Descrição da imagem #Pracegover: Três paratletas, vestindo uniforme verde e amarelo da Seleção Brasileira de Rugbi em Cadeira de Rodas, disputam uma bola branca que está no ar. A imagem foca o jogador que está de costas para a câmera, usando a camisa quatro e com o nome Brasil logo acima, em branco. Fim da descrição | Foto: Ale Cabral/ CPB
Conheça mais sobre uma das modalidades paralímpicas mais eletrizantes e ao alcance de muitas pessoas com deficiência que usam cadeiras de rodas
Os esportes americanos vêm conquistando, nos últimos anos, o coração do brasileiro. Um motivo evidente é, sem dúvidas, o ritmo frenético que a maioria dessas modalidades trazem. Exemplificando a afirmação, está o Rúgbi. Seus amantes ficam totalmente enlouquecidos com aquelas arrancadas que parecem demorar décadas, com as divididas que não podem ultrapassar um milímetro a mais sequer e com a euforia máxima proporcionada por cada ponto.
Boa leitura!
Rugbi em CR
Tudo isso que foi dito por mim na introdução, certamente não será nenhuma novidade para uma boa parcela dos leitores. O que fica ocultado, na verdade, é que toda essa experiência está sim ao alcance das pessoas com deficiência. Falo do Rúgbi em Cadeira de Rodas, uma das modalidades paralímpicas mais eletrizantes que já tive o prazer de assistir.
Desenvolvido por tetraplégicos, o esporte teve suas primeiras disputas na década de 1970, em Winnipeg, no Canadá. Contudo, o Rúgbi em CR foi incluso no quadro paralímpico somente nos Jogos de Sidney, Austrália, em 2000. Na ocasião, a medalha de ouro acabou com a equipe dos Estados Unidos, seguida pela anfitriã Austrália e Nova Zelândia, respectivamente.
Rúgbi em CR x Rúgbi convencional
Similar à versão convencional, o esporte adaptado carrega como principal característica o contato físico entre os paratletas. Quando se diz físico, os confrontos não envolvem só os membros dos jogadores, mas quase sempre também as cadeiras de rodas, uma vez que essas são a extensão do corpo deles.
Na prática, o grande objetivo do Rúgbi em CR é ultrapassar, com as duas rodas da cadeira, a linha do gol, que fica no fim da quadra adversária, segurando a bola com as duas mãos. Cada equipe é composta por quatro participantes e oito reservas, podendo ser mista na questão de gênero. Quem estiver com a posse da bola poderá permanecer com ela no colo por, no máximo, dez segundos. Depois, o jogador é obrigado a quicá-la no chão. Uma partida é formada por quatro períodos de oito minutos.
As Cadeiras de Rodas do rúgbi
Tão protagonistas quanto os paratletas, as cadeira de rodas roubam a cena nas quadras. Oficialmente, elas precisam obedecer a algumas especificações básicas para serem utilizadas nos jogos, como largura, altura e outros mecanismos de segurança os quais garantem a integridade física de todos na disputa. Uma exigência também é que o instrumento de trabalho não possua dispositivos que proporcionem vantagens mecânicas a algum jogador.
Um esporte democrático
Outra curiosidade que torna o Rúgbi em CR um esporte abrangente quando fala-se em tipos de deficiência, é o fato de que ele é capaz de englobar indivíduos com lesões distintas. Por isso, ficou estabelecido um sistema internacional de classificação, a fim de garantir o equilíbrio entre as equipes de qualquer partida.
Em outras palavras, existe uma escala que varia de acordo com o grau de comprometimento do participante. Nesse cenário, a comissão técnica tem um teto de pontos que pode atingir na hora de escalar seus quatro titulares. Geralmente, todas as táticas e estilos de jogo são pensados com base em tal limite que o time fica impedido de superar.
Não é exagero. O Rúgbi em CR, como é possível concluir a partir desse artigo, é completamente apaixonante. Se você, leitor, considera que possa enquadrar-se no esporte, o conheça mais a fundo. Vale a pena demais. Mas se jogar não é a sua praia, simplesmente assista e, em poucos minutos, as rodas tortas irão prender sua atenção de um modo ímpar.
Conheça ainda mais sobre esse esporte, suas regras e classificação funcional, no site do Comitê Paralímpico Brasileiro ↗.
O Jornalista Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele é editor do "Prosa de Gol" (@prosadegol), nas redes sociais, e da página "Sem Barreiras" (@_sem_barreiras), esta última oriunda do seu blog, que também dá nome a sua coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões relacionadas a paralisia cerebral, acessibilidade e inclusão.