incrível, ela usa em seu collant, nas competições nacionais, uma cabra de cristais cravejados, batizada de Goldie, uma clara menção ao selo GOAT (Greatest Of All Time, ou ‘melhor de todos os tempos’). Porém, nas Olimpíadas de Tóquio, Simone se tornou uma figura ainda mais poderosa e aclamada, não por ter acumulado mais medalhas, mas por ter desistido delas para preservar sua saúde mental.  

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A Decode, empresa de client acquisition e consulting pertencente ao grupo BTG Pactual, encontrou dados que demonstram a gigantesca repercussão do ato corajoso de Simone dentro e fora das redes sociais.  

A saúde mental de atletas de elite  

Nas Olimpíadas de Tóquio, Simone estava cotada para nada menos do que 6 medalhas de ouro, ou seja, não era esperado que ela errasse quaisquer movimentos, ocupasse outro lugar além do alto pódio e, muito menos, que ela desistisse das provas. Mas, na última terça-feira de Julho, dia 27, depois de erros e uma nota insatisfatória para os altos padrões da atleta, a grande estrela decidiu sair das disputas das finais por times e individual geral da ginástica artística. Em uma coletiva de imprensa, Biles teria afirmado que os jogos têm sido estressantes e que, neste momento, sua prioridade era focar em sua saúde mental.  

Simone Biles, na prova final da trave nos Jogos Olímpicos Rio 2016

Descrição da imagem #PraCegoVer: Fotografia da atleta Simone Biles, na disputa dos Jogos Olímpicos Rio 2016. No momento da foto, a americana está saltando, de ponta-cabeças, no ar. Ela usa collant vermelho. Ao fundo aparece o logo Rio 2016. Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil , CC BY 2.0 , via Wikimedia Commons

Apesar de ser chocante ver uma atleta tão renomada desistir de uma competição tão significativa como as Olimpíadas, nem todo mundo sabe como é a realidade de alguém que vive do esporte. Geralmente, quando se trata de alto rendimento, a rotina do profissional do esporte está atrelada a horas e horas de treinamento intenso, uma pressão massiva por resultados grandiosos, privações de lazer e muitas outras coisas.  

Publicado em 2019, o documento “Mental Health in Elite Athletes: International Olympic Committee Consensus Statement”, ou ‘Saúde Mental em Atletas de Elite: Jogos Olímpicos Internacionais – Declaração de Consenso do Comitê’, divulgou dados importantes e interessantes sobre os efeitos psicológicos sofridos pelos atletas de diferentes modalidades.  Alguns dados do estudo revelam que: 

  • 68% dos atletas de elite podem desenvolver depressão ao longo da carreira 
  • 14% dos atletas de elite experienciam transtornos de ansiedade 
  • Atletas mulheres são duas vezes mais propensas a transtornos mentais do que atletas homens 
  • Sintomas de depressão são mais comuns em atletas de esportes individuais do que de esportes coletivos  

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Diante deste cenário, percebemos a importância de levantar discussões sobre a saúde mental dos esportistas. Inclusive, Biles não é a primeira atleta envolvida nestas Olimpíadas a ter sua trajetória interrompida pelo foco na saúde mental:

  • Naomi Osaka (a tenista japonesa desistiu de competir no torneio de Roland Garros e Wimbledon).
  • Tom Dumoulin (o cliclista holandês deixou a concentração onde treinava em janeiro).
  • Liz Cambage (a jogadora de basquete australiana desistiu de ir para Tóquio faltando um dia para a abertura).
  • Sha’Carri Richardson (desconvocada do time de atletismo dos EUA por uso de maconha, a corredora afirmou que fazia uso do entorpecente para se acalmar em momentos difíceis). 

“Eu sou mais que minhas realizações”

Na manhã de quinta-feira (29), Simone tuitou agradecendo as mensagens de amor e admiração de seus fãs. “A demonstração de amor e apoio que recebi me fizeram perceber que sou mais que minhas realizações e que a ginástica, eu nunca acreditei antes”, dizia o post. Segundo uma pesquisa realizada pela Decode, a atleta teria tido um aumento de 1,5 milhão de seguidores no Instagram após desistir dos jogos para prezar por sua saúde mental.  Além disso, no Twitter, 93% das menções que envolvem o caso, demonstram apoio a decisão da atleta e reiteram sobre a importância de se discutir o tema ‘saúde mental’.

EUA levam ouro na ginástica artística feminina; Brasil fica em 8º lugar (28262785214)

Descrição da imagem #PraCegoVer: A ginasta Simone Biles, com collant dos Estados Unidos, durante final em que levou medalha de ouro na disputa por equipes feminina nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Créditos: Agência Brasil Fotografias , CC BY 2.0 , via Wikimedia Commons

A atitude da ginasta também teve uma grande repercussão na mídia, uma vez que o volume de matérias publicadas sobre “Simone Biles” e “saúde mental” passou de 0 para 294 matérias, apenas entre os dias 26/07 e 29/07. A reação dos usuários no Facebook, a respeito dessas matérias, se dividiu da seguinte forma:

  • 4% dos usuários demonstraram raiva pelo assunto
  • 15% dos usuários satirizaram o assunto
  • 53% dos usuários demonstraram amor pelo assunto
  • 23% dos usuários demonstraram tristeza pelo assunto
  • 5% dos usuários se demonstraram surpresos com o assunto

Atletas profissionais são aqueles que vivem do esporte e são remunerados por isso. A profissão é digna de muita emoção e reconhecimento, mas é importante lembrar que a busca por resultados “impecáveis” tem seu preço. Para ser um atleta de ponta, é necessário muito mais do que habilidades físicas e a disciplina, o foco e a saúde mental são cruciais para qualquer um se manter nessa jornada.

Sobre a Decode

A Decode , empresa de client acquisition e consulting analytics pertencente ao grupo BTG Pactual, foi criada em fevereiro de 2019 e atualmente com mais de 100 colaboradores. Voltada para o mercado B2B, sua maior frente é a de aquisição de clientes, trabalhando com empresas como Banco Pan, BTG+, BTG Digital, Embracon, OdontoCompany, entre outros, e também oferece tecnologia para apurar tendências de mercado e desenvolver produtos e serviços de excelência para melhor experiência das pessoas, além de estudos para compreender fenômenos sociais e o comportamento do consumidor.  

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