Semifinalista do Solve for Tomorrow, Projeto Proximus usa sensores e notificação via Telegram para alertar cuidadores em casos de quedas, respondendo ao desafio do envelhecimento da população no Brasil.
Piracicaba (SP), 06 de outubro de 2025 – Em um Brasil que envelhece rapidamente, a tecnologia pode ser uma aliada fundamental no cuidado com a população idosa. Pensando nisso, um grupo de estudantes da Escola Técnica Estadual (ETEC) Coronel Fernando Febeliano da Costa, em Piracicaba (SP), desenvolveu o Projeto Proximus: um colete vestível que monitora os sinais vitais de pessoas idosas e notifica cuidadores ou familiares via Telegram em caso de emergências, como quedas. A iniciativa, que está entre as semifinalistas do programa Solve for Tomorrow, da Samsung, nasceu da preocupação de um aluno com sua avó e exemplifica como a inovação com propósito pode gerar soluções de grande impacto social.
O Desafio do Cuidado na População que Envelhece
O Projeto Proximus surge em um momento demográfico crucial para o Brasil. Dados do Censo 2022 do IBGE mostram que a população de 65 anos ou mais saltou de 7,4% em 2010 para 10,9% em 2022. As projeções indicam que, até 2030, o número de idosos superará o de crianças e adolescentes de até 14 anos. Esse cenário impõe desafios complexos para a saúde pública e para as famílias, especialmente no que diz respeito ao monitoramento de idosos que vivem sozinhos ou passam parte do dia desassistidos. “A comunicação com o público idoso já é mais difícil e, caso haja algum problema, pode haver dificuldade em informar alguém próximo, agravando seu estado de saúde no decorrer do tempo”, contextualiza o professor orientador do grupo, Marcos Anibal da Cunha.
Projeto Proximus: Inovação com Propósito Social
A solução desenvolvida pelos estudantes ataca diretamente esse problema. O sistema utiliza sensores de batimento cardíaco e um giroscópio (para detectar movimentos bruscos, como quedas), que enviam informações para um microcontrolador conectado à rede Wi-Fi. Em caso de alteração nos padrões ou detecção de um acidente, o sistema dispara automaticamente uma mensagem via Telegram para os contatos cadastrados.
Da preocupação com a avó à solução tecnológica: O Colete que Monitora Idosos
A ideia nasceu de uma necessidade real, quando um dos alunos compartilhou a situação de sua avó, que necessita de assistência 24 horas. A partir daí, o grupo, composto por três alunos e uma aluna do 2º ano do ensino médio, começou a desenhar a solução. Atualmente, eles trabalham no desenvolvimento do dispositivo vestível, que terá o formato de um colete, para integrar os componentes de forma confortável e discreta. “O projeto oferece esse cuidado mais próximo, principalmente para quem não tem a assistência de um cuidador 24 horas por dia”, explica o professor Marcos.

O Olhar dos Especialistas: Protagonismo Juvenil e Inovação
A iniciativa é um exemplo prático da metodologia STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), que estimula a resolução de problemas reais. Para Beatriz Cortese, Diretora Executiva do Cenpec, organização que coordena o Solve for Tomorrow no Brasil, o projeto é inspirador.
“Esse projeto é um exemplo inspirador de como a abordagem STEM e o trabalho por projetos podem gerar soluções reais e com impacto social. A equipe identificou um problema sensível e usou conhecimento técnico e criatividade para construir uma resposta tecnológica centrada no cuidado humano. Esse protagonismo juvenil e essa capacidade de inovar com propósito são justamente o que o Solve for Tomorrow busca fomentar.”
Beatriz Cortese, Diretora Executiva do Cenpec
Helvio Kanamaru, Diretor de ESG e Cidadania Corporativa da Samsung para a América Latina, destaca o caráter inovador da proposta. “Dispositivos vestíveis são, por natureza, tecnologias avançadas. E criar um modelo pensando nesse público específico, que vai além dos vestíveis desenvolvidos para práticas esportivas, mostra o olhar atento e estratégico desses jovens alunos para um público que demanda acolhimento diário e cuidados especiais”, afirma.
Além da Semifinal: O Impacto na Formação dos Alunos
Para o professor Marcos Anibal, a participação no programa tem sido uma ferramenta poderosa de engajamento. Ele relata que os estudantes estão profundamente envolvidos com a pesquisa e o desenvolvimento, aprimorando o trabalho em equipe e a capacidade de resolver problemas complexos, como a criação da parte física do colete, que está sendo feita do zero. A mentoria oferecida pelo programa também tem sido fundamental. “Situações que não foram pensadas enquanto equipe são frequentemente levantadas na mentoria e isso ajuda muito”, diz.
“Estão contentes por chegar à semifinal e muito unidos enquanto desenvolvem o projeto, compartilhando ideias e dividindo tarefas. A autoconfiança também aumentou. Eles acreditam no que estão desenvolvendo e encarando a responsabilidade que vem com esse reconhecimento.”
Marcos Anibal da Cunha, professor orientador