Paralimpíada de Tóquio Adiada

Paralimpíada de Tóquio Adiada

Descrição da Imagem #PraCegoVer: Fotografia ilustra artigo sobre Paralimpíada de Tóquio Adiada, mostrando duas pessoas usando máscara hospitalar. Elas têm cabelos longos e pretos, e vestem blusas de frio. Atrás delas está o símbolo dos Jogos Olímpicos, composto por cinco arcos entrelaçados, nas cores azul, amarelo, preto, verde e vermelho. Outra pessoa que está de costas, também aparece na imagem, em outro ponto. Fim da descrição  Foto: Reuters

“Sonho Adiado”, por Murilo Pereira

Por conta da pandemia do novo Coronavírus, os Jogos Olimpícos e Paralímpicos de Tóquio estão oficialmente remarcados para Agosto de 2021

Jogos Paralímpicos são quase que um sinônimo de paradesporto. Quando se pensa em esporte adaptado, a primeira imagem que vem à mente certamente é a do principal evento do ciclo Paralímpico, que assim como ocorre no Olímpico, tem uma extensão de quatro anos. Pois é, tinha. Isso porque a pandemia de Coronavírus provocou o adiamento dos jogos de Tóquio, que aconteceriam nesse ano para 2021, frustrando mais de 11 mil atletas e milhões de telespectadores. 

Paralimpíada de Tóquio Adiada
Descrição da Imagem #PraCegoVer: Fotografia ilustra artigo sobre Paralimpíada de Tóquio Adiada, mostrando a Arena carioca, onde aparece a quadra de basquete por completo, de sexta a sexta. A foto foi tirada do alto, de cima de uma das arquibancadas laterais. Há duas pessoas em cadeiras de rodas na quadra. Fim da descrição.  Foto: Cris Dissat

Esse ponto da frustração e ansiedade talvez seja um dos principais aspectos discutidos pelo Comitê Paralímpico Internacional (CPI), quando tomou-se a decisão juntamente com o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o governo japonês. 

O que acontece é que a maioria das pessoas que não estão habituadas com as competições paradesportivas não possuem a ampla visão de todo o caminho que se percorre até chegar no grande sonho de todo paratleta, que são as Paralimpíadas. São quatro anos lutando pela vaga, treinamentos de alto rendimento diários, o embate entre os principais competidores do planeta e, além de tudo, a necessidade de conciliar o desejo com o restante da rotina de uma vida corriqueira. 

Agora, coloque-se no lugar de alguém que conquistou essa vaga para a maior vitrine da carreira, vem lidando com a ansiedade por quase que os quatro anos completos e poucos meses antes de embarcar para seu sonho recebe a notícia de que ele está adiado por, no mínimo, mais um ano. Complicado, não?

Paralimpíada de Tóquio Adiada
Descrição da Imagem #PraCegoVer: Fotografia ilustra artigo sobre Paralimpíada de Tóquio Adiada, mostrando um paratleta da equipe de Halterofilismo, se preparando para levantar os pessoas. Na imagem aparece seu rosto, parte do uniforme verde, uma das mãos na barra, utilizando uma munhequeira. Os pessoa são nas cores vermelho e amarelo. Fim da descrição. Foto: ©Marco Antonio Teixeira/MPIX/CPB

Paralimpíada de Tóquio adiada: Obstáculo a ser superado

Para nos colocar um pouco dentro dessa vivência de Jogos Paralímpicos, o Jornalista Inclusivo conversou com Valdecir Lopes, Treinador Nacional de Halterofilismo Paralímpico e Treinador da AESA (Associação de Apoio aos Atletas e Paratletas de Itu e Região). Questionado sobre quais mecanismos adotar a fim de diminuir o impacto dessa ansiedade nos competidores, o educador Paralímpico ressaltou: 

“Um atleta de alto nível internacional que compõe uma Seleção Brasileira trabalhou muito para chegar até lá. Então, se eles pensam em estar entre os melhores do mundo, precisam superar qualquer dificuldade que possa surgir em todos os sentidos”. 

Tratando de Paralimpíadas e de outras competições que pertencem à primeira prateleira do Paradesporto, Valdecir pode falar com propriedade. Ele marcou presença nos Jogos Paralímpicos de Londres, na Rio 2016, nos Jogos Parapanamericanos do México em 2011, de Toronto em 2015 e de Lima de 2019. Inclusive, nessa última competição a equipe brasileira de Halterofilismo obteve o melhor resultado de sua história em Jogos Parapanamericanos.

Paralimpíada Equipe Halterofilismo - Lima 2019 - Valdecir
Descrição da Imagem #PraCegoVer: Fotografia mostra a equipe brasileira de Halterofilismo com Valdecir Lopes, Treinador Nacional de Halterofilismo Paralímpico e Treinador da AESA (Associação de Apoio aos Atletas e Paratletas de Itu e Região). Sobre um palco na cor lilás, a equipe que obteve o melhor resultado de sua história em Jogos Parapanamericanos, está reunida e uniformizada celebrando o resultado das competições. E logo a frente há uma placa azul no chão escrito Lima 2019. Atrás da equipe, no alto, tem um telão. Nas laterais tem os logos da categoria de Halterofilismo, o texto em inglês Americas Paralympic Commitee (que em português significa Comitê Paraolímpico das Américas). Os integrantes da equipe seguram três bandeiras do Brasil. Fim da descrição. Foto: Arquivo pessoal Valdecir Lopes/ Reprodução

Politicamente, a nova data dos Jogos gera uma série de questões para além do âmbito esportivo. Uma das principais é que várias instalações que serão utilizadas para a realização das disputas, precisaram passar por renegociação de contrato. O caso mais evidente foi o que envolveu a Vila Olímpica, que já estava com os apartamentos que serão ocupados pelos competidores, vendidos em 2021, o que ocasionou um desgaste relativamente grande entre as partes envolvidas. Contudo, o CPI  garante todas as estruturas necessárias para que sejam feitas as Paralimpíadas com o padrão de sempre e divulgou que os jogos acontecerão entre 24 de agosto e 05 de setembro de 2021. 

Apesar do adiamento, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos seguem com o nome de Tóquio 2020. A opção do Comitê Olímpico Internacional (COI) e do Comitê Organizador foi manter a identidade visual já usada desde 2013, quando a cidade foi escolhida como sede, e garantir que todos os produtos já adquiridos não percam a validade.

Picture of Murilo Pereira

Murilo Pereira

Cursando a faculdade de Jornalismo, Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele administra, nas redes sociais, as páginas "Vem Comigo" e "Sem Barreiras", este último oriundo do seu blog que dá nome a coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões.

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